CORAÇÃO DE LUTO: 40 ANOS DEPOIS

>> 31 de ago. de 2007


Em setembro de 1967, portanto há exatos 40 anos atrás, chegava às telas do Rio Grande do Sul, um dos maiores sucessos cinematográficos da história gaúcha: “Coração de Luto”. Para comemorar o aniversário do filme, o blog Revivendo Teixeirinha traz uma série de três matérias especiais. Hoje, e nas próximas duas semanas, vamos conhecer um pouco mais desta emocionante obra. Vale lembrar que esta matéria especial foi dividida em três partes: “O início de tudo” (1º/09); “Luz, câmera, ação!” (08/09) e; “O filme Coração de Luto” (15/09).

O inicio de tudo

Os anos 1950 foram marcados por uma série de filmes rodados de forma artesanal, muitas vezes por aventureiros. Fazer cinema no Rio Grande do Sul era um sonho. Aliás, era um sonho caro! Só conheciam sucesso as produtoras dos famosos cine-jornais. As principais eram, naquela época, a Interfims – de Itacir Rossi – e a Leopoldis-Som. É justamente esta última a que mais nos interessa na história de “Coração de Luto”.
A Leopoldis-Films nasceu em 1924, por iniciativa de Ítalo Manjeroni, que montou artesanalmente uma câmera e passou a produzir pequenos documentários e cine-jornais. Em 1937, a Leopoldis já era responsável pelo principal cine-jornal do Estado, o “Atualidades Gaúchas”. Neste mesmo ano, a produtora aderiu às filmagens sonoras, passando a se chamar Leopoldis-Som.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Leopoldis enfrentou sérias dificuldades, pois os filmes (sempre importados) eram escassos no mercado. Terminado o conflito, a produção foi retomada, mas a chegada da televisão – no início dos anos 1950 – criou um novo obstáculo para a empresa de Manjeroni. Foi então que a Leopoldis-Som decidiu investir num novo empreendimento: aproveitar sua infra-estrutura técnica para produzir filmes comerciais de longa-metragem.
O produtor Derly Martinez, dono de uma excelente visão de mercado, logo idealizou uma produção que se pagasse. Sua intenção era fazer da Leopoldis-Som uma verdadeira indústria de cinema, com altos investimentos e qualidade. No entanto, para que tudo isso se concretizasse, os executivos da produtora necessitavam de um nome que lotasse os cinemas já no primeiro filme. Este nome logo apareceu: Teixeirinha!
Em 1966, Teixeirinha já era famoso em todo o Brasil. Sua música mais famosa (“Coração de Luto”) continuava sendo a mais pedida nas rádios e a mais vendida no mercado. Apesar da crítica – que rebatizara o sucesso como “Churrasquinho de Mãe” – o povo apoiava Teixeirinha incondicionalmente. O sucesso da música (a autobiografia do próprio cantor) chamou a atenção de todos, inclusive dos produtores da Leopoldis-Som. Surgiu, então, a idéia de transformar “Coração de Luto” em um filme.
Para alguns, esta a idéia teria vindo do próprio Teixeirinha que, fã declarado de Vicente Celestino, gostava muito de assistir ao clássico “O Ébrio” (Cinédia, 1939), teria o inspirado. Já para outros, a idéia teria vindo mesmo de Derly Martinez que via em Teixeirinha um artista popular capaz de seguir os passos do célebre Mazzaropi, lotando salas de cinema de todo o país.
Independente de quem tenha sido a idéia, o fato é que, em 1966, a Leopoldis-Som e Teixeirinha acertaram um contrato para rodar a história de vida do cantor. Era o primeiro passo para que aquela famosa música se transformasse em filme.

Na próxima semana acompanharemos os meses de produção, a elaboração dos roteiros e a gravação das cenas. E ainda: como “Coração de Luto” tornou-se um sucesso antes mesmo de ter sido lançado. Não perca!

TEXTO: Chico Cougo Jr.

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TEIXEIRINHA NO SAMBA!

>> 24 de ago. de 2007


Não adianta esconder: todo o brasileiro – uns mais, outros menos – é apaixonado por samba! Cariocas, baianos, paulistas... Todos são cativados pelo ritmo que saiu das senzalas e morros para conquistar o mundo. Nós, gaúchos, como bons brasileiros, não escapamos a esta regra. Uma prova disso é o grande número de sambas e marchinhas escritos e gravados por nosso imortal Teixeirinha.
Uma das gravações mais antigas do cantor já nos mostra que ele era uma amante do ritmo e até se deixou influenciar por ele. No xote “Testamento de um gaúcho” (1962), Teixeirinha parafraseia o samba “Fita amarela”, escrito por Noel Rosa e gravado nos anos 1930 pela então dupla Mário Reis e Francisco Alves. Comparando as duas músicas, podemos sentir a semelhança entre elas. Em “Fita amarela”:

Quando eu morrer,
Não quero choro, nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela

Já em “Testamento de um gaúcho”:

Por ser gaúcho, muito homem e mulherengo
A ‘minhas’ mão não amarre com uma fita
Eu quero elas ‘amarrada’ com a trança
Da cabecinha duma chinoca bonita

Esta chinoca bonita é uma serrana
Diga a esta china, não quero choro, nem vela
E a maneira da mortalha que escolhi
Eu quero ir enrolado na saia dela

Mas antes disso, Teixeirinha já compunha sambas autênticos. Em 1961, no LP “Assim é nos pampas”, o cantor lançava o samba gaúcho “Tua carta”. Mais tarde, em 1966, seria a vez da marchinha “Aquela rosa”, sexta faixa do LP “Teixeirinha no cinema” (Chantecler).
No entanto, o primeiro grande samba composto e gravado por Teixeirinha foi “A outra Amélia”, uma espécie de resposta ao famoso samba “Amélia”, de Mário Lago. Neste batuque (com arranjo, letra e cadência de samba), Teixeirinha faz uma sutil homenagem às mães, afirmando que são elas as verdadeiras “Amélias” deste mundo, pois suportam todos os problemas dos filhos. Um trecho da letra nos conta mais sobre a idéia do compositor:

Reza por mim quando eu saio pro trabalho
Ainda diz: ‘Meu filho se arrume bem’
Não é a Amélia, que era mulher de verdade
Também não é uma Amélia só que o mundo tem

Durante todo o restante dos anos 1960, Teixeirinha passou por longe dos sambas. Contudo, já em 1970, ele retoma as gravações do gênero, fixando-o como um dos mais freqüentes em seus discos. Em 1970, vieram “Tristeza” (samba autêntico, composto por Teixeirinha e cantado por Mary Terezinha), “O caneco é nosso” (marchinha) e “Porto Alegre” (marcha). Já em 1971, seria a vez de “Aquele amor” (outro samba gravado por Mary Terezinha). Neste mesmo ano, é lançado o LP “Fora de Série”, com músicas escolhidas pelo apresentador de TV Flávio Cavalcanti. Neste disco, constam três sambas: “A volta do boêmio” (clássico de Adelino Moreira), “Caminhemos” (de Herivelto Martins) e “Vingança” (do gaúcho Lupicínio Rodrigues).
Após uma brevíssima pausa, os sambas e marchinhas retornariam aos discos de Teixeirinha no ano de 1973. Foram gravados então: “Enfermeira linda” (marchinha), “Presidente Médici” (samba) e “Mocinho bonito” (samba). Este último, inclusive, é um dos sambas mais conhecidos do cantor e foi gravado com um arranjo caprichado para época. O refrão diz:

Quando eu vim da minha terra eu fiz
Muitas meninas ‘chorar’
Eu tinha dezoito anos
Nem gosto de me lembrar

Em 1974, foram gravados uma marcha e um samba: a primeira foi “O vigilante”, homenagem de Teixeirinha à Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Já o segundo é um desabafo do cantor sobre o que se dizia ser o fim do samba autêntico, ou de raiz. Em “A saudade que ficou”, Teixeirinha relembra os carnavais passados e o quanto eles eram, de fato, um espetáculo:

Cadê as marchas bonitas
Dos tempos de antigamente?
Dos carnavais que passaram, que pena,
Hoje é tão diferente!

Vieram outros sambas e marchas. Aliás, vieram muitos mais. Em 1977, foram duas marchinhas, a primeira intitulada “Canta meu povo” (um grande sucesso) e, depois, “Marcelita”. Em 1978, foi a vez do samba “Inseparável violão” e de “Embolada” (uma das mais alegres e divertidas canções da carreira de Teixeirinha). Em 1979, comemorando vinte anos de carreira, o “Gaúcho coração do Rio Grande” compôs e gravou o samba “20 anos de glória”. No mesmo disco, foi lançado o batuque “Iemanjá”, uma homenagem à “Rainha do Mar”.
No final da carreira, Teixeirinha compôs e gravou pelo menos mais três sambas de sucesso: “Um susto na morena” (1983), “Amor desfeito” (um dos grandes sucessos de 1984) e “Querendo chorar” (1985). Este último, graças à bonita poesia da letra, acabou por ser regravado, anos depois, pela cantora gaúcha Adriana Calcanhoto.
Enfim, Teixeirinha mostrou com seus sambas, que não conhecia limites. Assim como cantou os gêneros gaúchos e platinos (com tangos e milongas), cantou o forró, o arrasta-pé, a moda sertaneja e, claro, o samba. Não era exclusivamente um gaúcho, era um brasileiro, e sua obra não deixa dúvidas quanto a isso. Para fechar este pequeno levantamento sobre sambas e marchas do “Rei do disco”, escolhi um autêntico samba que nos mostra uma brincadeira – feita pelo próprio Teixeirinha – com a possibilidade irreal dele se tornar uma espécie de “gaúcho coração do samba”. Com vocês, “Malandro legal”, gravação de Teixeirinha em 1975:

*

A minha vida, mudei ela de repente
Inteligente, não precisa trabalhar
Saí de casa, só no peito e na coragem
E caí na malandragem, fui aprender a dançar

Primeira noite, eu entrei numa boate
Não dou nada por empate, uma dona fui tirar
Eu rebolava que dava nó nas cadeiras
E a mulata faceira, de mim começou gostar

Eu não sou trouxa, passei a conversa nela
Tomei o dinheiro dela e fui pra mesa jogar
Os malandruxos não entenderam a camanga
Com quatro carta na manga eu só tinha que ganhar

*

Na outra noite já entrei no ambiente
Distintamente, mas levei meu violão
Meu terno branco, colarinho engomado
Malandrinho diplomado, com uma noite de função

Cantei um samba de Adelino Moreira
Começou a brincadeira quando prestei atenção
Os malandruxos que ‘tinha’ sido explorados
Com uma mulata do lado, me pediram explicação

Entrei na briga, dei pernada, dei rasteira
Quatro ou cinco na poeira eu fiz rolar pelo chão
Chegou a cana, depois que eu tinha engrossado
O salão todo quebrado, me levaram pra prisão

[Falado – Teixeirinha]
“- Que isso, seu guarda? Larga a gente aí, que a gente pode repartir essa nota!”
“- Que nada, rapaz! Não vou perder o leite das ‘criança’!”
“-Mas, seu guarda, vem...”
“-Não tem nada, ‘güenta’ o estarro! Amanhã, tu fala com o majura e... sai!”

*

O delegado era meu chapa, meu amigo
Tirou castigo, fui pra farra novamente
De terno novo, com uma gravata roxa
Com o dinheiro dos trouxas, entrei numa diferente

Quanta mulher, quanta bebida, quanto jogo
Fingi que fiquei de fogo, mas estava consciente
Sorria muito, me fazia humanitário
Ia firme no otário e chamava de parente

Ora jogava, ora bebia, ora dançava
Quanta mulher que sobrava pro malandro inteligente
Certa manhã, levei um susto danado
Da cama fui acordado com a Mary em minha frente

[Falado - Mary Terezinha]
“Levanta Teixeira! Nós temos que viajar! Hoje tem fandango no CTG Osório Porto, em Passo Fundo!

[Falado – Teixeirinha]
“Que fandango nada! Sanfona já era! O meu negócio agora é cavaco, pandeiro e tamborim!

[Falado - Mary Terezinha]
“Que cavaco, pandeiro nada, rapaz! Você é o Teixeirinha, um homem direito, o grande cantor regionalista! Você se bateu a noite toda... Sonhou tolices, heim?”

[Falado – Teixeirinha]
“É mesmo!”

Muito obrigado dona Mary Terezinha
Acordou o Teixeirinha, foi um sonho minha gente

TEXTO: Chico Cougo
FOTO: Revista Modinhas Sertanejas, nº 6 (Cortesia: Prof. Claudiomar de Oliveira)

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REI DO BARALHO

>> 17 de ago. de 2007


Vez por outra abordo músicas que marcaram a carreira do talentoso Teixeirinha em seus quase 30 anos de carreira artística. Como já declarei em outras matérias, creio que as músicas seguem sendo sua principal marca, muito mais do que seus filmes ou shows. Nesta semana, ouvindo Teixeirinha e pensando no texto da semana, reparei que um grande sucesso do cantor está completando 45 anos de vida. Estou falando do clássico “Rei do baralho”.
O LP era “Saudades de Passo Fundo” (Chantecler, 1962, CH 3041), o quinto lançado por Teixeirinha. No lado A, o carro-chefe ficou por conta da milonga “Volte papai” e no lado B, a faixa principal era o xote “Saudades de Passo Fundo”, que era também a música de trabalho do disco. Entre as 12 faixas do long-play, destacam-se algumas “pérolas”, tais como o xote “Gaúcho andante” e o tango “Adeus Carmen Miranda”. Porém, talvez nenhuma delas tenha repercutido tanto quanto “Rei do baralho”.
A oitava faixa do LP (segunda no lado B) foi originalmente gravada no ritmo da milonga, com acompanhamento de violão, gaita e pandeiro – num arranjo muito próximo àquele que caracteriza boa parte da música folclórica uruguaia. Cada parte da letra foi formada por quatro versos de quatro estrofes. As rimas, sempre perfeitas, formam frases que, do início ao fim da música, rimam com o final “ão” (apresentação, munição...).
Nos pouco mais de três minutos da milonga, Teixeirinha incorpora o próprio Rei do Baralho, um homem de poucos escrúpulos, viciado na jogatina, capaz de perder até a alimentação dos filhos numa mesa de jogos. Nas duas primeiras partes, o Rei do Baralho conta sua história, as noites regadas à “canha” e carteado, e as brigas que envolvem os jogadores. Na parte final, é mostrada a recuperação do homem que parecia perdido. Levado por sua filha até uma igreja, o Rei do Baralho descobre os erros que cometeu e abandona o jogo para sempre.
Uma história simples, mas comovente. “Rei do baralho” tornou-se uma das canções de maior sucesso daquele LP e de toda a carreira de Teixeirinha. Por quê? É evidente que não podemos explicar com facilidade os motivos pelos quais uma música faz sucesso. Porém, podemos supor que em “Rei do baralho”, Teixeirinha expressou uma história de forte apelo, com uma narrativa perfeita, sem faltar uma palavra, um verso. Contou algo bonito sem precisar de sofisticações. Aliás, nem mesmo refrão a milonga possui. Talvez por tudo isso, “Rei do baralho” seja lembrada até hoje, cantada por grupos e até mesmo nas casas pelo Brasil todo. Nas rádios, continua sendo uma das mais pedidas, perdendo em popularidade apenas para alguns clássicos como “Coração de luto”, “Tordilho negro”, “Tropeiro velho” e “Querência amada”.
Tamanho é o sucesso de “Rei do baralho”, que, em 2000, o cantor Humberto Gessinger (vocalista do grupo Engenheiros do Hawaii) declarou que gostaria muito de gravar a milionga. Acabou cantando “Coração de luto” ao lado de Luiz Carlos Borges em 2005, mas talvez ainda não tenha desistido da idéia de regravar o grande sucesso do “Gaúcho coração do Rio Grande”. Quem sabe um dia não teremos esta que, ao que sei, seria a primeira regravação de “Rei do baralho” desde 1962, quando foi originalmente lançada.
Enfim, mais uma música, mais um sucesso. Aliás, sucesso fácil de ser encontrado hoje em dia. Está remasterizada no formato digital desde 2005, quando a Galpão Crioulo Discos lançou a coletânea “Gauchíssimo”, contendo grande parte da obra de Teixeirinha pelas gravadoras Chantecler e Continental. O CD contendo “Rei do baralho” é o número 12 da série (“Saudades de Passo Fundo”). Lá, você encontra, na bela voz de Teixeirinha, esta letra:

*

Eu fui o rei do baralho
Homem de má intenção
Jogar carta, beber canha
Era minha inclinação

Quando eu sentava no jogo
Sentava de prevenção
No cinto um revólver Smith
Muita bala e um facão

Já pedia uma cachaça
Misturada com limão
Puxava o chapéu pros olhos
E misturava o carvão

Roubava uma carta e duas
Jogava outra no chão
Botava outra no bolso
Tava feita a tapeação

*

Um parceiro ou outro via
Já me chamavam atenção
E, brabo, eu virava a mesa
Me chamavam de ladrão

Outro mais gato gritava:
‘Termine com a discussão’
Seguia o jogo de novo
Vergonha não tinha não

Quando amanhecia o dia
Não me restava um tostão
Chegava em casa com sono
Já dava outra explosão

A mulher pedindo roupa
Os ‘filho’ pedindo pão
E eu não tinha pra dar
Que maldita profissão

*

Um dia a minha filhinha
Me agarrou pela mão:
‘Papai, você me acompanhe
Pra uma apresentação’

E me levou numa igreja
Onde reina a devoção
Me apresentou para o padre
Que me fez a confissão

Depois de muitos conselhos
Eu chorava de emoção
Tomei a hóstia sagrada
Minha santa comunhão

Daquele dia pra cá
Tenho Deus no coração
Nunca mais peguei baralho
Me livrei da tentação


TEXTO: Chico Cougo
FOTO: Capa do LP "Saudades de Passo Fundo" (Chantecler, 1962)

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AOS AMIGOS DO 'REVIVENDO TEIXEIRINHA'

>> 10 de ago. de 2007

Alô amigos do Revivendo Teixeirinha! É com grande satisfação que anuncio a todos que ultrapassamos a marca das 1.300 visitas num período de apenas cinco meses. E tudo isso graças a vocês que acessam o blog, comentando, sugerindo e fazendo deste um espaço entre amigos.
Para comemorar o sucesso do blog, estou preparando novidades. Para começar, em breve teremos uma nova identidade visual. O Revivendo Teixeirinha vai ficar mais bonito, mais ágil e, principalmente, mais interativo. O objetivo é aumentar ainda mais o contato entre todos nós. Para isso, já está sendo preparada uma estrutura com o que há de melhor. É só aguardar...

Além das mudanças que vem por aí, preciso responder alguns comentários que, devido ao curto tempo, ficaram sem resposta. Como os assuntos são variados, vamos listá-los abaixo:

TEIXEIRINHA EM QUADRINHOS: Depois da matéria sobre a revista em quadrinhos “Coração de luto”, choveram pedidos para que ela fosse digitalizada e disponibilizada na Internet. Entendo que os fãs queiram conhecer mais este material (e sei bem o que é isso!). Contudo, minha própria condição de pesquisador não me permite tornar público um conteúdo protegido por direitos autorais. Enfim, espero que todos entendam...

TEIXEIRINHA X GILDO DE FREITAS: Recentemente me foi pedida uma matéria abordando a “briga” musical que envolveu Teixeirinha e Gildo de Freitas. Com certeza é um tema muito bom e que renderá uma grande matéria em breve. Agradeço a sugestão e, assim que o conteúdo estiver alinhavado, publico o texto.

YOU TUBE: Demorou, mas Teixeirinha chegou ao sensacional site de vídeos You Tube. Se tudo correr conforme o esperado, a nova interface do blog vai permitir que vocês tenham acesso direto a estes e outros vídeos do “gaúcho coração do Rio Grande”.

DESAFIOS: Num curto período foram realizadas duas matérias relativas aos desafios, as trovas cantadas por Teixeirinha e Mary Terezinha. O primeiro texto foi idealizado por mim mesmo. Já o segundo – uma relação com todos os desafios gravados por Teixeirinha – foi escrito a partir de um pedido deixado nos comentários. Agradeço aqui a sugestão!

Enfim, mesmo que demorem a ser atendidos peço que continuem fazendo pedidos ou sugestões nos comentários. Vale lembrar que vocês são a única razão para a existência da página e, por isso, seus comentários são importantes. Um grande abraço a todos e confiram a seguir o texto inédito “Gaúcho de Passo Fundo”.

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GAÚCHO DE PASSO FUNDO


Nesta semana a cidade de Passo Fundo, no Planalto Médio gaúcho, comemorou 150 anos de história. Do município saíram alguns nomes nacionalmente conhecidos como o violonista Yamandú Costa e o jogador da Seleção Masculina de Vôlei, Gustavo Andrés. Mas, curiosamente, o cidadão mais ilustre daquela terra não nasceu por lá: é claro que estamos falando do “Rei do Disco” Teixeirinha.
Depois de percorrer inúmeras cidades do interior gaúcho, Teixeirinha chegou a Passo Fundo em 1958. Ainda não era famoso, o que o obrigou a montar uma banca de tiro ao alvo no centro da cidade. Esta banca ficava na Avenida Brasil (a principal da cidade) na esquina com a Rua 7 de setembro, onde hoje localiza-se o shopping Bella Citta. Durante o dia, o cantor atendia os clientes na barraca e, à noite, cantava nas rádios locais.
Em 1959, contando com a colaboração de amigos passo-fundenses e com sua própria coragem, Teixeirinha gravou seu primeiro compacto pela gravadora paulista Chantecler. De volta a Passo Fundo, conseguiu vender os discos e retornou a São Paulo onde gravou mais três compactos. Como sabemos, no quarto 78 RPM (aquele que tinha no lado B a toada-milonga “Coração de luto”) ele se tornou um sucesso em todo o Brasil e acabou tendo que trocar Passo Fundo por Porto Alegre, de onde passou a coordenar sua carreira artística.
Mesmo longe dos amigos passo-fundenses, Teixeirinha jamais esqueceu o carinho daquela cidade que ele mesmo adotou como sua terra natal (ao menos artisticamente). Isso se refletiria em diversos pontos de sua vasta obra. Basta lembrar que em 1959, no mesmo disco que o consagraria com “Coração de luto”, ele gravou o xote “Gaúcho de Passo Fundo”, sua primeira manifestação de amor àquela terra. A música foi catapultada com o sucesso de seu primeiro LP e o município do Planalto Médio ficou conhecido em todo o Brasil como a “terra do Teixeirinha”. Na letra do animadíssimo xote – que hoje é uma espécie de hino informal dos passo-fundenses –, Teixeirinha exalta aquela “terra de homem valente e moça bonita”:

Não sou nervoso e nem carrego medo
Eu me criei sem conhecer remédio
Eu meto os ‘peito’ em qualquer fandango
Mas quando eu me zango até derrubo prédio
Eu sou gaúcho e se me agride eu tundo
Sou de Passo Fundo do planalto médio

Mas as homenagens a Passo Fundo não ficariam por aí. Consagrado nacionalmente, Teixeirinha lançou em 1962 um LP intitulado “Saudades de Passo Fundo”, cuja faixa homônima tornou-se o carro chefe do disco. No refrão, Teixeirinha reforça seu carinho ao município afirmando mesmo ter nascido por lá:

Meus patrícios brasileiros
Não nasci no fim do mundo
Minha terra é no Rio Grande
Cidade de Passo Fundo

Aliás, não foi só desta vez que Teixeirinha afirmou ter nascido no Planalto. Em “Passo Fundo do coração” (O internacional, 1973) ele registra mais uma vez o apreço pela cidade que lhe acolheu artisticamente:

Eu venho vindo lá de Passo Fundo
Não é no fim do mundo, fica logo ali
É uma linda cidade no alto da serra
Minha querida terra, onde eu nasci

A terra do trigo seria citada, ainda, em pelo menos mais nove canções, quatro delas desafios nos quais Teixeirinha opõe Passo Fundo à Bagé, terra de Mary Terezinha. Nestas tantas canções em homenagem aos passo-fundenses, merecem destaque “Vinte de setembro” (Canta meu povo, 1977) e “Chegando de longe” (Chegando de longe, 1983).
Em “Vinte de setembro”, Teixeirinha reporta sua participação nas festividades comemorativas ao Dia do Gaúcho em Passo Fundo. Com a simplicidade e talento que sempre lhe foram peculiares, o compositor descreve em detalhes o desfile a cavalo pelas ruas da cidade e até o churrasco saboreado no CTG Osório Porto depois da cavalgada. Nos versos que iniciam a composição já podemos ver o clima festivo deste dia que virou música:

Vinte de setembro, acordei no Planalto
Pra desfilar no asfalto lá em Passo Fundo
Montei num lindo pingo do pêlo bordado
Cavalo afamado, o melhor do mundo

Já na canção “Chegando de longe”, que marca uma fase final da carreira de Teixeirinha, podemos ver que – mesmo 20 anos após ter ido embora da cidade – ele ainda tem grande emoção ao falar de Passo Fundo:

Estou chegando de longe
Da terra de Passo Fundo
Se não prestar para alguém
Pra mim é a melhor do mundo

Além das composições, Teixeirinha ainda rodou um de seus filmes na cidade e, para completar, deu à fita o título “O gaúcho de Passo Fundo”. O filme contou com um bom número de figurantes do próprio município e, por isso, superlotou os cinemas da região. Foi uma das maiores provas de que Teixeirinha não apenas tinha intensa admiração por aquela terra como também não a esqueceu em nenhum momento, cantando músicas que a saudavam, gravando filmes por lá e realizando shows sempre que possível.
Passo Fundo e seus cidadãos sempre procuraram retribuir esta dedicação de Teixeirinha. Em vida, ele foi agraciado em 15 de junho de 1962 com o título de “Cidadão Passo-Fundese”. Depois de morto, recebeu outras inúmeras homenagens. Dentre as mais significativas, constam a nomeação do Ginásio Municipal de Esportes (batizado de Vitor Mateus Teixeira – Teixeirinha) e a estátua erigida em sua homenagem na Avenida Brasil, entre as ruas XV de Novembro e 7 de setembro, local onde funcionava o já citado tiro ao alvo do cantor antes da fama. Homenagens mais do que justas a quem levou o nome de Passo Fundo a tão longe.

TEXTO: Chico Cougo
FOTO: Monumento a Teixeirinha (Passo Fundo)

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GUERRA DE RIMAS: OS DESAFIOS

>> 3 de ago. de 2007


Há algum tempo atrás falei aqui no Revivendo Teixeirinha das famosas trovas, os desafios que marcaram toda a carreira de Teixeirinha. Para quem não teve a oportunidade de ler um pouco sobre estes sucessos que foram as guerras de versos entre o Rei do Disco e Mary Terezinha, recomendo que vasculhem nos arquivos, onde encontrarão o artigo “O melhor dos desafios”.
Contudo, atendendo a pedidos, hoje falarei um pouco mais sobre as popularíssimas trovas. Como já foi dito na outra oportunidade, o primeiro desafio surgiu em 1965 no LP “Disco de Ouro” (Chantecler). Na rinha de rimas, intitulada “Desafio”, Teixeirinha e Mary se engalfinhariam nos versos, dando origem a outros tantos desafios até o ano de 1983. Depois deste ano, Teixeirinha ainda regressaria ao repente, desta vez cantando ao lado da mineira Nalva Aguiar.
Para esclarecer dúvidas ou apenas saciar a curiosidade, resolvi listar todos os desafios da carreira de Teixeirinha e Mary Terezinha, LP e a gravadora pela qual cada um foi lançado, além do ano de gravação:

Desafio (“Bate, bate coração”, Chantecler, 1965)
Desafio pra valer (“Disco de Ouro”, Chantecler, 1966)
Desafio do arremate (“Teixeirinha no cinema”, Chantecler, 1966)
Desafio dos cobras (“Teixeirinha no cinema”, Chantecler, 1966)
Os cãn-cãns do desafio (“Mocinho aventureiro”, Copacabana, 1967)
Desafio do grenal (“Dorme Angelita”, Copacabana, 1967)
Desafio dos bambas (“Doce coração de mãe”, Copacabana, 1968)
Desafio do martelo (“Última tropeada”, Copacabana, 1968)
Desafio da escopa (“O rei”, Copacabana, 1969)
Briga bonita (“Carícias de amor”, Copacabana, 1970)
Bom de bola (“Carícias de amor, Copacabana, 1970)
Martelinho pra frente (“Entre a cruz e o amor”, Copacabana, 1971)
Pega e gruda (“Chimarrão da hospitalidade”, Copacabana, 1971)
Agora tu me paga (“O internacional”, Continental, 1973)
Desafio dos cobrões (“Sempre Teixeirinha”, Continental, 1973)
O desafio dos doutores (“Ultima gineteada”, Continental, 1974)
Desafio dos brasas (“Lindo rancho”, Copacabana, 1975)
Isso que é desafio (“20 anos de glória”, Chantecler, 1979)
Bota desafio nisso (“Menina Margarethe”, Chantecler, 1980)
Dois martelos (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Briga de amor (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Versos de pouca rima (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Proezas do Teixeirinha (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Desafio das perguntas (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Improviso marca T (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Como será o fim (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Chumbo grosso (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Soneto de amor (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Desafio da louça (“10 desafios inéditos”, Chantecler, 1982)
Desafio Vasco X Flamengo (Não identificado)

Como podemos ver, existem 30 desafios num período que vai de 1965 até 1982 e que tem pouquíssimas interrupções. Lançado o primeiro desafio em 65, os próximos 6 anos todos terão pelo menos uma trova em cada disco, comprovando o sucesso do gênero. Vale lembrar que destes 30 desafios, 10 foram inclusos no LP “10 desafios inéditos”, lançado em 1982 pela Chantecler. É importante frisar também que não foram contados nesta lista as 10 trovas gravadas em disco com a cantora Nalva Aguiar.
Os admiradores da obra de Teixeirinha certamente possuem seus desafios favoritos. Pessoalmente, gosto muito do “Desafio do Martelo” e do “Isso que é desafio” (neste Teixeirinha e Mary envolvem-se numa briga com relação a times de futebol e acabam discutindo até a política da época). Outro desafio bastante engraçado é o “Desafio pra valer”, cantado no estilo mais tradicional da trova gaúcha e com acompanhamento de uma platéia. Enfim, música de qualidade, humorismo sadio e Teixeirinha e Mary Terezinha. Mistura perfeita, sucesso garantido!

TEXTO: Chico Cougo
FOTO: Capa do LP “10 desafios inéditos”

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