MEU VELHO PAI

>> 10 de ago. de 2008

Hoje é Dia dos Pais, momento de paparicar aqueles sem os quais não estaríamos aqui. Para homenagear os velhos, vai uma música especialmente dedicada a eles. “Meu velho pai”, do sempre atual Teixeirinha!

*

Um par de espora sangrenta
Um mango de couro duro
Um chapéu velho, empoeirado
Uma faca do cabo escuro

Um Schimidt trinta e oito
Um pala cheio de furo
Uma guaiaca sovada
No mesmo prego seguro

Ao contemplar, fico triste
Seu dono já não existe
Só a saudade persiste
Daquele gaúcho puro

*

Meu pensamento vagueia
Perdido no infinito
Relembro o dono dos trastes
Que fora seu manuscrito

Quando montava um cavalo
Era sempre favorito
Quer no rodeio ou na doma
Seu trabalho era bonito

Na tropeada era um doutor
Nas domas, um domador
Na ‘cordeona’, um trovador
E na laçada, um perito

*

Assim foi meu velho pai
Como um laço de rudilha
Enquanto é novo se espicha
Nos chifres de uma novilha

Depois a morte golpeia
Só fica os trastes da encilha
Pendurados na parede
Recordação pra família

Ele já não é mais nada
Num túmulo à beira da estrada
Uma cruz velha rodeada
De flores de maçanilha

*

[Falado]
“Pai, é triste recordar! Mas quando um pai foi bom na vida, é lindo recordar na morte!”

‘Oigalê’, morte traiçoeira
Que chega como um ‘pialo’
Sessenta, setenta anos
Tira um homem do cavalo

Arranca dos filhos e netos
E atira dentro de um valo
Parece o minuano xucro
Que leva a folha do talo

Meu velho pai, que saudade
Do seu carinho e bondade
Choro uma barbaridade
Quando no seu nome eu falo

Parabéns a todos os pais!

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