EDITORIAL

>> 7 de ago. de 2008

Há 17 meses este blog foi criado. Ele surgiu num momento em que se rediscutia a importância artística de Teixeirinha e teve, desde o início, o objetivo único e exclusivo de colaborar para o debate sobre a arte de Vitor Mateus Teixeira, trazendo para junto de si os elementos mais importantes neste processo: seus fãs.

Desde o início, me pautei pelos princípios da credibilidade e responsabilidade. Aos pedidos para disponibilização de canções, neguei e disse o porquê. Sobre os assuntos de ordem íntima, ou ainda sobre os quais não se tem absoluta precisão dos fatos, sempre optei pelo silêncio. Ser responsável foi uma palavra de ordem.

Nesta semana, entretanto, algo me chamou atenção. Comentários não-amistosos deixados aqui mesmo no blog sobre “companheiros que possuem material inédito de Teixeirinha (...) e que deveriam compartilhar” não o fazendo “por egoísmo ou vaidade dos donos” não apenas me surpreenderam, como também parecem exigir uma resposta.

Em primeiro lugar: sabemos que existem ao menos cinco grandes colecionadores sobre o assunto Teixeirinha. São pessoas que investiram tempo e capital na montagem de acervos contendo discos, livros, filmes, fotografias, reportagens, etc. Num sentido bastante apropriado, eu diria que estes são “colecionadores profissionais”, pois dedicam parte de sua vida a manutenção e ampliação de seus acervos.

Ao lado destes fãs “profissionais”, existem também os pesquisadores, categoria na qual estou inserido. Hoje, existem ao menos três profissionais de pesquisa que trabalham ou já trabalharam com os vestígios documentais deixados por Teixeirinha. Indubitavelmente, estes pesquisadores vez por outra contam com o auxílio dos “fãs profissionais” e vice-versa.

Me parece evidente que os fãs cujos acervos são menores também tem grande importância nesse processo. Muitos deles têm se dedicado a ampliar seus acervos, adquirindo LPs, fitas de vídeo e mesmo objetos variados. Para isso, também despendem de esforços.

Abrangendo os documentos entre fãs e pesquisadores, temos uma carga de material gigantesca. Entretanto, a disponibilização deste material é uma questão mais complexa do que o imaginado. Primeiramente: os “fãs profissionais”, como já foi dito, despenderam “suor” e muitos recursos para adquirir seus documentos e cabe a eles optarem por publicizar ou não o material. Existem os que concedem direitos de visualização ou mesmo cópias das peças de seus acervos particulares, mas nenhum deles tem obrigação disso. É um direito.

Quanto aos pesquisadores – e no momento, Nicole Reis e eu estamos trabalhando ativamente com o tema – a publicização do material faz parte do próprio processo determinado pela pesquisa acadêmica. Contudo, essa disponibilização não é feita de forma impensada e sem responsabilidades. Tudo o que existe de material coletado é minuciosamente analisado, pois servirá de base para a elaboração dos resultados finais da pesquisa. Portanto: trazê-los a público antes do tempo estabelecido pode ser um ato irresponsável, anti-acadêmico e que prejudicará o pesquisador e sua pesquisa. No momento certo, os escritos finais serão publicados e disponibilizados; e todos os interessados poderão ter acesso ao material em questão.

Mesmo as fotografias, ou antigos recortes de jornal e revista, não são documentos que podem ser estampados aqui no blog ou em comunidades da Internet sem planejamento prévio. É preciso que se tenha em mente o fato de que existem direitos e deveres dos quais nenhum pesquisador (mesmo que mantenha um espaço não-acadêmico de colaboração, como é este blog) deve abrir mão. E a publicação de determinados documentos sem análise adequada não faz parte destes direitos e deveres.

Sei que muitos têm sede por curiosidades, imagens e documentação em geral – e sempre que possível tenho tentado saciar um pouco desta sede aqui mesmo – tanto que, creio, não exista hoje um espaço maior do que este para o assunto na Internet. Mas, aos que possuem ânsia incontrolável por novidades, só me resta aconselhá-los a visitarem a Fundação Vitor Mateus Teixeira, em Porto Alegre – que conta com uma reserva documental de grande monta – ou ainda o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, também na capital gaúcha. Para os que estão fora, a minha dica é de que procurem por documentos ou mesmo jornais em suas cidades, pois – sem sombra de dúvidas – encontrarão material interessante e, talvez, inédito!

O blog aqui continuará aberto a críticas, sugestões e pedidos. Todos serão ouvidos, mas nem todos podem ser atendidos e espero que este texto tenha sido claro. Desculpem pelo transtorno.

Responsabilidade é um dever de todos!

2 comentários:

Anônimo 9 de agosto de 2008 às 17:32  

Alow Amigos, vamos promover aqui discussões que visem o mesmo alvo. Por isso, sempre convido a todos pra um chimarrão em meu escritório e conversarmos sobre o acervo que possuo e todos tem acesso a eles. Todos estão convidados
O Chico, por exemplo, começamos nossa amizade virtualmente e ele nunca teve dificuldades de contatos comigo sobre meus materiais. As vezes se não consigo ajudá-lo é porque realmente não tenho.
E o mesmo vale pra todos os fãs.
Façam contato comigo e vamos trocar informações sim. Tenho muito mais a aprender com ou outros fãs, do que ensinar.
Um abraço.

Jaison 17 de agosto de 2008 às 11:15  

Eu sou testemunha de que o Professor Claudiomar disse. Sempre prestativo. E também estou a disposição, apesar de por enquanto possuir apenas material digital do Teixeirinha.
jaisondb@gmail.com

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