TEIXEIRINHA NA TV
>> 19 de mar. de 2008
Rádio, cinema e disco são assuntos característicos na carreira de Teixeirinha. O que nem todos sabem ou se lembram é que o cantor também andou se arriscando pela televisão. E, como veremos a seguir, ele até que era bem requisitado pela “caixinha mágica”.
Não há uma data precisa da primeira aparição de Teixeirinha na TV. O que se sabe, entretanto, é que ele foi convidado a apresentar-se nela a partir do fenômeno “Coração de Luto”, no início da década de 1960. Por esta época, a TV Record de São Paulo (canal 7) batia de frente com as poderosas Tupi e Excelsior quando o assunto era audiência. Enquanto estas duas investiam pesado em telenovelas, a Record experimentava uma outra estratégia, destacando-se na transmissão de eventos esportivos e, principalmente, de programas musicais.
Não há uma data precisa da primeira aparição de Teixeirinha na TV. O que se sabe, entretanto, é que ele foi convidado a apresentar-se nela a partir do fenômeno “Coração de Luto”, no início da década de 1960. Por esta época, a TV Record de São Paulo (canal 7) batia de frente com as poderosas Tupi e Excelsior quando o assunto era audiência. Enquanto estas duas investiam pesado em telenovelas, a Record experimentava uma outra estratégia, destacando-se na transmissão de eventos esportivos e, principalmente, de programas musicais.
Na TV Record, Canal 7 de São Paulo
Na linha de shows do canal 7, fazia sucesso o programa Astros do Disco, apresentado por Randal Juliano aos sábado à noite. Segundo Paulo Cesar Araújo (no censurado “Roberto Carlos em detalhes”), “o programa era semelhante ao carioca Noite de Gala, da TV Rio: um programa musical com grande orquestra no qual os convidados só podiam se apresentar vestidos de smoking. Astros do Disco destacava a parada de sucessos, lançamentos recentes e, às vezes, uma ou outra antiga canção num quadro de flashback. Era o programa musical de maior audiência e prestígio da televisão paulista. Aparecer no Astros do Disco era o desejo de todo artista de música popular (...)” (p.153). Pois bem, lá por 1961, Teixeirinha deu as caras no Astros do Disco!
Naquela época, o “Gaúcho Coração do Rio Grande” era a revelação do ano. E foi das mãos do apresentador Randal Juliano que o cantor recebeu o título de “Rei do Disco”, representado por um pequeno troféu. Ainda em 61, a consagração: depois de quebrar todos os recordes de vendagem, Teixeirinha arrebataria o afamado Troféu Chico Viola, a maior premiação musical do país e que também era transmitida pela TV Record.
Teixeirinha recebe o Troféu Chico Viola em 1963
Durante toda a primeira metade da década de 1960, Teixeirinha se apresentou nos principais programas da televisão brasileira. No canal 9 (TV Excelsior), foi convidado especial do programa Bibi Ferreira (onde divulgou seu primeiro LP). Naquele mesmo período, ele se apresentou nas atrações de Ivon Cury (o popular Bolinha) e do “Velho Guerreiro” Chacrinha.
Mas, passado o frisson inicial de “Coração de Luto”, Teixeirinha parecia fadado a desaparecer. No final dos anos 1960, entretanto, ele e a principal emissora de TV do país na época – a TV Tupi – descobririam um filão de audiência: a polêmica. Não se sabe ao certo quando tudo começou, mas as histórias convergem para dois programas clássicos daquela época. Um era o “Quem tem medo da verdade?”, produção sensacionalista na qual, semanalmente, uma personalidade era julgada por suas atitudes (isso mesmo!) num júri composto por críticos, jornalistas e até outros artistas. O outro programa era o conhecidíssimo “Um Instante, Maestro!”, comandado pelo ultra-polêmico Flávio Cavalcanti.
O programa de Flávio Cavalcanti – apresentado diretamente dos estúdios da TV Tupi do Rio e campeoníssimo no Ibope– era um dos poucos transmitidos ao vivo e em rede para todo o Brasil. Nele, cantores e compositores já consagrados eram analisados por um corpo de jurados. Os reprovados tinham seus discos destroçados pelo apresentador. Quando Teixeirinha aparecia por lá o público e até o júri irrompiam em palmas. Cavalcanti, entretanto, balançava a cabeça e, não raramente, exclamava: “Horrível!”. Geralmente os discos de Teixeirinha eram quebrados e, a cada semana, fervia uma nova polêmica envolvendo ambos. Em 1971, em entrevista à revista Rainha, o cantor demonstrou o que pensava sobre tudo aquilo: “O programa é para combater mesmo. Para causar sensação. Ele [Flávio Cavalcanti] visa muito vender e se promover com isso, e a gente aproveita e vende bastante também na carona (risos)”.
Se aos domingos à noite o “Rei do Disco” figurava na Tupi do Rio, aos sábados à tarde ele tomava conta da TV Piratini (emissora irmã da Tupi, já que ambas pertenciam aos Diários Associados). Isso mesmo! Nos início dos anos 1970, quando as emissoras ainda engatinhavam em suas organizações enquanto rede, ia ao ar diretamente dos estúdios do canal 5 de Porto Alegre, o programa Teixeirinha Sem Limites. A atração era apresentada por Ivo Paim (amigo íntimo de Teixeirinha) e contava com números musicais, piadas, “causos” e outras atrações encabeçadas pelo ídolo gaúcho e sua partner, Mary Terezinha. O auditório da Piratini ficava lotado para assistir ao programa, que era patrocinado pelas Pilhas Everady (num contrato que, especula-se, tenha sido milionário na época). Apesar disso, a audiência não era das melhores, pois em geral o público de Teixeirinha era composto pelas camadas mais pobres da população, pessoas que podiam ouvi-lo facilmente pelo rádio, mas que não tinham condições de adquirir o caríssimo aparelho de TV. Algum tempo depois da estréia, o Teixeirinha Sem Limites chegou ao fim e o cantor retornou ao seu “habitat natural”, o rádio.
Nos anos seguintes, Teixeirinha seria presença freqüente nos programas J. Silvestre, Viola, Minha Viola (apresentado por Inezita Barroso) e Silvio Santos. No Rio Grande do Sul, foi algumas vezes convidado por seu amigo Antônio Augusto Fagundes para o Galpão Crioulo da TV Gaúcha (atual RBS TV). Depois de sua morte, a mesma RBS produziria documentários e programas em homenagem ao “Gaúcho Coração do Rio Grande”. Mas esta já é outra história...
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