ATENÇÃO!

>> 18 de mai. de 2007

Na próxima semana o Projeto "Teixeirinha Memória Nacional" chega ao município de Pelotas, no sul do estado. Esta será a última oportunidade para conferir este evento que já percorreu outras cinco cidades por todo o Rio Grande do Sul. Eu estarei lá a partir do dia 25 (sexta-feira), conferindo todas as atrações. Em virtude disso, o blog não será atualizado na próxima semana, mas não se preocupem: já no dia 1º estarei de volta com materias especiais sobre o Projeto, contando todos os detalhes.
Sendo assim, nos encontramos novamente no dia 1º de junho!
Para mais informações sobre o Projeto "Teixeirinha Memória Nacional" em Pelotas, acesse http://www.teixeirinha.com.br/visualizar_noticia.asp?codigo=56
Abraço a todos!

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O MELHOR DOS DESAFIOS

Nos aproximadamente 80 discos de Teixeirinha, se destacam alguns gêneros que fizeram – e ainda fazem – muito sucesso. Imortais xotes como o “Gaúcho de Passo Fundo” ou “Querência Amada” não me deixam mentir quanto a isso. Dentro destes grandes sucessos, com certeza muitos irão lembrar dos clássicos desafios, as típicas trovas, um marco na carreira de Teixeirinha.
Os desafios nasceram em meados dos anos 1960. O primeiro LP a incluir um foi “Bate, bate coração” (Chantecler, 1965). Essas trovas só foram possíveis a partir da participação de Mary Terezinha (que interpretava a adversária de Teixeirinha nas canções). Na faixa “Desafio”, a primeira lançada, Teixeirinha e Mary se xingam, debocham um do outro e, no final, reatam a amizade prometendo retornar com outra trova. Estavam certos: em “Disco de Ouro” (1966), “Desafio pra valer” abre o LP, sendo uma espécie de revanche do primeiro. A partir daí, quase todos os discos trariam um desafio.
No total, foram gravados mais de 30 desafios (incluindo aqueles em que Teixeirinha canta junto a Nalva Aguiar, no disco “Guerra dos Desafios”). Ao lado de Mary Terezinha, Teixeirinha lançou em 1982 “10 Desafios Inéditos”, um LP exclusivo contendo apenas trovas. O gênero tornou-se tão importante na carreira da dupla, que não podia ser desprezado dos discos, apresentações e mesmo dos filmes, onde o casal cantava desafios em quase todas as produções.
Vale lembrar que os desafios eram letras de autoria do próprio Teixeirinha, onde Mary apenas interpretava. Mary Terezinha, diferentemente de Teixeirinha, não é trovadora, embora componha músicas até hoje. Contudo, mesmo que as trovas fossem de “frases feitas”, o importante é que esbanjavam alegria e bom humor. Quando as brigas esquentavam não faltavam ofensas pessoais ou deboches. Um tema muito comum era a rivalidade no futebol, principalmente a que envolvia a dupla grenal (e naquela época a concorrência entre Grêmio e Internacional era tão grande quanto hoje!).
A brincadeira dos desafios, contudo, nos deixa uma tremenda dúvida: qual o melhor desafio da carreira de Teixeirinha? Particularmente, fico dividido entre duas grandes trovas, mas sempre acabo optando por “Desafio do Martelo”, lançada no lado B do LP “Última Tropeada” (Copacabana, 1968). Não há, em minha opinião, um desafio mais empolgante do que este.
“Desafio do Martelo” não é apenas mais uma trova. Nele, como o próprio nome já indica, o importante é “martelar”. Isso mesmo! Numa estrofe, um dos desafiantes canta 5 versos, sendo o sexto verso de responsabilidade do outro adversário. De ritmo rápido, este desafio traz Teixeirinha “arrastando a asa” para Mary, que o dispensa sempre com os adjetivos mais depreciativos. No final, como sempre, eles se entendem. Ficam juntos e ainda anunciam o próprio disco, agradecendo aos fãs pelo sucesso. É um desafio memorável quando ouvido e, pessoalmente penso que ele não encontra adversários quando comparado aos demais.
Por fim, só posso deixar a letra de “Desafio do Martelo” com vocês. Antes, entretanto, faço um desafio aos fãs de Teixeirinha: em sua opinião, qual é a melhor das trovas? Comente!

*

[Falado - Teixeirinha]
“E o desafio hoje é diferente!”

[Falado – Mary Terezinha]
“É do martelo, Teixeirinha?”

[Falado - Teixeirinha]
“Certo, Mary Terezinha!”

[Teixeirinha]
O desafio do martelo
Título de um amigo meu
Os versos tem minha marca
E a Mary compareceu
A música eu também fiz

[Mary Terezinha]
Quem trova melhor sou eu
Quem trova melhor sou eu
A música eu também fiz
Desafio com Teixeirinha
A platéia pede bis
Também trova o martelinho

[Teixeirinha]
Já metesse o teu nariz
Já metesse o teu nariz
Também trova o martelinho
O diabo quando aparece
Ele nunca vem sozinho
Hoje eu te atiro no barro

[Mary Terezinha]
No barro mete o focinho
No barro mete o focinho
Hoje eu te atiro no barro
Melhor é tu ir pra rua
Juntar pontas de cigarro
Na praia eu sento na areia

[Teixeirinha]
Se der de jeito eu te agarro
Se der de jeito eu te agarro
Na praia senta na areia
Tu não és a Miss Brasil
Tua cara é de baleia
Se fosse a mulher divina

[Mary Terezinha]
Petiço da cara feia
Petiço da cara feia
Se fosse a mulher divina
Sou moreninha elegante
Tu não vai ser minha sina
Sai daqui frango pelado

[Teixeirinha]
Macaquinha de botina
Macaquinha de botina
Sai daqui frango pelado
Parece galinha choca
Do pescoço arrepiado
Repare que eu não sou milho

[Mary Terezinha]
Galo velho desbicado
Galo velho desbicado
Repare que eu não sou milho
Vou pegar minha espingarda
Pra caçar este zorrilho
Milho se dá pra cavalo

[Teixeirinha]
Quilina do meu tordilho
Quilina do meu tordilho
Milho se dá pra cavalo
Também se dá pra galinha
E reparte com o galo
Te belisco na orelha

[Mary Terezinha]
Te pincho dentro de um valo
Te pincho dentro dum valo
Te belisco na orelha
Hoje tu vira em galeto
E vou te assar na grelha
Boto graxa de carneiro

[Teixeirinha]
Corto o rabo da ovelha
Corto o rabo da ovelha
Bota graxa de carneiro
Me chama de teu gatinho
Isto não custa dinheiro
Te chamo de ‘cadorninha’

[Mary Terezinha]
Meu cachorrão perdigueiro
Meu cachorrão perdigueiro
Tu me chama ‘cadorninha’
Tu agarra este apelido
E põe na tua vovozinha
Uma velha rabugenta

[Teixeirinha]
É a tua, não a minha
É a tua, não a minha
Uma velha rabugenta
Vou fazer tu te embuchar
Comendo a minha polenta
A minha boca é bonita

[Mary Terezinha]
Mas tua cara é nojenta
Mas tua cara é nojenta
A minha boca é bonita
Teus ‘olho’ é de peixe morto
O teu jeitinho me irrita
Se tu fosse mais bonito

[Teixeirinha]
Corto o rabo da cabrita
Corto o rabo da cabrita
Se tu fosse mais bonito
Tu corria atrás da máquina
Me assustava e dava um grito
Me salve Nossa Senhora

[Mary Terezinha]
Corto o rabo do cabrito

[Teixeirinha e Mary Terezinha]
Corto o rabo do cabrito
Me salve Nossa Senhora
O disco é Copacabana
Pode comprar ele agora
E leve pra suas casas
Nos escute toda hora
Obrigado, queridas fãs...
Nos despedimos e vamos embora

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O GAÚCHO NO CORAÇÃO DO MUNDO!

>> 11 de mai. de 2007


O assunto de hoje não trata das músicas, dos filmes ou da vida pessoal de Teixeirinha. Mais do que tudo isso, traz à tona aqueles que fizeram – e continuam fazendo – de Teixeirinha uma lenda: seus fãs.
Contar os admiradores da vida e obra de Vitor Mateus Teixeira é algo praticamente impossível. Saber de que forma eles tiveram contato com a obra do cantor também. São muitos fãs, cada um com a sua história. A figura popular de Teixeirinha certamente despertava algo especial nas pessoas. Na vida do brasileiro sofrido (do campo ou da cidade), o cantor buscava a inspiração. Cantava para esse povo e, por isso mesmo, era muito bem aceito por ele.
Mas, mesmo depois de morto, Teixeirinha continuou aclamado por seus fãs. Mais do que isso, ele ganhou novos admiradores, os quais o vêem de uma nova forma, como se fosse algo novo. E assim, a cada instante, a figura do “rei do disco” renasce novamente.
Alguns dos fãs de Teixeirinha admiram tanto o artista que passaram a ser conhecidos por isso. No Rio Grande do Sul (“berço” de Teixeirinha), contamos com alguns dos maiores conhecedores da vida, obra e tudo o mais que diz respeito ao cantor. Um destes casos é o de João do Prado, morador de Passo Fundo, que montou um pequeno museu reunindo discos e material relativo ao cantor. João do Prado, inclusive, mantém um programa de rádio destinado a relembrar as músicas de Teixeirinha.
Também em Passo Fundo, podemos citar o pecuarista Crescêncio Ferreira Neto, que afirma possuir praticamente todas as músicas de Teixeirinha gravadas até então.
Outro fã inveterado de Teixeirinha é o professor Claudiomar de Oliveira, de Canguçu. Claudiomar coleciona discos e materiais referentes ao cantor há alguns anos e já se tornou referência em sua cidade por isso. Segundo ele, quando as pessoas desejam desfazer-se de algo referente a Teixeirinha, logo o procuram. Claudiomar também apresenta um programa de rádio, onde toca músicas dos anos 1960 até 1980. O programa não é exclusivo sobre “o gaúcho coração do Rio Grande”, mas também roda as músicas dele.
Em nossa viagem sobre alguns conhecidos fãs de Teixeirinha, não poderíamos esquecer de Joel de Sá Martins, que mora em Nova Friburgo (RJ). Joel mantém um programa de rádio sobre Teixeirinha e, conta-se, sabe todas as músicas de Teixeirinha, em que discos se encontram e em qual ano foram lançadas. No livro “Teixeirinha e o cinema gaúcho”, de Mirian Rossini, Joel aparece como uma verdadeira enciclopédia viva sobre o “rei do disco”.
Sem desmerecer quaisquer dos fãs aqui citados (e nem os demais, espalhados pelo mundo), é necessário destacar o fã Arnaldo Guerreiro, residente em Albufeira, sul de Portugal. Guerreiro não é gaúcho, nem mesmo brasileiro. Jamais morou no Brasil, mas – mesmo assim – conhece a vida e obra de Teixeirinha como poucos. Com o tempo, adquiriu todos os LPs do cantor, sem falar nos discos em 78RPM ou EPs. Guerreiro tem filmes, revistas, livros e, entre as raridades, possui um exemplar da história em quadrinhos “Coração de Luto”! De quebra, ele ainda guarda em seus arquivos discos de Teixeirinha lançados somente em Portugal. Dentre estes, encontra-se gravada a música “O tango é macho” que – segundo o fã – seria uma música inédita no Brasil e lançada exclusivamente em Portugal. Arnaldo Guerreiro possui uma das coleções mais admiráveis sobre a trajetória de Teixeirinha e é mesmo de se imaginar a alegria que deve ter tomado conta dele quando visitou o Rio Grande do Sul, em 1997.
Histórias novas, descobertas surpreendentes, raridades e mais raridades! Isso é o que temos quando dois ou mais destes fãs se encontram. Além disso, esta é uma corrente que não pára de crescer. Novos elos são forjados a cada dia, trazendo a manutenção da imagem de Teixeirinha. Como se fosse uma lenda, ele permanece cada vez mais vivo...

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MENINA DA GAITA

>> 4 de mai. de 2007


Muito se fala do indiscutível talento de Teixeirinha, seja em suas composições, seja em suas marcantes interpretações. Contudo, sabemos que a carreira do “rei do disco” não seria a mesma se não fosse o aparecimento daquela linda gauchinha de Bagé, aquela menina da gaita...
Teixeirinha já estourara nacionalmente com “Coração de Luto”, quando conheceu Mary Terezinha Cabral Brum, em 1961. Ela, então com 13 anos, vivia humildemente na fronteira do estado, trabalhando aqui e ali, colaborando na renda familiar. Desde cedo, desenvolvera um talento nato para a música, destacando-se no acordeom. Em pouco tempo passou a freqüentar programas de rádio e ganhou o epíteto de “Teixeirinha de Saias”, por interpretar o repertório do “gaúcho coração do Rio Grande”.
Em abril de 1961, quando Teixeirinha chegou à Bagé para realizar seu segundo show naquela cidade, uma multidão ensandecida aguardava o ídolo. Há pouco, Teixeirinha saíra do anonimato para tornar-se o maior fenômeno de vendas da história da música gaúcha. A menina Mary Terezinha, decidida a assistir à apresentação do cantor, era mais uma das tantas pessoas que lotariam o Cinema Glória naquela noite de 4 de abril. A diferença é que Mary se tornaria – em poucas horas – parte daquele show.
Antes do início da apresentação, ocorreria um concurso para premiar quem melhor tocasse as músicas de Teixeirinha no acordeom. Mary inscreveu-se na disputa, afinal, se vencesse poderia ajudar seus pais nas despesas daquele mês. Tocando “Briga no batizado”, a guria baixinha e de cabelos negros conquistou o público e arrebatou o primeiro lugar. Depois do concurso, o diretor da Rádio Cultura de Bagé chamou Mary e avisou que o gaiteiro de Teixeirinha – na época Ademar Silva – havia perdido o ônibus e não chegaria para a apresentação. Mary acompanharia Teixeirinha.
Em poucos minutos, Mary conheceu seu ídolo, fez um breve ensaio, subiu ao palco e levou os mil e seiscentos espectadores do show ao êxtase. Certamente, aquilo nunca acontecera nas apresentações de Teixeirinha. Um talento local ao lado do grande cantor! Dali pra frente, formava-se a dupla Teixeirinha e Mary Terezinha, talvez o mais famoso dueto da história do Estado.
Juntos, Teixeirinha e Mary gravaram mais de 70 LP’s e um número incontável de discos 78RPM. A dupla atuou ainda em 12 filmes, sempre nos papéis principais. Mary foi cigana, estudante, iemanjá... Mas sempre foi Mary Terezinha. Seu talento na gaita aumentou com o passar dos anos. Em pouco tempo ela passou a ser responsável por grande parte da produção dos discos de Teixeirinha, preparando arranjos e auxiliando no aprimoramento das composições do astro.
A partir de meados da década de 1960, iniciaram-se as gravações dos primeiros desafios, que se tornariam uma febre no Rio Grande do Sul inteiro. Agora, era a voz de Mary que se revelava. As “trovas” – como ficaram conhecidas – traziam verdadeiras guerras entre o casal. Mas no fim, tudo acabava na reconciliação dos dois.
A relação entre Teixeirinha e Mary Terezinha acabou ultrapassando o campo profissional: eles mantiveram uma união também fora dos palcos. Esta união, que durou 22 anos, gerou 2 filhos – Alexandre e Liane. Juntos, Teixeirinha e Mary percorreram os mais longínquos recantos das Américas, cantando, brincando e levando mais alegria a seus milhares de fãs.
Em 1983 a relação entre os dois passou por dificuldades, redundando no fim da dupla. Separaram-se tanto artística como afetivamente. Embora a imprensa tenha tratado o assunto com certo sensacionalismo, sabemos que os desentendimentos são comuns em qualquer situação. Sendo assim, não caberia fazermos qualquer juízo de valores sobre a separação.
O importante mesmo foi o legado que a dupla deixou em sua longa carreira. Depois da separação, ambos continuaram produzindo. Teixeirinha prosseguiu em carreira solo até falecer, em 1985. Mary, entretanto, percorreu alguns países, gravou novos gêneros e, no início dos anos 1990, converteu-se à doutrina evangélica. Em 1992, escreveu “A gaita nua” – sua autobiografia. Como cantora gospel seguiu fazendo sua “safoninha chorar” pelo Rio Grande afora. Hoje, ela ministra palestras em igrejas evangélicas, canta e, recentemente, gravou dois discos muito bem produzidos: “Mary Terezinha” e “A serviço do Rei”.
Num balanço sobre as carreiras de Teixeirinha e Mary Terezinha, alguns poderiam se arriscar a dizer que ele não precisava da acordeonista para alcançar o sucesso – como, de fato, ocorreu no princípio. Contudo, parece certo que, sem aquela menina da gaita, a carreira de Teixeirinha teria deixado de ter um toque especial. Numa de suas últimas entrevistas à televisão, Mary declarou algo que parece sintetizar tudo o que aqui falamos: “Aquela dupla formou um quadro: ele [Teixeirinha] foi a pintura; eu [Mary Terezinha] fui a moldura!”.

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