MUNDO TEIXEIRINHA- Edição 13

>> 29 de dez. de 2007


Olá amigos! É com grande orgulho que abro a última edição do Mundo Teixeirinha em 2007 para responder a todos os recados que chegaram nos últimos dias. Como o tempo de todo mundo está apertado, não tenho muitos pedidos a atender. Vamos lá!

Teixeirinha era gremista e ponto!




Essa eu devia há tempos. Em minha última visita à Fundação Teixeirinha, em Porto Alegre, pude apurar o documento que faltava para comprovar, afinal, qual era o time do coração do cantor. Pois bem, aí estão duas das três carteiras de sócio do "Rei do Disco" no tricolor da capital. O título patrimonial de Teixeirinha, registrado no número 0940 no nome de Victor Mateus Teixeira, era isento de mensalidade. Das três carteirinhas (das quais das aparecem nas fotos acima), duas eram destinadas ao uso de cadeiras no Estádio Olímpico, o que nos dá a entender que Teixeirinha assistia aos jogos do tricolor. Pela imagem da foto, a carteira é da década de 1960. Um documento e tanto!

Merci...

O Carlos Teixeira enviou nesta semana dois recados em língua francesa. Bem, não sou um expert no idioma e, tampouco, entendo tudo o que se fala nele. Porém, acho que compreendi o pedido do amigo: ele quer saber como (ou aonde) encontrar o livro de Mary Terezinha. Bem, Carlos, o livro “A gaita nua” pode ser encontrado na Editora Rígel. O contato da referida editora pode ser obtido através do site http://www.livrosbrasil.com.br/_loja_exibir_produto.asp?art_no=8585186445

Teixeirinha X Gildo

O Tino deixou um recadinho na ChatBox dizendo que está aguardando a matéria sobre os desafios entre Teixeirinha e Gildo de Freitas. Aviso ao amigo que já foram realizadas algumas postagens sobre o tema e que elas se encontram nos arquivos do blog. A última delas foi publicada no mês de outubro. Procure por COMPADRE GILDO nos arquivos que o texto está lá!

Quando a velhice chegar

O amigo Julio Pedro Martins (de volta!) pediu a letra da bela canção “Quando a velhice chegar”. Adivinhem em que disco esta música foi lançada? Acertou quem disse “Última tropeada”! Impressionante, mas nos últimos dois meses só dá este LP aqui no Revivendo. Bem, atendendo ao pedido, aí está a música. Canta Teixeirinha!

Ai, ai, meu Deus, quando eu não mais cantar
Não viajar pela querência afora
Não ver os campos e a verde mata
Tenho certeza que o ‘meus olhos’ chora

Não ouvir mais cantar os passarinhos
Desafiando o poeta que sou
Vão me encontrar morrendo sozinho
Pobre poeta que o tempo apagou

[Coro]
Vão me encontrar morrendo sozinho
Pobre poeta que o tempo apagou

Agora eu vejo este tapete verde
Campo que acolhe a boiada pastando
Estas estradas que não tem mais fim
Este poeta percorre viajando

Quando a velhice branquear meu cabelo
As minhas forças chegarão ao fim
Os campos ‘verde’ não puder mais vê-los
Lá na cidade, o que será de mim?

[Coro]
Os campos verdes não puder mais vê-los
Lá na cidade, o que será de mim?

Quando eu não ver uma roça plantada
Rios e riacho que ‘corre’ no pago
Ver a poeira levantar na estrada
E uma chinoca me fazendo afago

Pode saber que eu estarei morrendo
Na minha casa, dentro da cidade
A vida é curta, estarei dizendo
Ai, ai, meu Deus, como dói a saudade

[Coro]
A vida é curta, estarei dizendo
Ai, ai, meu Deus, como dói a saudade

Hoje sou novo, amanhã sou velho
Depois de velho se perde a paciência
Se eu puder me agarro num bastão
Vou me arrastando ver minha querência

Aí então, respondo pro destino
Posso morrer, me enterro num campestre
Tomba um poeta que já foi menino
Sentindo o cheiro da mata silvestre

[Coro]
Tomba um poeta que já foi menino
Sentindo o cheiro da mata silvestre

Gaúcho de Bagé

Eis que também apareceu por aqui a Juliana Panek. Ela pediu a letra “Gaúcho de Bagé”, do LP “O gaúcho coração do Rio Grande, vol 4”, de 1962. O xote é um dos meus favoritos! Aí vai:

Eu, estes ‘dia’ cheguei num carreiramento
Correr um pingo de minha propriedade
Cheguei, gritei: ‘Ouça bem, sou de Bagé
Meu cavalo é pangaré e jogo dinheiro a vontade!’

‘Estique o pala na grama, beirando a cancha
Quem é que topa a parada de um bageense?
O meu cavalo é corredor barbaridade
Parte a cancha na metade e não tem ninguém que me vença’

[Falado]
“Isto que não tem, não tem mesmo, companheiro!”

Saltou uns vinte e ‘foi’ me topando a parada
E eu fui jogando todo o dinheiro que tinha
Foi muito fácil, ganhei aquela carreira
Forrei minha cartucheira, mas depois de ladainha

Deu um buchincho que foi uma coisa louca
Puxei da faca e do meu trinta embalado
Agarrei um e fui batendo nos ‘outro’
Briguei, dei, virei a potro, pra dar conta do recado

[Falado]
“Êta, que eu tive que mostrar a qualidade nesse dia, companheiro!”

Lá por as ‘tanta’, uma chinoca a meu favor
Pulou na briga: ‘Estou contigo, gauchinho’
Meio apertado, perguntei ela quem é?
‘Eu também sou de Bagé e tu não vai brigar sozinho!’

‘Ganhemo’ a briga com a maior facilidade
Cheguei pra china e agradeci, sorridente
O meu cavalo é o que me resta ainda
Agarra, chinoca linda, e leva ele de presente

[Falado]
“Uma moça bonita e valente como essa vale mais de que um cavalo corredor!”

Me agradeceu e pegou a rédea do pingo
Me disse assim: ‘Meu gaúcho, eu sou solteira!
Este cavalo é forte no upa e upa
Leva nós dois de garupa, ‘vamo’ junto pra fronteira’

Pensei um pouco, solteiro eu sou também
Vou voltar junto com esta chinoca pra trás
Disse pra ela: ‘Eu caso de boa fé
Quando nós chegar em Bagé, eu vou falar com teus pais’

CD, LP, MP3?

Também de volta ao blog está a amiga Fernanda Athayde. Ela volta com uma sugestão muito boa. Pede que eu faça um texto falando dos discos de Teixeirinha que foram ou não remasterizados e, também, das músicas em formato de MP3. Já estou levantando material e prometo encaixar esta matéria ainda na pauta de janeiro, Fernanda. Valeu pela dica!

Agradecimentos

Nos últimos “Agradecimentos” do ano, devo estender meu muito obrigado a todos que visitaram o blog durante 2007. É muito bom saber que existem pessoas interessadas em aprender ou compartilhar novidades sobre nosso Teixeirinha. Aos que visitaram a página nesta semana, aí vai o meu abraço: Jaison, Pedrinho Mendes, Arnaldo Guerreiro, Rozélia Baptista (beijos e ótimo ano novo!), Julio Pedro Martins (vê se não some, heim?), Juliana Panek (seja bem-vinda!), Fernanda Athayde (tu também, não suma!), Tino, Carlos Teixeira e Cristina (beijos pra ti!). Um ótimo ano novo para todos e até 2008!

Deixo com vocês agora o texto “Vem aí um novo ano!”. Volto na semana que vem com novidades! Até lá!

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VEM AÍ UM NOVO ANO!


Nosso primeiro fim de ano juntos está chegando. Dentro de mais alguns dias já estaremos vivendo um novo tempo, com esperanças e sonhos renovados. 2008 vêm chegando com rapidez, mas enquanto ele se aproxima quero – em poucas palavras – relembrar de alguns momentos marcantes aqui do blog em 2007. Além disso, reservei esta última postagem para anunciar algumas novidades que se aproximam.
Para começar, vamos relembrar um pouco. 2007 foi o ano em que comemoramos os 80 anos de nascimento do gênio Teixeirinha. Para saudar sua memória com uma humilde, mas justa homenagem, decidi materializar o velho sonho de uma página na Internet dedicada a contar histórias do “Rei do Disco”, reunindo amigos e fãs. Em 3 de março, aniversário do cantor, entrava no ar o nosso blog Revivendo Teixeirinha.
No princípio, os textos eram pequeninos e até de pouca criatividade. As visitas por aqui eram escassas e eram necessárias algumas horas de divulgação em comunidades por aí para que a página tivesse um mínimo de visitação. Aos poucos, entretanto, as pessoas foram chegando. Sejam aqueles que são fãs de Teixeirinha, ou os que recém estão o conhecendo, vários se tornaram parceiros assíduos do Revivendo, contribuindo com informações, histórias e, claro, a visita semanal.
O contador de visitas ainda não havia registrado a primeira centena de visitantes e começavam a florescer as primeiras perguntas, elogios, sugestões e pedidos. No início, como a demanda era pequena, respondia aos internautas através de e-mail. Com o tempo, porém, os recados foram abundando e precisei criar maneiras e responde-los. Nasceu, então, o “Mundo Teixeirinha”, uma segunda postagem semanal dirigida efetivamente ao meu contato com os companheiros que ajudam a construir a página.
Quando atingimos o primeiro milhar de visitas, espantado, achei por bem empreender uma pequena reforma no blog. Primeiramente surgiu a ChatBox, esta caixinha no topo esquerdo da página. Sua utilidade é grande: ela permite que os leitores deixem suas opiniões de forma instantânea, isto é, digitando apenas o nome, endereço de e-mail e a mensagem. Depois que a ChatBox e o “Mundo Teixeirinha” surgiram, não apenas as visitas aumentaram, mas também os recados se multiplicaram.
As novidades na página foram acompanhadas por uma cuidadosa reforma visual do Revivendo. Passamos das cores em tom de laranja para tons de azul e branco. Os internautas aprovaram o visual mais moderno, bonito e simples da página. Desde então, com os textos semanais, as postagens do “Mundo Teixeirinha” e as novidades que sempre surgem, o Revivendo Teixeirinha já recebeu mais de 7.000 visitas, um recorde e uma vitória que mostra o quanto o “Rei do Disco” ainda vive e é saudado.
O sucesso desta página rendeu menções em outros locais. Em setembro, Betha Teixeira – administradora da Fundação Teixeirinha – referiu-se pessoalmente a esta página no site da própria Fundação. Mais recentemente, em novembro, o site “Paulo Sérgio In Memorian” também mencionou o Revivendo Teixeirinha com as seguintes palavras: “(24/11/2007) - O gaúcho Vítor Mateus Teixeira, mais conhecido como Teixeirinha, foi um dos maiores nomes da música regional brasileira de todos os tempos. Autor do clássico “Coração de Luto”, Teixeirinha legou mais de 700 músicas de sua autoria e compôs uma discografia constituída por quase 50 LP’s. Ademais, teve uma atuação destacada no cinema, onde, a exemplo do cineasta italiano Amacio Mazzaropi, tornou-se um dos maiores fenômenos de bilheteria do seu tempo. Admirador inconteste da boa música de raiz, Paulo Sérgio devotava grande admiração pela obra de Teixeirinha, falecido no ano de 1985, aos 58 anos. Vale ressaltar que, durante boa parte dos anos 70, ambos compuseram o ‘cast’ da gravadora Copacabana. Há quatro anos, o historiador gaúcho Chico Cougo se detém a pesquisar a trajetória deste grande ícone passo-fundense, socializando o seu rico e criterioso acervo de informações por meio do ótimo blog ‘Revivendo Teixeirinha’.” Enfim, através destas palavras, vejo pequenas homenagens que muito nos envaidecem e fazem prosseguir o trabalho.
Mas, sem desmerecer as citações supracitadas, devo dizer que o motivo de maior honra está no principal foco desta página, isto é, os fãs de Teixeirinha. E nestes parcos meses de atividades foram vocês, visitantes, o motor deste site. Dos mais longínquos confins (graças à maravilha da Internet) e das mais variadas origens sociais ou faixas etárias, foram milhares de visitas deixando recados, beijos, abraços, sugestões, histórias... Enfim, expondo um pouco de suas vidas para relembrar e, principalmente, reviver o maior nome da música do Rio Grande do Sul em todos os tempos.
A vocês, que são o meu combustível, só posso agradecer e anunciar que, venha o que vier, em 2008 pretendo seguir com este trabalho que, por vezes, consome muito tempo, mas que me proporciona imensos prazeres. No ano que vem teremos muitas novidades. Em março, um novo layout, muito mais dinâmico, colorido e repleto de recursos. Em breve, teremos também uma seção de brindes exclusivos. E para completar, novos quadros! Vem aí o “Cantinho do Fã”, lugar onde os admiradores de Teixeirinha vão contar sua história, falar de suas coleções e mostrar ao mundo seu amor pelo “Rei do Disco”. Dando continuidade ao que já foi começado em 2007, teremos novas edições da “Discografia comentada”, novidades no “Mundo Teixeirinha” e muito mais!
Há novidades que ainda dependem dos recursos e das minhas próprias possibilidades. Não pretendo divulga-las por agora para que não venham a despertar possíveis desapontamentos caso elas não se realizem. Mas podem esperar, pois 2008 será um ano histórico para o Revivendo Teixeirinha. E desejo que estejam todos por aqui, com esta comunidade crescendo cada vez mais e estando a cada dia maior. A vocês, queridos amigos, desejo um bom fim de ano e um excelente início de 2008! Até breve!

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 12

>> 21 de dez. de 2007


Penúltima postagem do ano, penúltimo “Mundo Teixeirinha” de 2007. Hoje, algumas novidades para presentear no natal dos amigos do “Revivendo Teixeirinha”. Vamos lá!

Rancho do Capivari

Semana passada o Gabriel Lopes Pereira pediu uma matéria sobre a vida gaúcha de Teixeirinha. Quem leu o último “Mundo Teixeirinha” deve ter visto a promessa que fiz de falar do tema em 2008. Para tanto, precisava de informações sobre o célebre Rancho do Capivari, a principal propriedade rural de Teixeirinha. Pois não é que o próprio Gabriel encontrou o site do rancho (que hoje é um hotel fazenda)? Pra quem quiser ir imaginando a matéria que vem por aí convido-os para visitar a página do Rancho do Capivari. O endereço é http://www.ranchodocapivari.com/

Por toda a minha vida

O amigo Sandro propôs a criação de um movimento que, possivelmente através de abaixo-assinado – peça à Rede Globo de Televisão a realização de um especial sobre Teixeirinha no programa “Por toda a minha vida”. De fato, a idéia não é ruim e entrarei em contato com o amigo Gilberto Ivo (responsável pelo site em memória ao cantor Paulo Sério, e que está criando um manifesto semelhante ao proposto por Sandro) para saber dos trâmites legais exigidos. Tomara que dê certo!

O Brasil vem chegando...

Fico muito feliz em saber que o “Revivendo Teixeirinha” está seguindo os passos do próprio cantor e rompendo com os limites do Rio Grande do Sul. Para que tenham uma idéia, nas últimas semanas recebi recados de São Paulo, da região Nordeste e até de Rondônia! É sinal de que o Brasil vai se integrando e que Teixeirinha vai sendo revivido!

Os dois lados da vida

A sempre presente Rozélia Baptista fez dois pedidos nesta semana. O primeiro é de que o disco “Última tropeada” seja discutido no quadro “Discografia Comentada”. Já estava mesmo pensando em falar sobre este LP que, há algumas semanas, está sempre em voga aqui no blog. Sendo assim, o próximo na fila da discografia é ele! O outro pedido da Rozélia é a belíssima letra de “Os dois lados da vida” (presente no “Última tropeada” também!). Seu pedido, Rozélia, é uma ordem! E aí está “Os dois lados da vida”, uma das minhas músicas preferidas:

Nossa vida tem dois lados
Não são todos que ‘conhece’
Pois eu conheço os dois lados
Vou dizer como parece

Eu fui criado pra fora
Sei como a planta floresce
Conheço a estrada que sobe
Conheço a estrada que desce
Conheço bem a cidade
Meus ‘verso’ agora ‘esclarece’

Conheço um apartamento
E um rancho de capim
Sei dirigir automóvel
No asfalto, estrada ruim

Sei tocar boi na carreta
Nela pra cidade eu vim
Sei andar de avião
De navio, mares sem fim
Ando a cavalo e de ônibus
Tudo é comum para mim

Sei cantar numa emissora
Cinema e televisão
Sei cantar numas carreiras
Num fandango de galpão

Sei veranear no rio doce
No mar sei fazer verão
Sei me vestir de smoking
De bombacha de botão
Sei dançar na sociedade
E sei dançar num salão

Os dois lados desta vida
Conheço barbaridade
Mas tem alguns ‘cola fina’
Que só conhece a metade

As ‘vez’ me chamam de grosso
Que não tem capacidade
Não li a vida num livro
Pratiquei com honestidade
Quem duvidar, me procure
Posso provar com a verdade

Mensagens da Cristina

A Cristina, que já é “cadeira cativa” aqui no blog, enviou uma série de mensagens esta semana. Lendo cada uma delas vi que precisaria de um tópico exclusivo para respondê-las e aqui está. 1) Sobre o livro de Mary Terezinha, posso te dizer que não existe uma obra chamada “Agora eu falo”; trata-se de um erro cometido nos anos 1990 por jornais e que transformou-se em “verdade”, pois a rigor Mary só escreveu mesmo o “A gaita nua”. 2) Sobre os maiores colecionadores de Teixeirinha, quero te dizer que estou preparando uma série que irá ao ar durante todo o ano de 2008 e que pretende falar sobre os maiores fãs de Teixeirinha; nesta série irão aparecer os maiores colecionadores do cantor também. 3) Também fico muito feliz com o número de jovens que tem aparecido nas comunidades e aqui no “Revivendo...”; creio que isto seja um excelente sinal de que Teixeirinha continua alegrando jovens dos 8 aos 80 anos.

Agradecimentos

Fim de ano e sempre aparecem muitas mensagens e sinais de carinho. Quero agradecer a todos e estender meus sinceros votos de felicidade plena neste natal para todos os que deixaram mensagens e que continuam acessando o blog mesmo em um época tão conturbada como esta. Um grande abraço para o Sandro, a Cristina (muito obrigado por tudo!), o Nilton Ribeiro, o Nilton José Tavares (recebi o presente e adorei!), a Rozélia Baptista (beijos!), o Ed Carlos, o “Bem-te-vi”, Claudiomar de Oliveira, Arnaldo Guerreiro, Ângelo Bertiol, Gabriel Lopes e a todos mais que prestigiam o blog.

Ah, pensaram que eu iria deixá-los sem presentes neste Natal? Bem, o texto da semana é modestíssimo (até porque o meu próprio tempo foi curto), mas aproveitei para produzir algumas humildes lembranças para vocês. São quatro papeis de parede em homenagem a Teixeirinha. Cada um deles está em miniatura e para salvá-los em tamanho natural basta clicar sobre as imagens abaixo. Depois, clique com o botão direito e selecione “Definir como papel de parede”. Pronto! Agora Teixeirinha também faz parte de sua área de trabalho. Um feliz Natal a todos e semana que vem eu volto com uma matéria especialíssima com as novidades para 2008. Ótima semana a todos!






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PAPAI NOEL

O Natal é uma das épocas mais bonitas do ano em quase todos os sentidos. Casas decoradas, presentes, confraternizações... É, de fato o período natalino faz-nos lembrar de bons momentos, de presentes inesquecíveis e de amigos que muitas vezes não podem estar conosco no decorrer do ano, mas dos quais nos aproximamos durante esta época.
Há quem diga que o espírito natalino está morrendo. Que hoje o Natal é uma época de presentes caros e de papais noéis anunciando presentes em 10 vezes sem juros. Infelizmente, este fato não deixa de ser uma realidade. Parece que cada vez mais esquecemos do sentido das festas de final de ano e do quanto elas são importantes para que lembremos que o mundo está cada vez mais comercial e menos humano.
Teixeirinha conhecia bem o lado sombrio do Natal. Durante boa parte de sua infância foi filho de pais pobres e, provavelmente, não ganhou grandes presentes. Para piorar ficou órfão a partir dos nove anos e aí o bom velhinho o abandonou de vez. Como andarilho, Teixeirinha passou por vários natais à espera dos presentes do Papai Noel, que não chegaria tão cedo. A mágoa remanescente dos natais passados refletiu-se em duas composições do “Rei do Disco”. Na primeira delas, “Papai Noel” (Última tropeada, 1969), o cantor mostra a tristeza do menino que jamais teve seu presente:

Papai Noel
Onde está meu presentinho?
Sou menino pobrezinho
Que não cansa de esperar
Os meus olhinhos
De tristeza, lagrimando
O filho rico brincando
E eu magoado a chorar

Anos depois, em 1983, Teixeirinha retomou o tema com “Infância frustrada” (Que droga de vida). Desta vez o recado foi diretamente ao “bom velhinho” e àqueles que insistem em lembrar-se do Natal apenas como a época próspera para os negócios:

Naquele tempo pensei que o bom Papai Noel
Ele viesse pra criançada toda, em geral
Acreditava ardorosamente no bom velhinho
Que também vinha pro menino pobrezinho
Vem até hoje, mas só quem pode ganha o Natal

Papai Noel
Velhinho esnobe, é comercial
Papai Noel
Por isso os pobres não ganham o Natal

Mais do que mostrar a dor de alguém que durante sua infância não conheceu o espírito do Natal, estas músicas nos levam a refletir que, de fato, o período natalino não deve ser apenas aquele instante em que nos jogamos às compras. Mais do que isso, o Natal tem que ser o período de confraternização, de conversas, de pessoas matando as saudades de pessoas. Enfim, deve ser o momento em que somos acima de tudo humanos, capazes de viver em comunidade. Independente da crença religiosa de cada um, o Natal é o período em que todos ficam mais sensíveis. É a melhor hora de fazer-se o bem e de propagar os bons sentimentos! Aproveitemos e um Feliz Natal a todos!

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MUNDO TEIXEIRINHA – Edição 11

>> 14 de dez. de 2007


Uma semana depois da matéria sobre minha viagem a Porto Alegre, abro o blog e vejo o número imenso de recados deixados por vocês por aqui. Não parei para contar, mas creio que vocês bateram o recorde de mensagens no site e com certeza superaram também o número de visitas semanais (560, para ser mais exato)! Bom, com tantos recadinhos, só me resta abrir os trabalhos desta semana. Como diria Teixeirinha: “Vamo pra frente!”

Canto Missioneiro

Creio que alguns já devam ter lido aí na CBox (ao lado), mas é sempre bom reforçar atitudes valorosas. O Valter Nunes Portalete anunciou que em breve o cantor Jorge Camargo (do qual já falamos em duas oportunidades aqui no blog) será homenageado no festivam Canto Missioneiro, que se realizará em março de 2008, no município de Santo Ângelo. Quem estiver por lá não pode perder esta reverência ao artista!

Desafio pra valer

O João Arnaldo tem dúvidas e a gente responde! Ele disse estar procurando um desafio que começa com Mary Terezinha cantando: “Teixeirinha te prepara para outro desafio...”. Pois bem, este desafio é “Desafio pra valer” e foi lançado como a faixa principal do LP “Disco de ouro”, de 1966. Atualmente, pode ser encontrado no volume 02 da série “Gauchíssimo”. É um ótimo desafio, o segundo gravado pela dupla.

A gaita nua

Muitas pessoas tem curiosidade em ler a obra “A gaita nua”, autobiografia de Mary Terezinha. Postei uma foto da capa do livro por aqui, mas esqueci de dizer como adquiri-lo. A Cristina não demorou a pedir informações sobre isso. Bem, para conseguir o livro existem duas maneiras. A primeira é comparecer ao endereço indicado pelo amigo Nilton José Tavares, na Editora Rígel, localizada na Rua Riachuelo, 904, Porto Alegre/RS. Outra forma (a mais utilizada, creio) é através do endereço eletrônico http://www.livrosbrasil.com.br/_loja_exibir_produto.asp?art_no=8585186445

Vida gaúcha

O Gabriel Lopes Pereira deu uma excelente sugestão de matéria para o blog. Ele sugere um texto sobre a vida gaúcha de Teixeirinha, com seus cavalos de estimação, seu rancho e seus hábitos campeiros. É uma ótima pedida! Vou pesquisar sobre o tema e prometo um grande texto para 2008. Por este ano a pauta está cheia!

Última tropeada

Mais uma vez a música “Última tropeada” é assunto aqui no blog. Desta vez é o Gilberto Nunes que pede informações sobre a letra da composição. Eu poderia indicar sites onde encontrar a canção, mas como as páginas de cifras costumam cometer muitos erros sobre as letras (em especial as de Teixeirinha) vou usar o próprio espaço do blog para apresentar a “Última tropeada”. A letra a seguir inclui também os trechos falados da gravação.


*

Este berrante eu guardei
Nesta sala decorada
Pra quando chegar visitas
Perguntar, minha adorada

De quem é este berrante?
A história vai ser contada

[Mary Terezinha]
O berrante é de um gaúcho
Que lidava com boiada
Depois que me conheceu
Fez a última tropeada

*

[Falado – Teixeirinha]
“Eira boi!”

Quando eu ouço este berrante
Meu corpo se arrepia
Parece que eu vejo a boiada
Numa madrugada fria

Taquara do Mundo Novo
Tinha a minha moradia
São Francisco e Ouro Verde
Bom Jesus e Vacaria
Deve haver rastro na estrada
Das boiadas que eu trazia

*

[Falado – Teixeirinha]
“Eira boiada!”

De noite a tropa deitava
Silenciava o madrinheiro
Meu pelego era o colchão
Sirigote o travesseiro

A minha capa gaúcha
Me cobria o corpo inteiro
Apontava a Estrela Dalva
Eu levantava primeiro
Repinicava o berrante
Acordando os ‘companheiro’

*

[Falado – Teixeirinha]
“Acorda, companheiro! ‘Vamo’ tomar um chimarrão. A erva já tá sevada e a chaleira está chiando. ‘Vamo’ levantar, companheiro. Muito cedo nós ‘temo’ que botar a tropa na estrada por que o sol hoje vai ser quente! E assim foi a minha vida, anos e anos, repontando boiada, cortando as ‘estrada’ deste chão brasileiro, até que numa certa ocasião...”

Foi numa certa ocasião
Eu vi na beira da estrada
Uma serrana bonita
Que me prendeu numa olhada

Todo o tropeiro é valente
Mas vê mulher, vira em nada
Deixei de lidar com gado
Minha paixão foi mudada
Hoje só reponto amor
Nos olhos da minha amada

[Falado – Teixeirinha]
“Hoje só resta saudade...”


Agradecimentos

Bem, a lista está repleta como sempre. Mas, também como de costume, é sempre um prazer agradecer a todos e mandar um forte abraço. Então, vai o meu “quebra costela” para o amigo Nilton José Tavares (obrigado pelas informações sobre o Rancho do Capivari!); Valter Nunes Portalete (abraço!); João Arnaldo; Cristina (um beijo pra ti e para o Nordeste inteiro!); Roberto; Gabriel Lopes Pereira; Elci Dal Olmo; Gilberto Nunes; Claudiomar de Oliveira, Jaison; Arnaldo Guerreiro; e Rozélia Baptista (beijos e feliz fim de ano pra nós!). Grande abraço a todos!

E agora deixo com vocês uma matéria em homenagem ao Dia Internacional do Tango, celebrado na última terça-feira, dia 11 de dezembro. O texto fala sobre um dos maiores expoentes do tango argentino, Carlos Gardel, e de sua influência nos tangos de Teixeirinha. Há tempos queria escrever algo sobre o eterno Gardel (de quem possuo mais de 500 músicas e sou um grande fã!), mas não achava oportunidade. Agora o texto está aí! Boa leitura e uma ótima semana para todos!

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VELHOS TANGOS

Carlos Gardel

“Sus ojos se cerraron... y el mundo sigue andando...”. Não, os argentinos jamais conheceram alguém igual a Carlos Gardel. Nunca encontraram um só artista que suprisse a falta de “El Morocho”, o maior ídolo da história da Argentina. Nesta semana, no dia 11 de dezembro – aniversário de Gardel – o mundo comemora o Dia Internacional do Tango, o ritmo que saiu dos subúrbios portenhos para conquistar os teatros da mais alta envergadura em todo o planeta.
Charles Romuald Gardes – só mais tarde, Carlos Gardel – nasceu em 1890, na cidade francesa de Toulouse (embora até hoje se discuta seu verdadeiro local de origem). Apelidado de “El Zorzal Criollo” e, depois, de “El Morocho de Abasto”, o jovem Carlitos começou a cantar desde muito cedo. Em 1925, quando desfez a dupla que mantinha com José Razzano e partiu em carreira solo, já gravara centenas de discos e apresentara-se em vários países, além de participar de um filme mudo.

A maior voz do tango em todos os tempos

Sozinho, sem empresários e sem limites, Carlos Gardel tornou-se o maior ídolo popular da Argentina. Gravou centenas de discos (todos de 78rpm, pois o LP surgiria apenas em 1948). Atuou em dez filmes gravados em Buenos Aires, França e, depois, nos Estados Unidos. Desde que cantou seu primeiro tango, em 1917, especializou-se no gênero, criando – inclusive – um novo estilo, o chamado tango-canção. Seus espetáculos eram sempre sinônimo de sucesso. Na Argentina lotava qualquer teatro. Na França, Espanha e Itália, também. Em Hollywood, tornou-se um dos artistas mais bem pagos, chegando a contracenar em três filmes num único ano.
Gardel era mais um destes artistas do impossível. Em plenos anos 1930, época em que a tecnologia avançava à conta-gotas, “El Morocho” ousou cantar um tango na rádio NBC (a principal dos Estados Unidos) sendo acompanhado por uma orquestra portenha que estava na rádio Belgrano, em plena capital Argentina. Carlitos deixava todos atônitos. Contam alguns que sua presença era incomparável. Era sorridente, visivelmente feliz.
No Brasil, Carlos Gardel também foi popular. Seus discos começaram a despontar por aqui a partir da década de 30. Tão logo chegaram e já se transformaram em campeões de venda. Gardel era um mito, um símbolo da prosperidade alcançada por um artista. Suas músicas logo ganharam versões nas vozes de brasileiros. Francisco Alves e Nelson Gonçalves são apenas dois dos mais populares intérpretes do “Zorzal” em nosso país.
A partir de 1933 – depois de sua última viagem a Buenos Aires – Gardel é do mundo. Os argentinos deliram com as notícias de seu sucesso. Em pouco mais de dois anos ele será o maior nome latino-americano – já que a nossa pequena notável Carmen Miranda ainda não alcançara tanta fama no exterior. Porém, o orgulho portenho sofre o mais mortal de seus golpes na tarde de 24 de junho de 1935. Neste dia, o avião que transportava Carlos Gardel choca-se com outro durante a manobra de decolagem, no aeroporto de Medellín, Colômbia. Gardel morre na hora, aos 45 anos de idade. A comoção é geral. Para alguns, a notícia era uma invenção, uma história sem sentido, um boato da imprensa.

Assim como Teixeirinha, Carlos Gardel também ganhou um túmulo representativo


Aqui no Brasil, foram realizadas inúmeras homenagens ao astro do tango. Cantores gravaram seus sucessos, poemas foram escritos em sua memória e estátuas foram erguidas em sua reverência. No Rio Grande do Sul, aonde as ondas das rádios castelhanas invadem facilmente nossos aparelhos, gerações inteiras cresceram ouvindo os tangos de Gardel. Nesta época, com apenas oito anos, o menino Victor Mateus Teixeira talvez tenha feito parte de uma destas gerações.
Evidentemente, comparar Gardel com Teixeirinha (ou vice-versa) é uma insanidade. É bem verdade que os dois foram grandes cantores, homens de origem simples, não contavam com empresários, participaram de filmes e foram idolatrados pelo grande público. Porém, eles viveram em gerações completamente diferentes. Gardel faz parte daquilo que os historiadores chamam de “Belle épocque” (uma espécie de Era de Ouro), quando os cantores ostentavam aquele canto mais refinado (semelhante ao das óperas), vestiam-se de smoking e apresentavam-se em teatros gigantescos, acompanhados de suntuosas orquestras. Teixeirinha, sabe-se bem, faz parte de uma geração mais nova, desta que se apresenta ao ar livre ou em circos, cantando músicas simples e trajando roupas comuns.
Mas, diferenças e semelhanças à parte, não há como negar a influência de Gardel na produção de Teixeirinha. É fácil perceber que o nosso “Rei do Disco” conhecia os tangos do “Morocho” e que seguia seus passos. Os próprios números comprovam que Teixeirinha também trazia consigo a “gana tangera”: em 26 anos de carreira fonográfica, “O gaúcho coração do Rio Grande” gravou 27 tangos e compôs um número ainda maior do que este. Aliás, segundo Israel Lopes (biógrafo de Teixeirinha), o cantor venceu seu primeiro concurso de calouros no rádio cantando a versão brasileira do tango “Adiós Muchachos”, grande sucesso de Gardel nos anos 1920.
Os tangos de Teixeirinha seguem a mesma linha do tango-canção de Gardel. As temáticas – ao contrário do ídolo portenho – são bem mais restritas, resumindo-se a amores mal-resolvidos (com algumas raras exceções). De qualquer forma, Teixeirinha era bom também no tango. Em “Tábua fria que chora” (1967), ele faz uma metáfora com o violão e diz: “Violão, tábua fria que chora / Nós estamos sozinhos outra vez / Ontem, antes de brigar com ela / Eu, você e ela, éramos três...”. Já em outro, intitulado “Vida fantasia” (1969), os versos iniciais mostram a carga de emoção que se une ao ritmo dramático do tango: “Eu me encontro tão sozinho / Nesta vida fantasia / Amargando com desprezo / Da mulher que eu mais queria...”.
É claro que Carlos Gardel, por ser especialista em tangos, gravou músicas que nem sempre eram tão sentimentais. Em “Leguisamo solo” (1926), por exemplo, ele canta um tango em ritmo frenético, numa bonita homenagem ao jóquei Leguisamo, conhecido como “El Mono”, um de seus grandes amigos. Teixeirinha, ao contrário, aproveitava o ritmo para tratar dos temas mais trágicos e dramáticos possíveis. Basta lembrar, por exemplo, do tango “Adeus, Carmen Miranda” (1963), no qual ele lembra dos tristes instantes que se sucederam à notícia sobre a morte da “Brazilian Bombshell”.
Mas em dois momentos Teixeirinha cantou tangos que falavam justamente de tangos. Isso mesmo! Um deles foi em 1981, quando gravou “Meu tango triste”, uma canção de letra e música muito especiais. Nela, ouve-se: “Quando ouvires o meu tango triste / Pare e penses um pouquinho em mim / Eu sei que ainda no teu peito existe / Uma saudade que não tem mais fim...”.
O outro tango foi gravado em 1980, quando se completaram 90 anos do nascimento de Gardel e 45 de sua morte. Recebeu o nome de “Velho tango” e um arranjo bastante completo. Aliás, todos os tangos de Teixeirinha foram conseqüência de decisões muito inteligentes no que se refere à melodia. A segunda versão de “Migalha de amor” (gravada em 1977), por exemplo, foi gravada com acompanhamento de guitarras, igual às antigas gravações de Gardel.
Mas, voltando ao “Velho tango” de 1980. Na letra, que tem muito dos tangos de Carlos Gardel, Teixeirinha rememora os velhos e esquecidos sucessos do “Morocho”, mesclando uma emocionante interpretação com uma declamação (e declaração de amor) em homenagem ao tango. Bem, para encerrar esta matéria em homenagem a Carlos Gardel (de quem sou um fã declarado), ao Dia do Tango, e aos tangos de Teixeirinha, deixo com vocês a letra do “Velho tango”:

Velho tango
Faz lembrar Carlos Gardel que já morreu
Velho tango
Faz lembrar um grande amor que já foi meu

Velho tango
Desprezado, igual a mim emudeceu
Velho tango, bandoneões fora de moda
Velho tango, este mundo é uma roda
Dentro dele, quem és tu e quem sou eu?


[Declamado]
“Velho tango, brasa viva de outras eras!
Bandoneões, violinos e o seu cantor!
Outros ritmos te transformaram em cinzas!
Velho tango, tango triste sem calor!
Velho tango, os tempos idos jamais voltam.
Choro contigo, na mesma desesperança,
o amor mais lindo, que marcou na minha vida,
tango eu te canto e falo nela por lembrança
!”

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 10

>> 9 de dez. de 2007


Incrível! Já estamos na décima edição do “Mundo Teixeirinha”. Sinal de que o “Revivendo...” está cada vez mais agitado e com novas visitas. Depois de uma semana pra lá de corrida, estou chegando para atender aos comentários da semana e para anunciar mais uma matéria (e esta é especialíssima). Ao trabalho!

Última apresentação

Nesta semana o Fábio Monteiro, de Santiago, enviou um e-mail afirmando possuir uma cópia do contrato da última apresentação de Teixeirinha, que teria ocorrido na Vila Betânia (em Santiago mesmo). O Fábio disse, ainda, que tem outras várias informações sobre o assunto. Caso se confirme, teremos a comprovação de que o último show de Teixeirinha ocorreu em Santiago, e não em Gravataí como eu mesmo havia afirmado.

Carteirinha do Grêmio

A ida a Porto Alegre me possibilitou trazer muito material de pesquisa que pode ser aproveitado aqui no blog. Dentre os achados mais preciosos, trouxe fotos das carteirinhas de sócio do Grêmio que pertenciam a Teixeirinha. Assim que houver tempo de editar as fotos (preciso recortá-las), postarei por aqui.

Listagem completa de músicas

Nos últimos dias estive muito envolvido com um projeto ambicioso: realizar um levantamento completo da discografia e de todas as músicas gravadas por Teixeirinha. Não é uma tarefa fácil, mas estou conseguindo consideráveis progressos com a ajuda dos amigos Jaison, Arnaldo Guerreiro e Claudiomar de Oliveira. Assim que houver uma lista o mais completa possível, postarei aqui no blog.

Agradecimentos I

Bem, nesta semana terei dois agradecimentos. O primeiro é o já tradicional “muito obrigado” aos amigos e parceiros do blog. A lista está grande: Roberto (aguardo contato!); Fábio Monteiro (seja bem vindo); Elci Dal Omo (mais matérias sobre Teixeirinha e Mary em breve); Rafael Luiz (grande abraço); Antonio Candido (volte sempre); Antoninho Bachi (seja bem-vindo e obrigado); Lorrany Civolani (perdão pelo erro no nome!); Ana Lúcia Lopes (beijos); e Rozélia Baptista. Muito obrigado pela visita de todos e fiquem com meu profundo carinho!

Agradecimentos II

Agora vamos aos agradecimentos das pessoas que estiveram comigo (ou torcendo por mim) durante os quatro dias lá em Porto Alegre. Preciso agradecer, em primeiro lugar, a amigona Nicole Reis (pela paciência e por ter me dado tanta força!); a Betha Teixeira e a Carol (que me receberam bem como sempre lá na Fundação); a Dona Zoraida, Flávio, Margarethe, Márcia (Preta), Fernanda e Cássia, pessoas maravilhosas que me trataram com extrema simpatia na quarta-feira; e ao seu Emílio Frese, que nos guiou no “tour” pela casa dos Teixeira. Bem, agradeço ainda a todos que estiveram na torcida e que me possibilitaram os ótimos momentos que passei na capital. Grande abraço a todos!

Finalmente, deixo com vocês a matéria da semana. Esta será um pouco diferente. Hoje não conto nada sobre Teixeirinha ou sobre algum assunto relacionado diretamente ao “Rei do Disco”. Em “ATÉ LOGO...” o assunto será minha viagem a Porto Alegre e os momentos mais emocionantes vividos naquela cidade. Espero que gostem! Até a semana que vem!

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"ATÉ LOGO..."

A célebre piscina em formato de cuia

Foram mais de 400 km de viagem para chegar em Porto Alegre. Era domingo, dia em que a cidade parou para ver o “timão” rumar desastrosamente para a série B do campeonato nacional de futebol, liquidado pelo tricolor gaúcho com a ajuda do colorado da capital. Porto Alegre não pára.
Entre domingo (02/12) e quinta-feira (06/12), estive na cidade que serviu de cenário para a maior parte da “saga” de Teixeirinha. Para mim era impossível não lembrar de suas músicas e filmes a cada minuto. É bem verdade que a viagem não foi por motivos de turismo e lazer – afinal, eu estava por lá para realizar duas das principais etapas do mestrado em História da UFRGS. Mas tive vários momentos livres e aproveitei cada um deles ao máximo.
Caminhar pelas ruas da capital é surpreender-se. É descobrir que Teixeirinha continua sendo o campeão de vendas nas lojas de vinis usados. É ver que seus discos, tão procurados, são também os mais inflacionados (LPs de outros cantores custam, em média, 8 reais, enquanto os de Teixeirinha variam entre 15 e 35!). Andar pelas ruas do Centro é rememorar aquilo que já foi lido ou falado. É passar pelo Viaduto da Avenida Borges de Medeiros e surpreender-se com um sonolento menino de pés descalços e maltrapilho, lembrando o pequeno Vitor que também passou algumas de suas noites de órfão por ali. É visitar o calçadão da rua dos Andradas e parar em frente à Galeria Di Primo Beck, onde Teixeirinha manteve seu escritório artístico durante vários anos.
Não há outra cidade em que o “Rei do disco” esteja tão presente. É como se ele ainda estivesse por lá. A sensação de visitar o Edifício Edith, na Rua General Andrade Neves, é sempre boa. Lá, as salas 301-302, abrigam atualmente a Fundação Vitor Mateus Teixeira. No passado, aqueles metros quadrados foram o endereço profissional de Teixeirinha. As visitas à Fundação são sempre motivo de surpresas. É como se houvessem novos troféus, fotos e documentos a cada dia. Estar cara a cara com o célebre violão “sete-bocas” e admirá-lo por alguns minutos também é parte indispensável do roteiro.
Na Fundação, lembrei de vocês, meus leitores semanais. Busquei o maior número de informações e assuntos possíveis. Escrevi algumas páginas de anotações e tirei várias fotos que serão, aos poucos, expostas por aqui. E como é bom revirar aqueles arquivos! Eles guardam preciosidades: fotos, lembranças, cartazes, telegramas, recortes de jornal... Até a carteirinha de sócio do Grêmio que pertencia a Teixeirinha (e que eu havia prometido mostrar aqui no blog) foi localizada. Para o historiador (e fã) como eu, aquele momento não tem preço.
No dia 04 de dezembro, quando se completaram exatos 22 anos desde a morte de Teixeirinha, minha amiga Nicole e eu estivemos no Cemitério da Santa Casa. Talvez soe como macabro ou estranho, mas poucos lugares guardam tantas belezas quanto aquele. Mesmo não sendo um admirador assíduo da arte cemiterial, devo admitir que alguns daqueles túmulos são diferentes de tudo o que já vi. No corredor central, um desfile de grandes nomes que marcaram a política e sociedade gaúcha: Júlio de Castilhos, Pinheiro Machado, Conde de Porto Alegre, Plácido de Castro e... Teixeirinha! Sua lápide até desaparece no meio de tantos túmulos suntuosos. Mas ele está lá e é o mais bem cuidado. A estátua de bronze – pilchado e empunhando o pinho – estava mais brilhosa do que de costume, fruto dos cuidados da família. Flores, velas e um cartaz em reverência ao artista completavam o bonito cenário.
Dia 4/12: o túmulo de Teixeirinha continua sendo o mais lembrado

Por ser terça-feira (dia útil, de trabalho), os fãs foram diminutos e as homenagens também. Por lá, apenas a “Gauchinha de Bagé”, que há 22 anos visita o túmulo do artista nos dias de Finados e também no aniversário de morte. Enfim, frente à silenciosa lápide de Teixeirinha imaginei a loucura que não terá sido o dia 5 de dezembro de 1985, quando milhares de pessoas deram adeus ao ídolo. Olho para o lado e vejo a sepultura vizinha à de Vitor Mateus Teixeira. No topo, uma cruz visivelmente remendada. Teria sido quebrada durante o tumulto daquele 5 de dezembro, há 22 anos?
Sincera homenagem da fã "Gauchinha de Bagé"

A quarta-feira (05/12) foi o dia mais especial de todos. Entre 9h40 e 15h30 compareci ao Museu da Comunicação José Hipólito da Costa, onde se encontram vários jornais que falam de Teixeirinha. Em ao menos quinze vezes ele foi capa de “Zero Hora”. Em pelo menos quarenta edições ele foi citado em grandes reportagens. Entrevistas são inúmeras. Até uma descontraída reportagem em um periódico intitulado “Pato Macho” (uma espécie de “Pasquim” dos pampas) traz Teixeirinha como assunto principal. Na entrevista, os jornalistas fazem todo o tipo de perguntas e Teixeirinha responde ou com ironia, ou com bom humor.
Mas o dia 5 não foi importante apenas pela visita ao arquivo. O melhor mesmo aconteceu a partir da 4h da tarde. Depois de alguns minutos subindo e descendo os desoladores morros da capital, Nicole e eu chegamos num endereço célebre: Avenida Professor Oscar Pereira, nº 5260, Bairro da Glória. Enfim, alguns anos depois de iniciar a trajetória que me levaria a esta pesquisa já infinitamente grande, conheci a casa de Teixeirinha.
Eu e Nicole na frente da residência de Teixeirinha, em Porto Alegre

Não é a toa que a residência da Oscar Pereira é parada obrigatória para os fãs do cantor. A propriedade é enorme, lembrando uma chácara urbana. A casa, no mais alto estilo dos anos 1970, é bonita. Não tem muros altos (mas tem cães para protegê-la) e é repleta de belas árvores. Na chegada, somos recebidos pelo simpático Flávio, sobrinho da dona da casa. Fomos à sala de estar da residência e, depois de alguns minutos, surgiu dona Zoraida de Lima Teixeira. Dona Zoca – como é chamada por alguns – é só simpatia. Sorri, fala de seu cotidiano, conversa amigavelmente com todos e, vez por outra, relembra o passado. Seus lindos olhos azuis deixam entrever o carinho com que fala do marido, o Teixeira. Há 43 anos morando no mesmo endereço, dona Zoraida conta que o bairro era uma espécie de zona rural da Porto Alegre dos anos 1960. Não havia tantas casas e o mato cobria boa parte da região. Saudosa, ela lembra que de manhã sentava-se na varanda com Teixeirinha e que, ali, o cantor lia a “Zero Hora” diária. Certo dia, quando o asfalto ainda não chegara na Oscar Pereira e quando as carroças eram mais freqüentes do que os automóveis, ele teria dito: “Daqui há alguns anos não vamos poder sentar mais aqui.” Dito e feito. Hoje a rua é uma movimentada avenida, onde passam ônibus e carros a todo instante. A tranqüilidade ficou no passado...
Parte do quintal e dos fundos da casa de Teixeirinha

A sala de estar da residência de Teixeirinha é repleta de lembranças. Fotos dos filhos, netos e outros parentes, dividem espaço com retratos do próprio Teixeirinha. Numa das paredes da casa, um pôster muito grande (com a foto que foi capa do LP “Menina Margarethe”) decora o local. Tudo faz lembrar que aquele endereço é célebre. Depois da conversa, o simpático caseiro Emílio Frese (que trabalha por lá há dois anos e já é um apaixonado pelo lar dos Teixeira), mostra-nos as dependências da casa. Pela primeira vez, visito pessoalmente a piscina em formato de cuia, cartão-postal da residência. O pátio é extenso. Algumas construções da época já não existem mais. No meio da propriedade, um pequeno riacho canalizado. Próximo a casa, uma pequena construção colorida que – no passado – serviu de cenário para a capa do LP “Última gineteada”. No centro do quintal, uma casinha pequena. Era ali que Teixeirinha compunha. Em meio às árvores, no silêncio e tranqüilidade de seu lar, saíram algumas das melodias mais belas de seu cancioneiro.
Em meio a tranquilidade do quintal, a casinhola onde o "Rei do Disco" compunha suas canções

O caseiro Emílio quer mostrar-nos tudo. Ele tem cuidado de apresentar a propriedade aos fãs desde algum tempo. Visitamos o quintal e conhecemos a varanda que circunda toda a parte de trás da casa. Seu Emílio, num determinado momento, aponta para o segundo andar da residência e diz: “A dona Zoraida disse que foi ali que ele morreu.”. É o resgate de um passado que não pára de nos dar sustos e de apresentar surpresas. Volta e meia vem o choque com alguma descoberta inesperada. Certamente, uma tarde é muito pouco para desvendar as surpresas guardadas em cada canto daquele endereço.
As árvores enfeitam o belo quintal da residência dos Teixeira

Depois de muitas fotos, começa uma fina garoa. É hora de partir. Dona Zoraida tem um compromisso na Câmara de Vereadores da capital. À tardinha, já está pronta para sair. Bem vestida, ela ostenta no peito um broche com o rosto de Teixeirinha. Na despedida, conheço mais uma filha do cantor – Márcia, chamada intimamente de Preta. No início da visita já havia conhecido também a filha Margarethe, que chegara do trabalho. Além delas, conheço mais duas netas, Cássia e Fernanda. São todas simpáticas e receptivas. Mas, enfim, é hora de ir embora. Depois de mais algumas fotos, deixamos aquele endereço. Foi um dia e tanto!
Ao fundo o avarandado que serviu de cenário para a capa do LP "Última Gineteada" (1974)

Após a visita à residência de Teixeirinha, encerrei minhas aventuras em Porto Alegre. No outro dia (06/12), às 14 horas, tomei o ônibus que me levaria de volta para Rio Grande. Impossível não pensar em tudo o que vi e senti nestes dias. Na saída da rodoviária, pela primeira vez, não tive a sensação do adeus. Desta vez o pensamento esteve muito mais voltado para um “até logo”. Que assim seja!

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AVISO

>> 8 de dez. de 2007

Devido à viagem para Porto Alegre, a matéria desta semana (que é justamente sobre a viagem) irá atrasar um pouquinho. Ainda estou me recuperando dos dias na capital e estou com muitos afazeres atrasados. Além disso, uma parte das fotografias que quero postar nesta semana ficou na câmera de minha amiga Nicole Reis e ainda não foram enviadas. Creio que mais tardar no domingo esteja postando.

Grande abraço a todos!
Chico

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 9

>> 30 de nov. de 2007


Semana corrida e cheia de novidades e recados pra responder. Bem, sem mais delongas, vamos ao que interessa!

Fotos de Teixeirinha

Para os aficionados por fotografias do “Rei do Disco” (me incluo neste time), já está no ar uma ótima pedida para encontrar belíssimas imagens da trajetória de Vitor Mateus Teixeira. A galeria de fotos históricas foi montada pela Fundação Teixeirinha e pode ser acessada pelo site http://www.teixeirinha.com.br/ Vale a pena conferir!

A gaita nua

Quem pediu primeiro foi o Julio Pedro Martins e, nesta semana, a Cristina também deixou seu recado solicitando a publicação de alguma foto do livro “A gaita nua”, autobiografia de Mary Terezinha. Pois bem, atendendo aos pedidos, aí está uma foto da capa do livro. Em breve trarei algumas imagens da obra para vocês!


Falando nisso...

A Cida, a Fernanda Athayde e a Lorrany Ciro Lani pediram mais fotos de Mary Terezinha. Nesta semana consegui várias imagens da “menina da gaita” e em breve estarei postando aqui no blog junto a novas matérias sobre a Mary. A Cristina (lá do Nordeste!) pediu que eu não deixe de falar sobre a Mary e que, se possível, faça uma entrevista com ela. Sobre o primeiro pedido, posso garantir que se realizará, pois sempre terei a Mary como um dos temas principais do blog. Já sobre a entrevista, estamos tentando, mas a rotina da “menina da gaita” continua corrida!

Última tropeada

Vamos auxiliar nossa amiga Ana Lúcia Lopez que está necessitando da música “Última tropeada” para um trabalho estudantil. Eu confesso que possuo a canção, mas não tenho como envia-la, pois a velocidade de minha conexão não permite, infelizmente!

Dona Zoraida

O Thiago Sene Vaz solicitou e eu atenderei em breve. Vem aí uma matéria especial sobre Dona Zoraida Lima Teixeira, a esposa de Teixeirinha. Tenho bom material sobre ela e espero conhece-la pessoalmente em breve. Mas, detalhe: a matéria sobre Dona Zoraida só vem em 2008, pois neste mês a pauta semanal já está cheia!

Jorge Camargo

Nesta semana o sempre preocupado com a memória da música gaúcha, Arnaldo Guerreiro (grande amigo!), criou uma comunidade no Orkut em homenagem ao cantor e radialista Jorge Camargo. Lá, serão postadas várias informações sobre Camargo e, inclusive, já há um disco que pode ser baixado lá mesmo! O endereço é http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42167799

4 de dezembro

Bem, na próxima semana estarei em Porto Alegre defendendo meu projeto de pesquisa sobre a música de Teixeirinha no mestrado da UFRGS. Entre uma prova e outra, irei fazer algumas visitas e já aviso que no dia 4 de dezembro (aniversário de morte do “Rei do disco”) estarei lá no Cemitério da Santa Casa, conhecendo um pouco mais dos fãs que devem visitar o local. Estará comigo a amiga Nicole Reis e faremos entrevistas com quem aparecer no local. Quem estiver em Porto Alegre e quiser aparecer, estaremos na lápide de Teixeirinha à tarde (a partir das 16 horas). Ficarei esperando!

Agradecimentos

A cada semana que passa a lista aumenta (ainda bem!). Um grande abraço para: Julio Pedro Martins (que bom que voltou!); Cida (beijos!); Nilton José Tavares (abraço amigo); Cristina (um grande beijo ao povo do Nordeste!); Fábio Monteiro (seja bem-vindo!); Lorrany Ciro Lani (beijos!); Ana Lúcia Lopez; Rozélia Baptista (beijão!); Fernanda Athayde; Thiago Sene Vaz (seja bem-vindo!); Arnaldo Guerreiro; Nicole Reis; Claudiomar Oliveira e a um anônimo que deixou um recadinho sem se identificar. Tudo de bom a vocês e torçam por mim lá me Porto Alegre, por favor!

Bem, hoje o “Mundo Teixeirinha” foi feito às pressas, pois o tempo está curto. Semana que vem eu volto com boas novas e, se tudo correr bem, com as malas cheias de novidades para o blog. Tudo de bom a todos e fiquem agora com a matéria “O baixinho e os baixinhos”, sobre a relação de Teixeirinha com as crianças do Brasil. Abraços a todos!

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O BAIXINHO E OS BAIXINHOS

Teixeirinha rodeado de crianças depois de uma apresentação


Imagine os anos 1960. Naquela época, os aparelhos de televisão ainda custavam uma fortuna. Os computadores eram parafernálias gigantescas operadas apenas por técnicos altamente especializados. Jogos eletrônicos? Internet? Não, nada disso estava ao alcance das crianças. Por aqueles tempos, a diversão dos pequenos ainda era correr, pular, enfim, se movimentar. Os brinquedos estimulavam a imaginação: bonecas, peão, amarelinha...
Nos tempos em que brincar na rua ainda era considerado seguro e que não haviam as drogas e a criminalidade de hoje em dia, as crianças eram encaradas como adultos em miniatura. Quase não havia produtos exclusivamente destinados a elas (ao menos não tantos quanto hoje!). Também não existiam loiras seminuas e, tampouco, desenhos de pancadaria que distraíssem os pequeninos. Nem os grandes empresários haviam se dado conta de que os “baixinhos” (como ficariam conhecidas as crianças a partir dos anos 1980) renderiam tanto aos seus cofres.
Pois bem, em plenos anos 60, Teixeirinha (que apesar da idade seria um eterno baixinho) faria ousadas incursões ao exigente mundo das crianças. Não, ele não era nenhum “xuxo”. Suas canções eram, definitivamente, dirigidas ao público adulto. Falava de amores mal resolvidos, de decepções e de belas histórias de vida. Porém, em diversos momentos, o “Rei do Disco” lembrou-se dos pequenos e, mesmo inconscientemente, parece tê-los agradado.
Já em 1961, quando o “Gaúcho coração do Rio Grande” lançou seu primeiro LP, uma música tornou-se um grande sucesso. “Não e não” agradou a todos os segmentos de seu público, mas até hoje desperta interesse especial nas crianças (eu mesmo tratei de testá-la em uma de minhas sobrinhas!). Não é para menos: os versos da rancheira possuem todos os apreços hoje encontrados em músicas exclusivamente infantis. A linguagem é simples, o tema é inocente e cantá-la é extremamente fácil:



Eu gosto tanto da Mariazinha,
e ela diz que gosta mais de mim.
Eu estou vendo que este violeiro,
a vida de solteiro está chegando ao fim!
Só tem um termo que eu não desejo,
quanto eu peço um beijo
ela só diz assim:

Não e não e não
e não e não e não
e não e não!



“Não e Não” teve uma resposta no mesmo estilo e ainda em 1961. Um sinal de que a música fez sucesso entre os baixinhos, exigindo uma continuação? Talvez sim. O que importa é que “Dou e dou” também deve ter agradado – e muito – aos pequeninos:



Depois de tanto dizer não e não,
Mariazinha já acostumou.
Agora quando eu peço um beijinho,
ela diz:

Dou e dou e dou e dou!
Dou e dou e dou
e dou e dou e dou
e dou e dou!



Ah, mas não parou por aí! Em inúmeras canções de Teixeirinha podemos encontrar mensagens destinadas às crianças. Em algumas, entretanto, parece que a letra foi feita sob medida para elas. “Sai jacaré” (1969) é um bom exemplo:



Jacaré, sai do caminho!
Deixa o meu amor passar.
Jacaré, estou armado,
eu não quero te matar.
Jacaré sai do caminho!
Deixa o meu amor passar.



Mas é fácil citar outras. Em “Carícias de amor” (1970), os versos do refrão já dizem tudo: “Pega, pega, pega, pega / Cachorrinho mordedor / Vai morder devagarinho / O pezinho do meu amor!”. Outra muito boa é a aventura da vaquinha “Marcelita” (1977): “Estou sabendo qual o motivo da graça / Esse tourinho quando mugi me irrita / Eu descobri que ele anda apaixonado / Pela minha linda vaca Marcelita!”.
Bom, cachorrinhos, jacarés e vaquinhas à parte, sabemos muito bem que as crianças adoram explorar a própria imaginação e que geralmente criam estórias fantásticas. Cientes disso, Teixeirinha e Mary Terezinha não foram bobos e reservaram para o LP “Teixeirinha Show”, de 1963, uma faixa muito especial onde simulam uma partida de futebol realizada na floresta e disputada pela bicharada que por lá habita. O resultado foi o divertidíssimo “Futebol dos bichos”:



Dois quadros de futebol
inventaram no sertão.
O tigre escolheu seu quadro
Com bastante perfeição.

Foi o outro quadro escolhido
pelo doutor Rei Leão.
O quadro do Conde Tigre
foi assim a formação:



Sensacional? Pois é, parece que a imaginação de Teixeirinha também guardava uma criança capaz de fazer versos em cima de estórias sem pé nem cabeça, mas que devem ter feito muitas crianças imaginar a partida de futebol na selva envolvendo os times do Conde Tigre e do Rei Leão!
Bem, poderia citar músicas do agrado das crianças durante horas. E isso que nem entrarei no mérito dos desafios, sempre agradabilíssimos para qualquer idade (os favoritos de minha sobrinha, que sempre torce pela Mary). O importante, no entanto, é dizer que Teixeirinha parece ter encantado as crianças tanto quanto aos adultos. O próprio cantor se referiu aos baixinhos de forma carinhosa em inúmeras vezes. Para as quatro filhas que teve com dona Zoraida, Teixeirinha dedicou a milonga “Saudades do lar”, em 1964. Em dois versos, ele fala nas meninas:



Hoje, por exemplo, estou com saudades da família.
Das ‘filhinha’ e da esposa, senhora que muito brilha.
Me encontro viajando, cortando serra e coxilha,
soltando tristes suspiros na estrada que a gente trilha!



E mais adiante...



Quero chegar no meu lar, na perua buzinando.
Pra ver as ‘criança’ em festa na hora em que vou chegando.
Quero matar a saudade que está quase me matando.
Agora pára violão, não vê que eu estou chorando!



Para quem teve tantos filhos e conviveu no mundo do circo (sempre tão repleto de crianças), o “Rei do disco” parece não ter encontrado dificuldades para falar das crianças e para elas. Cantou e agradou a todos, de moços a velhos, mas deve ter deixado milhares de fãs pequeninos que, no futuro, continuariam acompanhando sua obra. Era, enfim, um cantor que sabia dirigir-se até mesmo ao exigente público infantil. E sabia falar a língua deles também! Para arrematar, um verso em homenagem às crianças, gravado em “Diálogo e repente”, última faixa do LP “Teixeirinha Show” (1963):



Minhas queridas crianças,
que agora estão me escutando.
Vão indo bem de estudo,
caprichem, vão estudando.

Vão todos pra cama cedo
e cedo vão levantando.
Só não faz pipi na cama
que a mamãe ta espiando!

Tire sempre nota alta,
seja obediente na escola,
não quero vocês na rua
correndo atrás duma bola.

Sendo uma criança boa
o seu papai se consola.
Deixa ir no matiné,
ver o moço de cartola.

Também pode ir no meu show
pra me ver tocar viola.
Mas de noite, por favor,
não encharque a camisola!

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 8

>> 24 de nov. de 2007

Nesta semana a matéria chegou antes do “Mundo Teixeirinha”. Também pudera! Com a correria do final do ano letivo e com tantas mensagens pra responder, gastei mais tempo preparando o “Mundo...” do que o texto semanal. Bem, mas foi muito bom, porque é sempre uma honra responder os recados que me deixam. Sendo assim, vamos à oitava edição do “Mundo Teixeirinha”!

Última Tropeada

Bem, na semana passada eu esclareci a história da remasterização do disco “Última tropeada”. Pois há alguns dias recebi um e-mail do amigo Nilton José Tavares confirmando as informações aqui divulgadas: o LP foi mesmo digitalizado, mas já não se encontra mais a venda.

Entrevistas e reportagens

O Roberto deixou um recado nesta semana dizendo que possui reportagens e entrevistas de Mary Terezinha e Teixeirinha em revistas (ele cita “O Cruzeiro”). Evidentemente, fiquei interessado nestas matérias e gostaria de saber se existe alguma forma de obtê-las (em fotocópia ou então escaneadas, por exemplo). Roberto, meu e-mail para contato é: chicocougo@gmail.com

Filhos e filhas de Teixeirinha

Teixeirinha dizia que música e filhos foi o que mais fez. Pois bem, nesta semana o Antonio Candido perguntou quais são os nomes dos filhos e filhas do cantor. A lista é um tanto longo, mas lá vai: Shirley (filha de Idalina Ribeiro da Silva); Vitor Filho e Líria (filhos de Maria Ezi); Margareth, Elisabeth, Fátima e Márcia (filhas de Zoraida Lima Teixeira); e Alexandre e Liane Ledorina (filhos de Mary Terezinha). No total são nove filhos, dois homens e sete mulheres!

Paulo Sérgio in Memorian

Nesta semana que passou, conheci Gilberto Ivo, um cearense apaixonado por música e que mantém um site muito interessante sobre o cantor Paulo Sérgio. Pra quem não sabe, Paulo Sérgio surgiu para o sucesso em 1968, quando seu primeiro LP estourou nas vendas alavancado pelo sucesso “Última canção”. Depois disso, o cantor gravou mais 13 discos de longa duração, alcançando sucesso em todos. Infelizmente, Paulo Sérgio morreu precocemente em 1980. Porém, sua legião de fãs permanece crescendo a cada dia, assim como no nosso Teixeirinha. Bem, uma história destas merece mesmo um site e o endereço da página “Paulo Sérgio In Memorian” (mantido por Gilberto Ivo) é http://www.paulosergio.rg.com.br/

Última imagens

Há duas semanas a Rose me pediu as últimas imagens de Teixeirinha. Bem, as últimas imagens do cantor seriam aquelas de seu próprio velório, ocorrido no dia 5 de dezembro de 1985. No entanto, creio que estas imagens não são as melhores e que o mais pertinente é vermos Teixeirinha em vida e fazendo o que mais gostava: cantando. Então, depois de uma batalha incrível para conseguir um programa que capturasse imagens a partir de vídeos, consegui estas fotos. São imagens do último show de Teixeirinha, realizado no Bailão do Tio Santos, em Gravataí. A apresentação ocorreu em agosto de 1985 e o cantor esteve, nesta ocasião, acompanhado das filhas Margareth, Márcia e Elisabeth e dos respectivos genros. Nestas fotos, Teixeirinha já estava bastante abatido pelo câncer. As imagens foram captadas do Galpão Crioulo de agosto de 1985 (Arquivo RBS TV). Para ampliar as imagens, basta clicar sobre elas.




Agradecimentos

A lista desta semana está cheia! Vamos lá, então! Muito obrigado à colorada Rozélia Baptista (beijos pra ti!), Dorvacira Teixeirinha (muito obrigado!), ao amigão Nilton José Tavares, Roberto (aguardarei teu e-mail), Mery (estou enviando uma foto bem bonita para o teu e-mail!), Antonio Candido, Elci, Rose, Luis Teixeira, Gilberto Ivo e a todos os que acessam o blog semanalmente! Muito obrigado!

Jorge Camargo

E agora a aguardada matéria sobre a pesquisa que venho desenvolvendo há alguns meses para levantar informações sobre Jorge Camargo. Com vocês, ELE GRAVOU TEIXEIRINHA E AGORA É LEMBRADO!, mais uma matéria super especial do Revivendo Teixeirinha. Até a semana que vem!

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ELE GRAVOU TEIXEIRINHA E AGORA É LEMBRADO!

>> 23 de nov. de 2007

Agora temos imagens de Jorge Camargo, o cantor que mais gravou músicas inéditas de Teixeirinha

Como todos sabem, este blog é dedicado a Teixeirinha. No entanto, o “Rei do Disco” não foi o único cantor gaúcho a brilhar no cenário artístico nacional e, tampouco, foi um artista “acima do bem e do mal” incapaz de se relacionar com seus companheiros de profissão. É por este motivo que, às vezes, precisamos relembrar outros artistas, suas músicas e suas histórias.
Há mais ou menos dois meses atrás, publiquei um texto intitulado “Ele gravou Teixeirinha, mas foi esquecido”. Nele, tentei contar a história de Jorge Camargo, um cantor praticamente esquecido nos dias de hoje, mas que, no passado, foi um dos que mais gravou músicas compostas por Teixeirinha. Na época, quase nada era conhecido sobre a história de Camargo. Não obtive nem mesmo uma imagem que ilustrasse o texto!
Entretanto, meus sempre solícitos amigos me ajudaram a mudar um pouco este quadro desolador. Dias depois da publicação da matéria, comecei a receber materiais e informações diversas sobre Jorge Camargo. Os parceiros Arnaldo Guerreiro, Claudiomar de Oliveira e Nilton José Tavares – para os quais deixo registrada minha total gratidão – trouxeram vários dados sobre a carreira do artista. Por uma questão de reverência ao cantor, nas linhas a seguir quero remontar um pouco desta história.
É bem verdade que algumas questões ainda permanecem uma incógnita. Quando Jorge Camargo nasceu? Onde? Não é tão simples encontrar informações como estas. O que se sabe é que Camargo provavelmente não teve uma carreira muito longa. Estimo que ele tenha se projetado nacionalmente no início dos anos 1970. Esta hipótese se baseia na data de seu terceiro LP, lançado em 1977, pela gravadora Copacabana. O raciocínio é lógico: se no fim daquela década ele já gravava discos em uma companhia nacional, é provável que sua carreira tenha se iniciado cerca de dez anos antes.
Baseado em informações de quem possui discos do cantor, posso afirmar que Jorge Camargo gravou sete músicas de autoria de Teixeirinha. São elas: “Cama vazia”, “Coração egoísta”, “De tudo um pouco”, “Moça de trança” e “Surpresas da vida” – todas estas não gravadas por Teixeirinha. E ainda: “Meu pedaço de chão” e “Gaita e violão”. Aliás, segundo informações, “Gaita e violão” (gravada por Teixeirinha em 1985), foi gravada anteriormente por Jorge Camargo e, depois, por Mary Terezinha. E tudo isso antes que o “Rei do Disco” a registrasse em disco.
Além das informações artísticas, recebi alguns dados bastante interessantes sobre a trajetória pessoal de Jorge Camargo. De acordo com os dados levantados, Camargo surgiu de forma modesta – cantando em pequenas apresentações – e foi auxiliado por vários artistas. Teixeirinha teria o ajudado, cedendo-lhe algumas de suas composições para que fossem gravadas. Jorge Camargo, contudo, era ambicioso. Gravou seus primeiros discos e, tão logo alcançou projeção, começou a “desafiar” a supremacia de Teixeirinha. Talvez Jorge acreditasse que podia superar o “Rei do disco” em vendagem e popularidade, como o meteórico José Mendes quase fizera alguns poucos anos antes.
Se houve embate direto entre Teixeirinha e Jorge Camargo não se sabe. Alguns colecionadores dizem que Teixeirinha teria dedicado certas músicas ao opositor. Há quem acredite, por exemplo, que a composição “Meu ex-amigo” (“Última gineteada”, 1974) é um recado de Teixeirinha a Camargo. Como já foi dito em outra ocasião, em sua autobiografia, Mary Terezinha também afirma que Teixeira e Camargo andaram se estranhando, e que o “Gaúcho Coração do Rio Grande” teria incentivado um boicote ao cantor na Copacabana. Até aí dúvidas e mais dúvidas.
Mas, eis que surgem também as primeiras certezas! Em primeiro lugar, vamos aos dados referentes ao declínio de Camargo. Segundo as informações que recebi, além da antipatia de alguns importantes artistas do Sul, Jorge Camargo conquistou ainda a rejeição do público em geral quando a verdade de que era homossexual veio à tona. Mas, ao que parece, não havia a mínima condição para que este fato fosse ocultado, pois as atitudes do cantor não deixavam dúvidas.
Num Estado preconceituoso e que cultua a imagem perene do gaúcho macho (aquele mesmo da “bala no bucho e do buraco mais embaixo”!), não restou espaço para um artista (regionalista) gay. Cantar músicas que falassem de amor e das noites de ternura ao lado da mulher amada tornou-se impossível para Camargo. É de se imaginar a rejeição enfrentada por este artista na mídia, entre os artistas e, principalmente, em relação ao público.
Não sabemos detalhes, mas depois que as preferências sexuais de Jorge Camargo tornaram-se conhecidas, ele parece não ter gravado mais discos. Até os anos 1990, trabalhou como radialista, comandando programas em Porto Alegre. Entretanto, no início desta mesma década, Jorge Camargo teve seu momento mais triste: depois de brigar com um de seus companheiros, ele foi assassinado no próprio apartamento, na capital. Não sabemos o nome do assassino e nem mesmo de que forma deu-se o crime. Tudo o que podemos afirmar é que Jorge Camargo já não era mais um grade nome de nossa música.

Jorge Camargo em 1977

Em 1999, a EMI-Brasil relançou uma considerável parcela das gravações de Camargo em CD. Na série “Raízes dos Pampas”, Jorge Camargo voltou ao mercado fonográfico num disco póstumo que, infelizmente, já está fora de catálogo. Provavelmente, esta foi a última vez em que este artista teve suas músicas relançadas. Tomara que seus discos sejam remasterizados em breve e que possamos saber ainda mais desta história muito interessante. Bem, ao menos os primeiros passos já foram dados!

Com a colaboração dos amigos Arnaldo Guerreiro (Albufeira, Portugal), Claudiomar de Oliveira (Canguçu, RS) e Nilton José Tavares (Dois Irmãos, RS).

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 7

>> 17 de nov. de 2007


Mais um final de semana corrido e mais um atraso na postagem aqui no blog. Mas, o atraso foi pequeno e, tenho certeza, de que valeu a pena esperar. Estou cheio de novidades e agradecimentos. Vamos lá!

Última tropeada

Na semana passada a Ana Lúcia Lopez quis saber onde pode encontrar o CD “Última tropeada”. Respondi que este disco não foi remasterizado e que ela não conseguiria adquiri-lo. Porém, conversando com o amigo Claudiomar de Oliveira, ele me advertiu que este LP foi sim digitalizado. Na verdade, o disco foi lançado em CD nos anos 1990, quando a gravadora ES Discos de Porto Alegre relançou toda a obra de Teixeirinha gravada pela Copacabana. Até onde sei, a coleção lançada pela ES enfrentou problemas com direitos autorais e, por isso, a Editora Internacional Teixeirinha continua considerando o “Última tropeada” um LP inédito. De qualquer forma, o disco está esgotado. Pretendo, em breve, falar sobre ele no quadro “Discografia comentada”.

Imagens finais

Se tudo correr conforme o esperado, na próxima semana quero trazer fotos da última apresentação de Teixeirinha na televisão. O pedido foi feito pela Rose, que quer ver as últimas imagens do cantor em vida. Ainda não sei a apresentação na TV foi a última vez em que Teixeirinha foi filmado/fotografado. Porém, com certeza é uma das últimas.

Gildo X Teixeirinha

Falei tanto dos duelos entre Gildo de Freitas e Teixeirinha, mas acabei devendo uma listagem completa das composições em que um cita o outro. Na lista abaixo, procurei pôr a música de um e a resposta de outro, lado a lado. Sei que existem divergências entre as composições que teriam sido feitas ou não para Gildo (ainda não se sabe se o “Relho trançado” era ou não uma resposta ao “Trovador dos Pampas”), mas por enquanto não há registro de outro participante da briga.



GILDO DE FREITAS TEIXEIRINHA

Cobra sucuri (gravada por Teixeirinha) (1963) Cobra jibóia (1963)

Abre o olho rapaz (?)

Não enjeito proposta (?)

Baile de respeito (?) Baile de mais respeito (1965)

Baile dos cabeludos (?)

Resposta da milonga (?)

Cobra cascavel (1966)

Não mexa com quem está quieto (?) Foi tu que mexeu comigo (1968)

Resposta do relho trançado (?) Relho trançado (1973)

Resposta do facão três listas (?) Facão de três listas (1974)

Resposta da adaga de S Adaga de S (1979)

Dois quarenta e cinco (1982)

Resposta do cachorro velho (Censurada) Cachorro velho (1983)

Que negrinha boa (?)*

Compadre Gildo (1984)

* Quem puder ajudar com as datas das gravações originais de Gildo de Freitas, agradeço!

Agradecimentos

Nesta semana tem muita gente que merece toda a minha gratidão por terem acessado o blog deixando seus sempre bem-vindos comentários. Um grande abraço para a Cristina (fãzona de Teixeirinha lá de Pernambuco e com apenas 25 anos!), Dorvacira Teixeira (obrigado!), Tino, Rosa Elaine, Gaúcho, Taline Cunha (seja bem-vinda!), Julio Pedro Martins (sempre presente!), Luiz Fernando Durante (sinta-se a vontade para o que precisar, amigo!), Fernanda Athayde (valeu pelas informações!), Rozélia Baptista (muito obrigado!), Anna Almeida Nanni, Claudiomar de Oliveira e Arnaldo Guerreiro! A lista está crescendo!

E agora o “Revivendo Teixeirinha” traz um texto super especial e descontraído sobre uma grande polêmica. Confiram “TEIXEIRINHA: GREMISTA OU COLORADO?” Grande abraço a todos e até semana que vem!

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TEIXEIRINHA: GREMISTA OU COLORADO?


A polêmica começou na comunidade “Teixeirinha Official” no Orkut: afinal, Vitor Mateus Teixeira, o Teixeirinha, torcia pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense ou para o Sport Club Internacional? A pergunta dividiu opiniões e eu bem que tentei respondê-la. Mas, como já era de se esperar, a rivalidade entrou em campo e resolvi trazer a peleja pra cá.
Teixeirinha era gremista. Não há a menor dúvida em relação a este fato. Quem quiser comprová-lo, vá até a Fundação Teixeirinha em Porto Alegre e veja a carteira de sócio do Grêmio, um documento pessoal do artista que esclarece a polêmica. Aliás, em minha próxima visita à Fundação, prometo trazer uma fotografia desta carteira para que todos possam vê-la.
Mas existe, ainda, uma outra evidência que põe um ponto final na polêmica: depois de morto, Teixeirinha foi velado nas dependências do Estádio Olímpico Monumental, sede do Grêmio. O fato foi noticiado pelos jornais que cobriram os funerais do cantor e deixa explícito, de uma vez por todas, qual era o time do coração de Vitor Mateus Teixeira.
Porém, se existem provas cabais de que Teixeirinha era um gremista de carteirinha (literalmente), porque a questão ainda é tão polêmica? Simples! Em pelo menos duas ocasiões, o cantor afirmou publicamente torcer pelo rival colorado! É claro que estou falando dos célebres desafios, as guerras de rimas em que Teixeirinha e Mary Terezinha engalfinhavam-se nos versos.
A primeira menção ao futebol em um desafio ocorreu há 40 anos, em 1967. No LP “Dorme Angelita” (Copacabana), Teixeirinha e Mary gravaram o excelente “Desafio do Grenal”, uma trova curiosa em que o cantor defende o Internacional, ao passo que a acordeonista declara-se partidária do tricolor gaúcho. Como em todos os desafios, neste o casal trava uma verdadeira guerra e sobram ofensas para todos os lados. Num dos versos iniciais, Teixeirinha entra de sola defendendo o lendário “rolo compressor” com sede no Beira-Rio:


Termina com a macacada
Macaco pula na brasa
Teu time ‘é’ uns frangos ‘pesteado’
Que joga arrastando a asa
Nós entrando no tambor
Cai por terra o tricolor
Nosso rolo compressor
Muita alegria tem dado


Mas Mary não deixa barato e fuzila:


O Inter vai despenando
Sai, Teixeira, credo em cruz
Frango pesteado ‘é’ vocês
O bico torto reluz
Cor vermelha é sem valor
Quando vê um tricolor
Treme a perna de temor
E põe ovo de avestruz


Neste ótimo desafio, Teixeirinha parece à vontade no papel de colorado. Porém, dois anos depois, o futebol gaúcho volta a ser tema de uma trova e, desta vez, a dupla “vira a casaca”. Em “Azul e vermelho” (“O Rei”, Copacabana, 1969), Teixeira e Mary começam parodiando o hino gremista para, depois, iniciarem a batalha:


[Teixeirinha]
Eu vou virar a casaca
Me desculpe, torcedor
Eu não era colorado
Apenas fui defensor
No verso, sou repentista
No futebol, sou gremista
Meu esquadrão tricolor

[Mary Terezinha]
Teu esquadrão tricolor
Aproveito a embalada
Eu também andei uns tempos
Com a camiseta trocada
Como me sentia mal
Meu clube é o Internacional
Eu sempre fui colorada


Depois deste desafio, foram dez anos sem falar de futebol. O retorno ao tema só veio em 1979, quando chegava às lojas o LP “20 anos de glória” (Chantecler). Nele, está a faixa “Isso que é desafio”, um dos mais frenéticos embates entre a dupla. Nesta trova, Mary e Teixeirinha discutem vários assuntos, incluindo política e... futebol! E desta vez, Teixeirinha volta a defender o colorado! Num ótimo verso o cantor afirma:


No partido PTB,
Eu fui mal interpretado
Eu não disse ser da Arena
Política deixo de lado
O meu partido é mulher
E no futebol colorado


Para complementar, Mary Terezinha marca um golaço no verso seguinte:


No futebol colorado
Bom cantor e bom sujeito
Mas diz o velho ditado
Ninguém no mundo é perfeito
Só por tu ser colorado
‘Taí’ teu maior defeito


No placar dos desafios envolvendo a dupla grenal, deu Inter. Vitória apertada, por dois desafios onde Teixeirinha defende o colorado, contra um em que ele declara-se gremista. Mas, se o cantor era mesmo tricolor, porque defendeu o “rolo compressor” do Gigante da Beira-Rio? Fui buscar informações na história dos dois clubes e formulei uma “teoria” simples, mas possível: Teixeirinha era o compositor dos desafios e, por isso, tinha o poder de escolha nas mãos, podendo ser o que quisesse em suas composições. Em época de grande evidência da dupla grenal isto pode ter feito a diferença.
No primeiro desafio, em 1967, o Internacional vivia uma de suas maiores glórias. Participando pela primeira vez do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (o “Robertão”, uma extensão da Taça Rio-São Paulo), o Inter sagrou-se vice-campeão, sendo considerado o segundo melhor time do país. No ano seguinte, repetiu o feito. Mais um ano e chegamos em 1969, quando o luxuoso Gigante da Beira-Rio era inaugurado como Estádio oficial do Internacional.
Teixeirinha estava, portanto, seguindo a maré. O Inter estava em alta e ele acabou fazendo uma “média” com a torcida colorada. Isto fica muito claro quando, num dos versos, Teixeirinha diz que “nosso rolo compressor / muita alegria tem dado”, referindo-se ao time vice-campeão do torneio futebolístico mais importante do país.
Seguindo a mesma lógica de que Teixeirinha optava pelo time que estivesse em melhor situação, vemos o cantor defender o Grêmio em 1969, ano em que o clube comemorava o heptacampeonato gaúcho, uma seqüência de títulos estaduais iniciada em 1962. Provavelmente, Teixeirinha “virou a casaca” também por conta das conquistas gremistas na Taça Brasil (65, 66, 67) e na Copa Rio de la Plata (1968), títulos que devem ter dado imensa alegria à legião de torcedores do Grêmio, incluindo o próprio cantor.
Em 1979, Vitor Mateus Teixeira retorna à defesa do Inter. Mas aí fica ainda mais fácil entender: neste ano, embalado pelo astro Paulo Roberto Falcão, o colorado conquista o tricampeonato brasileiro, desta vez de forma invicta. Era a consagração de um grande time que ficou na história do futebol gaúcho. Nada mais compreensível que Teixeirinha – o autor de sua própria música – deixasse Mary com o Grêmio e fosse partir em defesa do campeão brasileiro daquele ano.
Resumo da história: Teixeirinha era gremista, mas defendia quem estivesse mais em evidência. Seus desafios mostram o lado sadio da rivalidade grenal, um bom exemplo a ser seguido pelas duas maiores torcidas do sul do país. Aliás, para encerrar, nada melhor do que a mensagem final de uma das trovas, mostrando a importância dos dois clubes e da convivência pacífica entre as torcidas:


Ta empatado o Grenal
O amor desmancha a guerra
Misturam-se as camisetas
Num beijo esta briga encerra
E viva as duas torcidas
Dos times da nossa terra


E, como diria um grande locutor esportivo: Ergue o braço o árbitro! Final de jogo!

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