FORA DE SÉRIE...

>> 27 de abr. de 2007

Desde o início da carreira, Teixeirinha sofreu duros ataques da chamada “crítica especializada” do Brasil. Enquanto a grande massa consumia avidamente seus discos e emocionava-se com a triste história de “Coração de Luto”, jornais e revistas acusavam o “rei do disco” de fazer uso do sentimentalismo das pessoas para promover-se.Um dos mais ferrenhos inimigos de Teixeirinha foi o polêmico apresentador de televisão Flávio Cavalcanti. Famoso por quebrar discos considerados ruins em seu programa de TV, o comunicador viu em Teixeirinha uma ofensa à boa música. O gaúcho, entretanto, revidou as ofensas de Flávio Cavalcanti e os dois travaram épicas batalhas no ar. As brigas logo elevaram a audiência dos programas de Cavalcanti e levantaram a venda de discos de Teixeirinha. Os dois perceberam e continuaram com a fórmula que rendia frutos para ambos.Como era de seu costume, logo Teixeirinha dedicaria canções à Cavalcanti. Em “Júri frustrado” (Sempre Teixeirinha, 1973), o cantor aconselha Flávio Cavalcanti a tirar férias para conhecer a música do interior, que é brasileira e decente. Já em “Na base do improviso” (Guerra dos desafios, 1983), o compositor revela que o apresentador sempre andava a sua caça, mas no fundo é boa praça.Entretanto, a guerra na TV rendeu um fato ainda mais pitoresco e digno de ser recordado. Em 1971, a gravadora Copacabana lança “Teixeirinha num fora de série”, um LP contendo 12 canções escolhidas pelo próprio Flávio Cavalcanti e interpretadas pelo cantor gaúcho. A capa do LP já é, no mínimo, inusitada: Teixeirinha e Cavalcanti aparecem apertando as mãos, num sinal de reconciliação! O conteúdo do disco, entretanto, acabaria transformando aquele num dos melhores LP’s da carreira de Teixeirinha.No lado A, encontramos alguns clássicos da boa música brasileira: “Vingança” (Lupicínio Rodrigues), “Ave Maria” (Erothides de Campos), “Beija-me muito” (Consuelo Velásquez), “Última inspiração” (Peterpan), “A volta do boêmio” (Adelino Moreira) e “O destino desfolhou” (Mário Rossi e Gastão Lamounier). Com certeza, nesta face do disco é bastante difícil dizermos qual a melhor interpretação, embora o samba de Adelino Moreira mereça destaque.No lado B do disco, continuam as boas canções: “Tristeza do Jeca” (Angelino Oliveira), “Sertaneja” (René Bittencourt), “Caminhemos” (Herivelto Martins), “Sempre no meu coração” (Ernesto Lecuona), “Bodas de prata” (Roberto Martins e Mário Lago) e “Cinco letras que choram” (Silvino Neto). Percebe-se que nesta parte são inclusas faixas com foco na vida sertaneja. Entretanto, o grande destaque fica por conta de “Sempre no meu coração”, versão brasileira de “Always in my heart”.O responsável pela seleção do repertório – o próprio Flávio Cavalcanti – escreveria na contracapa do LP: “Aqui está um disco que eu jamais poderia quebrar. Até porque fui eu mesmo quem sugeriu esta viagem de Teixeirinha por outros campos e vales, e essa identificação com a canção brasileira em dimensão nacional.” Na mesma contracapa, Teixeirinha e Flávio Cavalcanti aparecem tomando um “cafezinho”, ambos sorridentes. Acima, o título: “TEIXEIRINHA abre novas fronteiras”.O resultado final da obra mostraria que, polêmicas à parte, os dois se beneficiavam muito um do outro. Para Teixeirinha, foi a chance de cantar a MPB sem deixar de ser o “gaúcho coração do Rio Grande”. Para Flávio Cavalcanti, a certeza que ele mesmo anunciava: “A simples intenção deste disco é tão boa que merece um grande sucesso. E este já está garantido pelo imenso – indiscutivelmente imenso – público de Teixeirinha.”

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COMUNICADO

>> 21 de abr. de 2007

Estive com alguns problemas de tempo e, por isso, não atualizei o blog nas duas últimas semanas. Contudo, a partir da próxima semana, estarei de volta com textos inéditos sobre o grande Teixeirinha. Agradeço a todos os que seguem visitando a página.

Obrigado.
Chico Cougo

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VENENO NA TERRA

>> 6 de abr. de 2007

Em tempos onde muito se tem falado sobre a preservação da natureza, relembramos hoje a bonita canção “Veneno na terra”, composta por Teixeirinha. Vinte e cinco anos após seu lançamento, a música – um verdadeiro exemplo do imenso universo criativo do compositor – continua atual.
“Veneno na terra” foi lançada como a 11ª faixa do LP “Que droga de vida” (Chantecler, 1982). Na letra, Teixeirinha expressa sua indignação para com aqueles que insistem em destruir o meio-ambiente com venenos (agrotóxicos) e desmatamento. Boa parte da canção discorre acompanhada pelo som de pássaros, dando um tom bastante poético à melodia. Entre um verso e outro, Teixeirinha revela seu pensamento sobre a ciência, falando: “Eu não sou contra a química. Mas aquela que mata o homem, eu sou contra!”.
“Veneno na terra” é mais uma das tantas canções de Teixeirinha que merecem ser sempre lembradas e ouvidas. Mesmo 25 anos após seu lançamento, ela ainda permanece atual, servindo como um bonito convite à reflexão sobre a natureza. Por isso mesmo, segue abaixo a letra de “Veneno na terra”. Quem preferir ouvi-la pode adquirir o CD 40 da Série Gauchíssimo (Orbeat Music, 2005), disco que leva o mesmo nome do LP lançado em 1985: “Que droga de vida”.

Veneno na terra (Teixeirinha)

*

Veio o progresso e destruiu as matas
E os passarinhos já foram embora
Os que não foram, o veneno matou
Ai que tristeza, Rio Grande de outrora

Sei que o progresso é muito importante
Mas muita coisa ele também destrói
A natureza silvestre e saudável
Já não tem mais, e o coração me dói

Não vejo as águas dos rios e riachos
Tão cristalinas como antigamente
Onde as espécies matavam a sede
E a natureza sorria pra gente
Veneno brabo, do progresso louco
Poluiu tudo, desgraçadamente

*

[Falado]
“Eu não sou contra a química. Mas aquela que mata o homem, eu sou contra!”

É muito lindo verduras plantadas
Ver os trigais, os arrozais também
Mas é na base do puro veneno
Venha e me digam que graça isso tem

Ganância é triste, querem plantar tudo
Por que não plantam só a metade?
Reserve as matas à Mãe Natureza
Que dá saúde para Humanidade

Como é que antes plantavam e colhiam?
Sem o veneno não havia fome
Por que um inseto combatia o outro
E não morria envenenado o homem
Mas gananciosos derrubaram as matas
E é só veneno que o povo come

*

[Falado]
“E foi por isso que mudou a ecologia!”

Quero a volta das verdes matas
Quero as espécies do animal nativo
Quero os peixes e as águas puras
E também quero o progresso vivo

Quero o retorno dos passarinhos
Quero a pureza do campo e da serra
Pra não matar o homem do amanhã
Não ponham mais veneno na terra

Quero que morra o cientista burro
E no caixão leve todo veneno
Quero que nasça um cientista humano
Com outra química para o terreno
Vão se unir matas e plantações
E amanhecer molhadas de sereno

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