O GAÚCHO TEIXEIRINHA

>> 27 de jan. de 2008


Teixeirinha era um homem nascido na zona rural. Mais do que isso: ele trabalhou em granjas, pequenas fazendas e – mesmo depois de famoso – não abandonou os municípios do interior (principalmente os ligados à agricultura e pecuária), onde se apresentava regularmente.

Erroneamente, muitos não consideram Teixeirinha um homem do campo. Os que assim pensam, geralmente atribuem tal título ao também regionalista Gildo de Freitas. Apesar de Gildo estar mais em contato com o meio rural, não se pode dizer que Victor Mateus Teixeira fosse simplesmente um homem urbano.

A prova cabal de que Teixeirinha ligava-se (e muito) às tradições campeiras está nos próprios hábitos do cantor. Famoso, o “Rei do Disco” construiu, em meados dos anos 1960, sua conhecida casa no bairro da Glória, em Porto Alegre. Naquela década de 60, a capital gaúcha ainda não era tão populosa e a região onde se situa a casa de Teixeirinha mais se ligava à zona rural do que à cidade, propriamente dita. Por conta disso, o cantor dividiu o terreno de sua residência em duas partes: na da frente, construiu a mansão; nos fundos (numa área devidamente cercada, cortada por um riacho), montou um pequeno sítio.

A chácara urbana de Teixeirinha ostentava “todas as espécies de frutas silvestres”, como, exageradamente, descreveu o folclorista Dimas Costa, quando por lá esteve. Além disso, no campo, Teixeirinha criava galinhas, bovinos, faisões, porcos e até um veado chamado de “Bambi”, descrito por Dimas como “a vedete do pequeno zoológico”.

Possivelmente, o “rancho urbano” de Teixeirinha – apesar dos 13.000 m² - tenha ficado pequeno para os planos do cantor. Por isso, com o passar do tempo, ele adquiriu três fazendas (estas sim, em zona rural): em Passo Fundo, Osório e Capivari. Sobre as duas primeiras propriedades não se conhece muito – da fazenda em Osório sabe-se que ela foi cenário do filme “A quadrilha do Perna Dura”. Já das terras em Capivari, conhecemos mais.

O “Rancho do Capivari”, como ficou conhecida a fazenda de Teixeirinha, era uma propriedade de 170 hectares, localizada no município de Capivari do Sul, vizinho à Viamão. Nas terras – que, devido à infinidade de material que tenho, serão tratadas num outro texto – o “Rei do Disco” chegou a possuir um rebanho com mais de 500 cabeças de gado, além de alguns cavalos de raça – outra paixão do artista.

Aliás, falando em cavalos, são os eqüinos uma outra marca registrada do gauchismo de Teixeirinha. Para que se tenha uma idéia, além da emblemática “Tordilho Negro”, o cantor fez várias outras canções falando dos pingos. Ficaram famosos, entre outros, o “lindo pingo do pêlo bordado” (citado em “Vinte de Setembro”), o “cavalo zaino” (de “Amor com uma condição”), o “cavalo preto” (de “A bravura do peão”), o “pingo tubiano” (de uma música homônima), etc.

Nas fazendas e ranchos de sua propriedade, Teixeirinha provava da vida campeira. Praticava a montaria, pescava nos açudes e – a levar como verdade algumas de suas canções – vez por outra se arriscava em gineteadas. Usava com freqüência e até defendia o traje de gaúcho. Sabia detalhes da vida no campo e os descrevia em suas composições. Gostava das histórias que só o interior conta e não se furtava em citá-las em filmes e músicas. Enfim, era, acima de tudo, um gaúcho!

2 comentários:

Anônimo 27 de janeiro de 2008 às 10:51  

OI CHICO!
AMEI ESTA MATÉRIA!
PARABÉNS AO GABRIEL POR ESTA SUGESTÃO!
LENDO A MATÉRIA RECORDEI-ME DA BELA CANÇÃO "SAUDADE DA MINHA TERRA", ACHO ESTA UMA DAS MAIS BELAS CANÇÕES DE TEIXEIRINHA! DAQUELAS DE SE EMOCIONAR COMO É "CORAÇÃO DE LUTO".
SE PUDER CHICO POSTE A LETRA DESTA BELA MELODIA.
BEIJOS!
TE ADORO!

Jaison 27 de janeiro de 2008 às 18:13  

Olá Chico e Amigos.
Meu Ex-amigo tenho quase certeza que era para o Gildo(peço até que seu Nilton entre em contato comigo para trocar algumas idéias a respeito
jaisondb@gmail.com)
A música Cachorro Velho talvez responda a Duvida.
Falado
“O facão e o relho trançado não tinha sido pra ele/mas a carapuça lhe serviu
Então agora é e mais essa também”
..........
Falado:” Ex-amigo ele não respondeu e aquela foi pra ele”
Acho que por isso seja realmente para o Gildo.
Rafael, creio que não, José Mendes ficou alheio as brigas durante sua curta, mas brilhante carreira músical, é de se pesquisar mas acho que não era para o teixeirinha.
Suspeito que eram alguns tradicionalistas ainda descontentes com as músicas Para Pedro.

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