MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 31

>> 29 de mai. de 2008


Mais uma semana corrida, mas desta vez consegui manter o ritmo de postagens e logo abaixo está mais uma matéria especialmente preparada para vocês. Como não venho tendo muitos comentários (o pessoal anda sumido...), vou apenas responder às duas únicas participações que estão pendentes.


Filmes


O Marcus Vinícius pergunta como pode adquirir a filmografia de Teixeirinha. Realmente, é uma tarefa tão difícil quanto reunir todos os LPs do cantor. Em primeiro lugar, porque o filme Coração de Luto está em poder do Museu do Trabalho (por trás dele está o grupo RBS) que ainda não acenou com a possibilidade de relançá-lo em DVD. Já Motorista sem limites, pertence a Itacir Rossi (dono da extinta Interfilmes) que, ao que parece, também não pretende relançar a película. Os outros 10 títulos, produzidos pela Teixeirinha Produções, dependem de verba e de um projeto de recuperação. Espero que pelo menos estes possam ser relançados em breve. Por enquanto, até onde me lembro, a Fundação Teixeirinha disponibiliza cópias dos filmes em fitas cassete mediante o pagamento de uma quantia. É sempre bom lembrar que também circulam por aí cópias clandestinas das produções.


Agradecimento


Fiquei bastante feliz em saber que o amigo "Gaúcho On-Line" (Jaison), gostou da última matéria postada ("Fenômeno Teixeirinha: é Possível?"). Ele deixou um comentário ótimo e bem produtivo pelo qual agradeço. Grande abraço, amigo!


Um abraço também a todos os que pitaram por aqui na última semana. E quero lembrar que estou pondo em dia todos os pedidos que vocês me fizeram. Semana que vem tem mais!

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A DISCOGRAFIA DE MARY TEREZINHA

A postagem de hoje é pra lá de especial. Depois de muitos pedidos, de algumas buscas, da ajuda de amigos e de uma pitada de sorte, consegui montar boa parte da discografia da “menina da gaita”, Mary Terezinha. Trata-se de um considerável conjunto de discos que começa com um compacto em 1961 e se estende até a atualidade, quando a acordeonista adotou a música gospel como ponto central de sua carreira. Abaixo, segue a discografia de Mary. Peço desculpas por não incluir o nome das canções e dos autores, mas é que por enquanto não tenho todas as informações necessárias. Junto aos discos, coloquei pequenas fotografias das capas para ilustrar e apresentar a quem não conhece os LPs e CDs da eterna “Princesinha do Rio Grande”.


Os primeiros LPs: "Valsa das rosas" (1966), "Pregador de bolinha" (1966) e "A volta da banda" (1967). Em destaque, a beleza da jovem Mary Terezinha.


Discos de 78 RPM

- Sertanejo – PTJ – 10.238 (1961)
- Sertanejo – CH – 10.259 (1962)
- Sertanejo – CH – 10.308 (1962)
- Sertanejo – CH – 10.316 (1962)



Mais três discos long-play de Mary, agora nos anos 1970.


Compactos duplos

- “Chorando de Saudade” – Chantecler – C-33.642 (S/D)
- Copacabana – 3581 (1970)



Os últimos discos lançados por Mary antes da separação de Teixeirinha. Logo, a prenda daria lugar a uma cantora de estilo sertanejo.

Long-playings (LP)

- “Valsa das rosas” – Sertanejo / Chantecler – CH 3.117 (1966)
- “Pregador de bolinhas” – Sertanejo /Chantecler – CH 3133 (1966)
- “A volta da banda” – Copacabana – CLP 11.496 (1967)
- “Mary Terezinha” – Continental – LPS 22.002 (1973)
- “Minha mensagem” – Continental – (1974)
- “Mary Terezinha” – Som/Copacabana – SOLP 40671 (1975)
- “Mary Terezinha” – Continental – (1978)
- “Sou gaúcha” – Musicolor/Continental – 1.04.405.258 (1978)
- “Amiga” – Continental – (1981)
- “Grande Mary Terezinha” – Fontana/Philips – 824 181-1 (1984)
- “A rainha” – Tropical/Polygram – 827 874-1 (1985)
- “Kilômetro 1” – Musicolor/Continental – 1.04.405.559 (1987)
- “Mery Terezinha” – Esfinge – 12.003 (1989)
LPs "Grande Mary Terezinha" (1984), "A rainha" (1985) e "Kilômetro 1" (1987): músicas de protesto e provocações a Teixeirinha.


CDs

- “Mary Terezinha”
- “A serviço do rei”

LP "Mery Terezinha" (1989) e os CDs "Mari Terezinha" e "A serviço do rei", dedicados a música gospel.


Se alguém tem alguma foto e/ou informação sobre qualquer destes discos, por favor, envie para o e-mail chicocougo@gmail.com . Esta postagem só foi possível graças a colaboração do amigo Samuel.

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MUNDO TEIXEIRINHA – Edição 30

>> 24 de mai. de 2008


Estou chegando com um Mundo Teixeirinha curtíssimo, mas muito especial. Gostaria de agradecer a todos os que visitaram o blog neste meu retorno (Elci, Samuel e Roberto, em especial, pois deixaram recadinhos) e também quero dizer que estou recebendo novas sugestões para textos. Semana que vem começo a atender antigos pedidos (vou trazer a discografia completa de Mary Terezinha). Até o final de junho disponibilizo a tão pedida listagem de músicas de Teixeirinha. Muito obrigado a todos e até semana que vem!

PS: Nesta semana atingimos a marca de 20.000 visitas! Muito obrigado!

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FENÔMENO TEIXEIRINHA: É POSSÍVEL?

Vamos fazer um exercício de reflexão: até meados do século XX, a música produzida no Rio Grande do Sul só tinha alcançado projeção nacional em três momentos. O primeiro, lá pelos idos de 1940, consagrou e imortalizou Lupicínio Rodrigues e seus sambas de “dor-de-cotovelo”. O segundo, também na década de 40, é marcado pela destacada atuação de Pedro Raymundo (célebre autor de Adeus, Mariana). Por fim, já na década de 1950, o Brasil conhece o grupo Os Bertussi, instrumentistas que se definiriam mais pelo viés do folclore e do erudito.

Eis que, em 1959, surge Teixeirinha. A história vocês já conhecem: o órfão que cresceu e venceu, cantando sua própria vida nos versos da imbatível Coração de luto. Os números divergem: há quem diga que Teixeirinha vendeu cerca de 25 milhões de discos; para Mary Terezinha, as cifras são maiores (80 milhões, diria ela no documentário “O Gaúcho Coração do Rio Grande”, exibido em 2006). Não importa. Indiscutivelmente, Vitor Mateus Teixeira foi (e continua sendo) o maior sucesso de vendagens da música no Rio Grande do Sul.

Mas o assunto aqui é outro. Com o sucesso de Teixeirinha, a música gaúcha ganhou uma projeção nacional jamais vista. O “Rei do Disco” – que surgiu como um fenômeno geograficamente isolado – logo fez escola, proporcionando a abertura do mercado para aqueles que quisessem seguir seu caminho. E não faltaram candidatos...

Em 1967, em pleno bafafá gerado pelo sucesso de Coração de luto (agora nos cinemas), surge um novo campeão de vendas “made in RS”. Estou falando do sempre saudoso “Gaúcho Seresteiro” José Mendes, que depois da explosão de Pára...Pedro, conseguiu se estabelecer como o segundo “cartaz” regional. Seus discos, gravados pela Copacabana, venderam cerca de 500 mil cópias. Houve um período em que Mendes quase alcançou Teixeirinha (e no cinema o filme Pára...Pedro seria o único a desbancar Coração de luto). Porém, em 1974, José Mendes teve sua carreira tragicamente interrompida por um acidente de automóvel. Com a morte do jovem cantor, Teixeirinha voltou a reinar absoluto no mercado musical.

Gildo de Freitas – teoricamente o maior rival do “Rei do Disco” – nunca chegou a alcançar vendagens astronômicas. Gildo era definitivamente mais contido. Não emplacou nenhum sucesso estrondoso como Coração de luto ou Pára...Pedro. Suas canções, quase sempre autobiográficas, falavam de assuntos variados e em geral muito restritos ao Rio Grande do Sul. Além disso, sua pouca disciplina e um quase desapego total à saúde e aos negócios, fez com que o “Trovador dos Pampas” não tivesse uma produção musical regular, o que é fundamental no campo artístico.


José Mendes, Gildo de Freitas e Jorge Camargo não conseguiram alcançar Teixeirinha nos anos 1960
Nos anos 1970, apesar do surgimento do “nativismo” (marcado pela criação da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana), os gaúchos seguem representados por Teixeirinha no cenário nacional. Ele é o único que consegue atravessar as décadas de 1960 e 1970 sem abalos significativos, produzindo quase sempre dois LPs por ano (em 1974, devido à crise do petróleo, o cantor só lançaria um disco). Neste período, surgem diversos nomes tentando alcançar o mesmo sucesso: em Santa Maria, Rodrigo (auto-intitulado “Gaúcho Rei dos Pampas”) se apresenta em rádios locais e até grava algumas músicas, mas é constantemente acusado de plagiar Teixeirinha; na capital, Jorge Camargo tenta fazer sucesso gravando composições do “Rei do Disco”, mas também não alcança grande êxito. Duplas no estilo “Teixeirinha-Mary” também aparecem: Nelson e Jeanette fazem uma carreira apagada; já Zezinho e Julita (apoiados por Teixeirinha) conseguem alguma fama, mas não saem das fronteiras do Rio Grande do Sul.

É só no início dos anos 1980 que surgem novos fenômenos. O primeiro se chama Gaúcho da Fronteira – que no início da carreira era chamado de “Teixeirinha da Fronteira” – e consegue a façanha de vender mais de 2 milhões de discos. A segunda é Berenice Azambuja, gaúcha de voz afinadíssima que seria consagrada em todo o país pela música “É disto que o velho gosta” (vendeu cerca de 1 milhão de cópias). Mas enganam-se redondamente os que acham que eles desbancaram Teixeirinha. Em 1984 – um ano antes de morrer, a propósito – o sempre surpreendente “Rei do Disco” ganharia mais um “Disco de Ouro” pelo estrondoso sucesso do LP “Quem é você agora...”, definindo claramente quem era – ainda! – o gaúcho campeão de vendas.

Zezinho & Julieta, Berenice Azambuja e Gaúcho da Fronteira fizeram relativo sucesso
Mas a morte de Teixeirinha, em 1985, marcaria o final da maior representação gaúcha no mercado fonográfico brasileiro. Infelizmente, os sucessos de Berenice Azambuja, Gaúcho da Fronteira e Moraezinho (que não chegou a ficar tão famoso como cantor, mas sim como compositor de Panela velha) não foram adiante. Os Serranos, grupo que despontou com grandes expectativas, também parou nas fronteiras do Rio Grande. Melhor sorte, tiveram a dupla Kleiton e Kledir (venderam aproximadamente 2 milhões de discos) e o grupo pop Engenheiros do Hawaii (vendeu 3 milhões de discos), mas apenas estes últimos se mantiveram vivos no mercado.

No setor regionalista, Teixeirinha não foi substituído nem de perto. Simplesmente ninguém conseguiu se manter no mercado vendendo pelo menos metade do que ele vendia. Teixeirinha Filho, candidato oficial a substituir o astro, teve limitadíssima repercussão nacional, embora seu sucesso seja relativamente grande no Rio Grande do Sul. José Mendes Junior – que chegou com ousada proposta de reviver o sucesso de José Mendes – também não emplacou. Rui Biriba, Baitaca e até o insólito Paulinho Mixaria conseguiram repercussão restrita, ao passo que os grupos Tchê Barbaridade e Tchê Garotos chegaram a ensejar – sem grande alarido da imprensa – uma carreira nacional.

22 anos depois da morte de Teixeirinha, ainda pairam perguntas: quem irá alcançar um sucesso semelhante? Será que o Rio Grande do Sul ainda é capaz de produzir um outro “Rei do Disco”? O que dizer das gerações atuais, marcadas por nomes como Teixeirinha Neto e Neto Fagundes? Será que a tão criticada “tchê music” é o único caminho comercial para a música gaúcha? A Bahia deu seus fenômenos (representados por É o Tcham, entre outros), Goiás e Mato Grosso aumentam as fileiras do sertanejo-romântico e até o Pará revelou a explosão Calypso nos últimos anos. O que resta ao Rio Grande do Sul?


Quem alcançará Teixeirinha?

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 29

>> 15 de mai. de 2008


Depois de muito prometer, estou retornando ao que espero ser a “regularidade” das postagens aqui no blog. Apesar da correria de sempre (e da falta de Internet em casa – o que espero resolver até o fim do mês), vou aos poucos impondo um novo ritmo capaz de suprir as necessidades de tempo. Sem mais delongas, vamos ao que interessa!

Próximos “Discomentando”

Como vocês podem observar abaixo, já está no ar o “Discomentando” sobre o LP “Guerra dos Desafios”. Listo, a seguir, os próximos discos que serão analisados (atendendo aos pedidos dos internautas):

Junho: “Carícias de amor”
Julho: “Teixeirinha interpreta”
Agosto: “Canta meu povo”

Aguardo sugestões para os próximos meses!

Jorge Camargo

Há quase um mês o Mauro Trindade escreveu oferecendo um disco do cantor Jorge Camargo ao blogueiro que vos escreve. Só agora respondendo ao Mauro, digo que aceito o “bolachão”. Se quiser tratar sobre as questões do envio, o Mauro pode mandar um e-mail para chicocougo@gmail.com

O povo quer música!

É lamentável o momento vivido pelo mercado fonográfico: faltam discos de Teixeirinha e a demanda não pára de crescer. Aqui no blog, o Djeimi, a Cristina e o Aurélio pedem músicas do cantor, pois não encontram os CD’s à venda. Infelizmente, não posso enviar tais composições e nem temos notícias de possíveis remasterizações à vista. Mas uma coisa é certa: esta falta de produtos no mercado é só mais um potente combustível para a tão combatida pirataria. Se o mercado não quer que os “piratas” entrem em ação, deveriam se preocupar mais com estas questões!

“Resposta do Coração de Luto”

O Celso faz uma pergunta interessante: “Na música ‘Resposta do Coração de Luto’ quem faz a voz da mãe do Teixeirinha?”. Confesso que não sei a resposta, mas vou procurar por informações acerca do assunto. Minha hipótese é a mesma do Celso: a voz é de Amélia Bittencourt.

A mãe da Mary

A Cristina quer saber informações sobre a mãe de Mary Terezinha. Por ora, não tenho informações sobre a responsável pela nossa querida “menina da gaita”, mas vou investigar.

Valdomiro Mello

O Rafael Luiz traz mais uma daquelas perguntas difíceis de responder: quais papéis foram feitos por Valdomiro Mello nos filmes de Teixeirinha? Confesso que jamais havia reparado nisso. Vou pesquisar um pouco em casa e na semana que vem devo ter a resposta.

Agradecimentos (agora sim, nominais)

Retornando aos agradecimentos de todos os que, pacientemente, têm visitado o blog em busca de atualizações. Nominalmente, agradeço aos que participaram neste conturbado mês: Rafael Luiz, Mauro Trindade, Jaison, Djeimi, Jair Augusto, Celso, Nilton Tavares, Cristina, João, Aurélio, Arnaldo Guerreiro, Sandro Keche, Claudiomar de Oliveira e a todos mais que não deixaram seus comentários, mas que lêem atentamente ao humilde material editado. Abraços e até semana que vem!

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DISCOMENTANDO: “Guerra dos Desafios” (1984)

[Clique na imagem para ampliar]

Em 1982, o LP “Trovas”, da dupla Kleiton e Kledir, incentivou Teixeirinha a produzir um disco contendo dez desafios inéditos, cantados por ele e Mary Terezinha. Desde o fim dos anos 1960, os embates entre o “rei do disco” e a “menina da gaita” eram os principais responsáveis pelo sucesso da dupla. O disco, lançado pela Chantecler, trazia Teixeirinha e Mary em plena forma.

A boa vendagem de “10 desafios inéditos” fez com que a gravadora do “galinho” repensasse sua estratégia. A previsão era de que, a partir de 1983, um outro LP especialmente voltado para os desafios chegasse às lojas. Entretanto, nos dois discos seguintes Teixeirinha e a Chantecler obedeceram à fórmula convencional, isto é, exploraram canções que abordavam temas e ritmos variados.

Neste contexto, um fato marcou definitivamente o projeto de um segundo disco de desafios: em janeiro de 1984, Mary Terezinha e Teixeirinha encerraram – de forma até hoje polêmica – uma parceria pessoal e conjugal que já durava 22 anos. Pela primeira vez, desde 1961, o “rei do disco” estava sozinho.

Para suprir a falta de Mary no acordeom, Teixeirinha travou contatos com Alberto Manique (que já participara da elaboração de boa parte dos arranjos do LP “Que droga de vida”, lançado em 1982) e, mais tarde, com a jovem Adenir Terezinha – oficialmente, sua nova parceira. Porém, faltava uma voz, uma figura tão marcante quanto a de Mary na interpretação dos duetos e desafios. E a Chantecler queria um novo disco com trovas!

A solução para o problema veio do próprio cast da gravadora. A partir de conversas entre artistas e diretores, ficou acertado que a mineira Nalva Aguiar – cantora de sucesso no público sertanejo, reconhecida como “Rainha dos Caminhoneiros” – seria a parceira de Teixeirinha num LP contendo apenas desafios. Nascia aí o disco “Guerra dos Desafios – Teixeirinha e Nalva Aguiar”, único long-play dividido por Vitor Mateus Teixeira com outra intérprete (a exceção dos discos gravados ao lado de Mary, evidentemente).

“Guerra dos Desafios” (com o subtítulo “Minas Gerais X R.G. do Sul”) chegou ao mercado em meados de 1984, quando os jornais do Rio Grande do Sul deliciavam-se explorando (à exaustão, diga-se de passagem) o rompimento entre Mary e Teixeirinha. Como este seria o primeiro LP do gaúcho depois da separação, a imprensa acalentava imensa curiosidade em saber como, afinal, a separação seria tratada. Antes do lançamento, o jornal Zero Hora informava que o novo disco do cantor deveria vender muito, alçado pelas polêmicas que envolviam seu nome.

Eis, então, que o disco começou a circular. Na capa, um cenário meio real, meio forjado (com desenhos de placas sinalizando quadros e faixas nas quais se anunciava o grande embate de rimas entre a mineira e o gaúcho). Teixeirinha, devidamente pilchado e abraçado ao violão, aparece ladeado por Nalva, vestida com trajes que lembram os vaqueiros norte-americanos.

Assim como “10 desafios inéditos”, “Guerra dos Desafios” traz apenas uma dezena de faixas. A maior parte delas, entretanto, tem duração de três a cinco minutos, compensando – portanto – a falta das tradicionais doze músicas. O primeiro título é “Ferro a ferro”, uma música que já demonstra o que seria todo o disco: mudanças súbitas de tom (é visível a disparidade entre os tons de Nalva e os de Teixeirinha), desafios na linha tradicionalmente explorada pelo “rei do disco” e instrumentação básica de violões, gaita, percussão, baixo e – em alguns momentos – fagote, viola e guitarra. Neste início, Teixeirinha parece mesmo se divertir ao entoar mais uma vez o gênero que, desde 1966, era freqüente em seu repertório.

Como nos tempos de Mary, neste LP Vitor Mateus Teixeira também faz o papel de segunda voz quando cantando em dueto. Nalva, com sua voz potente e afinada, começa a segunda faixa, o arrasta-pé “Parada dura”, de letra mais “desaforada” (com expressões mais “saidinhas” da parte dos cantores). Este desafio, entretanto, se inclina mais às músicas românticas cantadas em dueto do que a uma autêntica guerra de rimas.

As outras três faixas do lado A obedecem a uma única determinação: é a tradicionalíssima “brincadeira da palavra”. Em “Na base do improviso”, Nalva dita uma palavra e Teixeirinha faz o verso. Já em “Nalva responde”, a ordem é invertida e o cantor – ao invés de falar a palavra – resolve cantar o desafio. Por fim, em “Perguntas e respostas”, Nalva faz diversas perguntas através dos versos, no que Teixeirinha responde. Neste jogo que lembra um verdadeiro interrogatório, são abordados – ora de forma divertida, ora de maneira séria – temas como o Exército Brasileiro, o machismo, a Seleção Brasileira de 1982, o meretrício, a guerra nas Malvinas e até o homossexualismo!

O lado B de “Guerra dos Desafios” começa com a mais aguardada faixa do LP, a trova “Reportagem”. Nela, pela primeira vez através do disco, Teixeirinha fala abertamente sobre a separação de Mary Terezinha. A música tem como idéia central o fato de que a “curiosa” Nalva Aguiar deseja esclarecer, afinal, o que aconteceu com a dupla. Para tanto, a mineira faz uma entrevista cantada com Teixeirinha, perguntando-lhe sobre os detalhes do rompimento e, ainda, sobre o que o cantor pensa do assunto.

Em “Segura as pontas”, faixa posterior, voltam os desafios – desta vez menos frenéticos e mais insistentes nas mesmas questões. Já em “Pra tudo haverá um jeito” – uma milonga – o disco parece recuperar o fôlego, embora a música também não seja uma trova no sentido literal e sim mais um dueto romântico. Aliás, o duo que explora os temas amorosos repete-se ainda em “Cantiga de amor”, a penúltima faixa do LP. Finalmente, “pra arrematar” – como diria Teixeira – é a vez de “Martelo na cabeça”, uma tentativa bem sucedida de reviver os clássicos “desafios do martelo” que marcaram tão bem a trajetória de Teixeirinha e Mary Terezinha.

“Guerra dos Desafios” pode ser considerado como uma tentativa relativamente bem sucedida de reviver os sucessos provocados pelas trovas. Entretanto, apesar da boa qualidade, consta que o LP não vendeu o esperado, o que não é de todo improvável. Não é bom esquecer que o cantor já não era mais o mesmo. Sua voz já começava a dar sinais de cansaço (isso já vinha ocorrendo desde mais ou menos 1980) e suas rimas tornavam-se mais repetitivas. Além disso, é inegável a falta de Mary no LP, seja na produção dos arranjos, seja na imposição de sua sempre afinada voz. O que restou foi um bom disco, porém sem a mesma magia das gravações anteriores.

Daí em diante Teixeirinha não gravaria mais desafios. Nalva Aguiar seguiu sua carreira de sucesso (estando presente na mídia até os anos 1990 e, recentemente, participando do programa “Rei Majestade”, promovido por Silvio Santos). Vitor Mateus Teixeira, longe das trovas, produziria apenas mais dois discos, os últimos de sua vida.

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REVIVENDO TEIXEIRINHA - Edição 28

>> 9 de mai. de 2008



Depois de quase um mês ausente, consegui uma pequena brecha para aparecer por aqui respondendo (de forma muito, mas muito rápida) aos e-mails e mensagens que vocês me deixaram. Sem mais delongas, ao trabalho!

Dona Zoraida

O Jair Augusto me pediu uma foto de dona Zoraida Lima Teixeira (esposa de Teixeirinha). De fato, estou devendo um texto falando de dona Zoraida e, assim que o fizer, estarei divulgando a foto desta simpática senhora.

Marcus Vinícius

Só gostaria de dizer que concordo plenamente com o Marcus quanto à preservação da memória fílmica de Teixeirinha. Seus filmes, como já foi comprovado, são de suma importância para a presenvação da história do cinema no sul do país. Já passou da hora de transformar estas jóias em DVD!

Aviso

Aviso aos navegantes que, se tudo correr bem, semana que vem consigo trazer um novo texto, desta vez melhor preparado. Será um "Discomentando" sobre o LP "Guerra dos Desafios" e deverá ser publicado até sexta-feira da próxima semana.

Também na próxima semana pretendo regressar à regularidade do blog. Já faz tempo que venho prometendo isso, mas só agora creio que conseguirei voltar à normalidade. Abraços e agradecimentos a todos os que apareceram por aqui, comentaram ou ainda tiveram (e estão tendo) a paciência de compreender minha falta de tempo. É uma honra contar com a compreensão e colaboração de vocês. Até mais!

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DIA DAS MÃES

Você pode ser católico, evangélico, umbandista, espírita ou até mesmo ateu. Pode não acreditar em todos ou em nenhum dos credos existentes. Mas uma coisa é certa: todos nós amamos e respeitamos uma figura sem a qual nossas vidas não existiriam. Todos nós saudamos nossas mães.
E com certeza, nenhuma figura foi tão marcante na vida de Teixeirinha quanto sua mãe. De dona Ledurina, morta tragicamente em 1936, não restaram fotos ou documentos – dizem apenas que ela tinha cabelos louros e era muito bonita. Porém, seu ilustre filho tratou de apresentar sua genitora ao mundo através de inúmeras canções, dentre as quais o clássico Coração de Luto (1960).
A mãe de Teixeirinha quase sempre aparece em canções de lamento, músicas que mostram as saudades que aquele órfão sentia. Em Cidade triste (1978), o “Rei do Disco” lamentava que “Todos tinham mamãezinha / só eu, coitado, não tinha / para me dar um carinho”. Já em Aniversário de mamãe (1975), ele falava nos versos finais que “não há palavra que tenha expressão para dizer o quanto vale o teu infinito amor”. Numa outra composição, ele ouvia, em sonho a carta que sua amada mãe lhe enviara:


“Meu filho, não chores mais
Eu estou muito feliz
Estou junto de Deus
Porque assim ele quis

Não chores mais, meu filho
Deus é bom e soube o que fez
Mais tarde, no reino da glória
Nos veremos outra vez

Meu filho, eu te amo tanto
Escuta bem o que eu digo
Embora tu não me vejas
Estarei sempre contigo

Meu filho, enfrente a vida
Prossiga sem vacilar
Reze bastante pra Deus
Só ele pode te ajudar

Mais uma vez eu te peço
Meu filho, não chores mais
Teu pai também está aqui
Deus sempre sabe o que faz

Agora, filho querido
Esta carta chega ao fim
Agradeço as orações
Que tens rezado por mim

Seja um verdadeiro homem
Assim como teu pai foi
Adeus, meu querido filho
E que Deus te abençoe”

As saudades da mãe, entretanto, não impediram que Teixeirinha criasse uma música dedicada ao Dia das Mães (dia que, dizem alguns, era marcante em sua vida, pois sempre era triste e de lamentos). A música, hoje rara, foi gravada em um compacto no início da carreira do cantor, em 1962. Para homenagear as mães de todo o mundo (e nesta data estarei longe da minha!), encerro este meu texto curtinho sobre as nossas rainhas com a bonita letra de Dia das mães:

Todos os ‘ano’, em mês de maio
Eu volto no mesmo dia
Cantar pra minha mãezinha
Uma nova melodia

Eu vou falar novamente
A senhora já sabia
Dar-lhe um respeitoso abraço
Com prazer e alegria

Todos filhos amorosos
Da sua mãe não esquece
Ele volta em mês de maio
O mês que as flores ‘floresce’
Senão mamãe fica triste
Chora, suspira e padece

*

Foi Deus que mandou pra mim
Esta mãe que tanto amo
Quando estou triste na dor
Seu santo nome eu chamo

Quando ela está doente
Quantas lágrimas derramo
Mas estando com saúde
De nada mais eu reclamo

Nada tenho neste mundo
Sou pobre, é a realidade
Não me interessa a riqueza
Não quero ter vaidade
Eu tendo a minha mãezinha
Pra que mais felicidade?

*

Mamãe do meu coração
Que sempre me deu guarida
Por esse filho que amas
Nunca serás esquecida

Neste dia das mamães
Nesta data tão querida
Deus lhe dê muita saúde
E muitos anos de vida

Minha mãe abençoada
Que tanta bondade tem
Estes verso ‘é’ um presente
Eu lhe quero tanto bem
Adeus, querida mãezinha
Até o ano que vem


E um feliz dia para todas as mães!

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CAROS AMIGOS

>> 1 de mai. de 2008

Vocês que acessam o blog devem estar estranhando. Há quase duas semanas não posto absolutamente nada por aqui e nem sequer dei satisfações. Vai aí uma explicação:

1. Estou muito, mas muito atarefado com uma série de atividades referentes ao mestrado na UFRGS. O tempo está curto!

2. A compra do notebook não resolveu um dos problemas fundamentais: continuo sem Internet. Só lá pela metade deste mês é que estarei conectado com efetividade novamente. E agora será melhor, pois espero uma conexão de banda larga, mais rápida e ágil, ideal para a nossa comunicação.

3. Estou pensando em algumas reformulações de conteúdo do blog. Ultimamente, ele tem estado aquém daquilo que me propus. Assim que estiver em condições, farei mudanças nos textos, buscando ser mais rápido e abordar questões que vocês consideram de maior importância.

Os quadros "Discomentando", "Mundo Teixeirinha" e "Fã de Carteirinha" continuarão ativos, mas talvez façam uma breve pausa no próximo mês (ao menos enquanto eu não solucionar meus problemas com a Internet). Se alguém tem pretensões de participar de quaisquer destes verdadeiros eventos, mande um e-mail para chicocougo@gmail.com

Uma última informação: não estou conseguindo conectar o Orkut (os computadores da UFRGS não permitem). Mensagens só podem ser lidas e respondidas (sempre com muito atraso) através do e-mail.

Até domingo prometo retornar ao menos com o "Mundo Teixeirinha" inédito. Espero encontrar tempo para postar um texto também. Quero aproveitar minha curta estada em Rio Grande para retornar às atividades do blog.

Abraços a todos e obrigado pela preferência!

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