ELE GRAVOU TEIXEIRINHA E AGORA É LEMBRADO!
>> 23 de nov. de 2007
Agora temos imagens de Jorge Camargo, o cantor que mais gravou músicas inéditas de Teixeirinha
Jorge Camargo em 1977
Como todos sabem, este blog é dedicado a Teixeirinha. No entanto, o “Rei do Disco” não foi o único cantor gaúcho a brilhar no cenário artístico nacional e, tampouco, foi um artista “acima do bem e do mal” incapaz de se relacionar com seus companheiros de profissão. É por este motivo que, às vezes, precisamos relembrar outros artistas, suas músicas e suas histórias.
Há mais ou menos dois meses atrás, publiquei um texto intitulado “Ele gravou Teixeirinha, mas foi esquecido”. Nele, tentei contar a história de Jorge Camargo, um cantor praticamente esquecido nos dias de hoje, mas que, no passado, foi um dos que mais gravou músicas compostas por Teixeirinha. Na época, quase nada era conhecido sobre a história de Camargo. Não obtive nem mesmo uma imagem que ilustrasse o texto!
Entretanto, meus sempre solícitos amigos me ajudaram a mudar um pouco este quadro desolador. Dias depois da publicação da matéria, comecei a receber materiais e informações diversas sobre Jorge Camargo. Os parceiros Arnaldo Guerreiro, Claudiomar de Oliveira e Nilton José Tavares – para os quais deixo registrada minha total gratidão – trouxeram vários dados sobre a carreira do artista. Por uma questão de reverência ao cantor, nas linhas a seguir quero remontar um pouco desta história.
É bem verdade que algumas questões ainda permanecem uma incógnita. Quando Jorge Camargo nasceu? Onde? Não é tão simples encontrar informações como estas. O que se sabe é que Camargo provavelmente não teve uma carreira muito longa. Estimo que ele tenha se projetado nacionalmente no início dos anos 1970. Esta hipótese se baseia na data de seu terceiro LP, lançado em 1977, pela gravadora Copacabana. O raciocínio é lógico: se no fim daquela década ele já gravava discos em uma companhia nacional, é provável que sua carreira tenha se iniciado cerca de dez anos antes.
Baseado em informações de quem possui discos do cantor, posso afirmar que Jorge Camargo gravou sete músicas de autoria de Teixeirinha. São elas: “Cama vazia”, “Coração egoísta”, “De tudo um pouco”, “Moça de trança” e “Surpresas da vida” – todas estas não gravadas por Teixeirinha. E ainda: “Meu pedaço de chão” e “Gaita e violão”. Aliás, segundo informações, “Gaita e violão” (gravada por Teixeirinha em 1985), foi gravada anteriormente por Jorge Camargo e, depois, por Mary Terezinha. E tudo isso antes que o “Rei do Disco” a registrasse em disco.
Além das informações artísticas, recebi alguns dados bastante interessantes sobre a trajetória pessoal de Jorge Camargo. De acordo com os dados levantados, Camargo surgiu de forma modesta – cantando em pequenas apresentações – e foi auxiliado por vários artistas. Teixeirinha teria o ajudado, cedendo-lhe algumas de suas composições para que fossem gravadas. Jorge Camargo, contudo, era ambicioso. Gravou seus primeiros discos e, tão logo alcançou projeção, começou a “desafiar” a supremacia de Teixeirinha. Talvez Jorge acreditasse que podia superar o “Rei do disco” em vendagem e popularidade, como o meteórico José Mendes quase fizera alguns poucos anos antes.
Se houve embate direto entre Teixeirinha e Jorge Camargo não se sabe. Alguns colecionadores dizem que Teixeirinha teria dedicado certas músicas ao opositor. Há quem acredite, por exemplo, que a composição “Meu ex-amigo” (“Última gineteada”, 1974) é um recado de Teixeirinha a Camargo. Como já foi dito em outra ocasião, em sua autobiografia, Mary Terezinha também afirma que Teixeira e Camargo andaram se estranhando, e que o “Gaúcho Coração do Rio Grande” teria incentivado um boicote ao cantor na Copacabana. Até aí dúvidas e mais dúvidas.
Mas, eis que surgem também as primeiras certezas! Em primeiro lugar, vamos aos dados referentes ao declínio de Camargo. Segundo as informações que recebi, além da antipatia de alguns importantes artistas do Sul, Jorge Camargo conquistou ainda a rejeição do público em geral quando a verdade de que era homossexual veio à tona. Mas, ao que parece, não havia a mínima condição para que este fato fosse ocultado, pois as atitudes do cantor não deixavam dúvidas.
Num Estado preconceituoso e que cultua a imagem perene do gaúcho macho (aquele mesmo da “bala no bucho e do buraco mais embaixo”!), não restou espaço para um artista (regionalista) gay. Cantar músicas que falassem de amor e das noites de ternura ao lado da mulher amada tornou-se impossível para Camargo. É de se imaginar a rejeição enfrentada por este artista na mídia, entre os artistas e, principalmente, em relação ao público.
Não sabemos detalhes, mas depois que as preferências sexuais de Jorge Camargo tornaram-se conhecidas, ele parece não ter gravado mais discos. Até os anos 1990, trabalhou como radialista, comandando programas em Porto Alegre. Entretanto, no início desta mesma década, Jorge Camargo teve seu momento mais triste: depois de brigar com um de seus companheiros, ele foi assassinado no próprio apartamento, na capital. Não sabemos o nome do assassino e nem mesmo de que forma deu-se o crime. Tudo o que podemos afirmar é que Jorge Camargo já não era mais um grade nome de nossa música.
Há mais ou menos dois meses atrás, publiquei um texto intitulado “Ele gravou Teixeirinha, mas foi esquecido”. Nele, tentei contar a história de Jorge Camargo, um cantor praticamente esquecido nos dias de hoje, mas que, no passado, foi um dos que mais gravou músicas compostas por Teixeirinha. Na época, quase nada era conhecido sobre a história de Camargo. Não obtive nem mesmo uma imagem que ilustrasse o texto!
Entretanto, meus sempre solícitos amigos me ajudaram a mudar um pouco este quadro desolador. Dias depois da publicação da matéria, comecei a receber materiais e informações diversas sobre Jorge Camargo. Os parceiros Arnaldo Guerreiro, Claudiomar de Oliveira e Nilton José Tavares – para os quais deixo registrada minha total gratidão – trouxeram vários dados sobre a carreira do artista. Por uma questão de reverência ao cantor, nas linhas a seguir quero remontar um pouco desta história.
É bem verdade que algumas questões ainda permanecem uma incógnita. Quando Jorge Camargo nasceu? Onde? Não é tão simples encontrar informações como estas. O que se sabe é que Camargo provavelmente não teve uma carreira muito longa. Estimo que ele tenha se projetado nacionalmente no início dos anos 1970. Esta hipótese se baseia na data de seu terceiro LP, lançado em 1977, pela gravadora Copacabana. O raciocínio é lógico: se no fim daquela década ele já gravava discos em uma companhia nacional, é provável que sua carreira tenha se iniciado cerca de dez anos antes.
Baseado em informações de quem possui discos do cantor, posso afirmar que Jorge Camargo gravou sete músicas de autoria de Teixeirinha. São elas: “Cama vazia”, “Coração egoísta”, “De tudo um pouco”, “Moça de trança” e “Surpresas da vida” – todas estas não gravadas por Teixeirinha. E ainda: “Meu pedaço de chão” e “Gaita e violão”. Aliás, segundo informações, “Gaita e violão” (gravada por Teixeirinha em 1985), foi gravada anteriormente por Jorge Camargo e, depois, por Mary Terezinha. E tudo isso antes que o “Rei do Disco” a registrasse em disco.
Além das informações artísticas, recebi alguns dados bastante interessantes sobre a trajetória pessoal de Jorge Camargo. De acordo com os dados levantados, Camargo surgiu de forma modesta – cantando em pequenas apresentações – e foi auxiliado por vários artistas. Teixeirinha teria o ajudado, cedendo-lhe algumas de suas composições para que fossem gravadas. Jorge Camargo, contudo, era ambicioso. Gravou seus primeiros discos e, tão logo alcançou projeção, começou a “desafiar” a supremacia de Teixeirinha. Talvez Jorge acreditasse que podia superar o “Rei do disco” em vendagem e popularidade, como o meteórico José Mendes quase fizera alguns poucos anos antes.
Se houve embate direto entre Teixeirinha e Jorge Camargo não se sabe. Alguns colecionadores dizem que Teixeirinha teria dedicado certas músicas ao opositor. Há quem acredite, por exemplo, que a composição “Meu ex-amigo” (“Última gineteada”, 1974) é um recado de Teixeirinha a Camargo. Como já foi dito em outra ocasião, em sua autobiografia, Mary Terezinha também afirma que Teixeira e Camargo andaram se estranhando, e que o “Gaúcho Coração do Rio Grande” teria incentivado um boicote ao cantor na Copacabana. Até aí dúvidas e mais dúvidas.
Mas, eis que surgem também as primeiras certezas! Em primeiro lugar, vamos aos dados referentes ao declínio de Camargo. Segundo as informações que recebi, além da antipatia de alguns importantes artistas do Sul, Jorge Camargo conquistou ainda a rejeição do público em geral quando a verdade de que era homossexual veio à tona. Mas, ao que parece, não havia a mínima condição para que este fato fosse ocultado, pois as atitudes do cantor não deixavam dúvidas.
Num Estado preconceituoso e que cultua a imagem perene do gaúcho macho (aquele mesmo da “bala no bucho e do buraco mais embaixo”!), não restou espaço para um artista (regionalista) gay. Cantar músicas que falassem de amor e das noites de ternura ao lado da mulher amada tornou-se impossível para Camargo. É de se imaginar a rejeição enfrentada por este artista na mídia, entre os artistas e, principalmente, em relação ao público.
Não sabemos detalhes, mas depois que as preferências sexuais de Jorge Camargo tornaram-se conhecidas, ele parece não ter gravado mais discos. Até os anos 1990, trabalhou como radialista, comandando programas em Porto Alegre. Entretanto, no início desta mesma década, Jorge Camargo teve seu momento mais triste: depois de brigar com um de seus companheiros, ele foi assassinado no próprio apartamento, na capital. Não sabemos o nome do assassino e nem mesmo de que forma deu-se o crime. Tudo o que podemos afirmar é que Jorge Camargo já não era mais um grade nome de nossa música.
Jorge Camargo em 1977
Em 1999, a EMI-Brasil relançou uma considerável parcela das gravações de Camargo em CD. Na série “Raízes dos Pampas”, Jorge Camargo voltou ao mercado fonográfico num disco póstumo que, infelizmente, já está fora de catálogo. Provavelmente, esta foi a última vez em que este artista teve suas músicas relançadas. Tomara que seus discos sejam remasterizados em breve e que possamos saber ainda mais desta história muito interessante. Bem, ao menos os primeiros passos já foram dados!
Com a colaboração dos amigos Arnaldo Guerreiro (Albufeira, Portugal), Claudiomar de Oliveira (Canguçu, RS) e Nilton José Tavares (Dois Irmãos, RS).
Com a colaboração dos amigos Arnaldo Guerreiro (Albufeira, Portugal), Claudiomar de Oliveira (Canguçu, RS) e Nilton José Tavares (Dois Irmãos, RS).
3 comentários:
Voltei Chico!
Ótima matéria com sempre. Esse Jorge Camargo era muito bom.
Abraços.
Grato pelas informações. Sou um dos que procurava há vários anos qualquer material sobre este artista na internet sem sucesso. A música Roseira Branca, por exemplo, apenas recentemente consegui encontrar na rede, numa versão do grupo Querencia. Agora com as dicas deste artigo vou voltar à carga nas pesquisas, desta vez com esperanças redobradas!
gostei muito de saber que ele não foi totalmente esquecido. á respeito a desavença entre teixerinha e ele, é verdade pois ele gravou a música ganhei na moral´em resposta á música cachorro velho, que ele pensava ter sido ora ele, mas não era. pois na propria gravação,teixeirinha esclarece que era pro gildo. e " ex amigo" tambem. até no proprio progama teixerinha, afirma que eram para o gildo. mas idependente disto eu admiro esses dois talentos da nossa música.abraço.
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