A SAUDADE QUE FICOU
>> 1 de fev. de 2008
Carnaval: para nós, brasileiros, esta palavra é tão comum que às vezes até esquecemos a história da folia, as festas que passaram e os nomes que marcaram a trajetória do samba. E até deixamos de lembrar, também, que todos (eu disse todos) os brasileiros têm sua própria experiência carnavalesca, seja nos bailes e avenidas, seja através das ondas do rádio e da TV.
Vitor Mateus Teixeira, protagonista deste blog, deve ter vivido inúmeras situações de carnaval. Terá encontrado algum amor na folia? Freqüentava bailes e festas ao som das marchinhas? Não sabemos. Mas, como na carreira de Teixeirinha sempre há algum indício sobre qualquer assunto, é possível remontarmos alguns trechos da relação do cantor com a festa mais popular do Brasil.
Antes, um rápido exercício cronológico: oficialmente, o primeiro samba foi gravado em 1917, por Bahiano. Era “Pelo Telefone”, composição de Donga e Mário de Almeida, hoje citado em qualquer antologia de carnaval. Acrescente-se uma década e vamos para 1927, ano da primeira gravação elétrica no Brasil (com Francisco Alves cantando “Albertina”, pela Odeon) e do nascimento de Vitor Mateus Teixeira, nosso querido Teixeirinha. Mais dez anos e estamos em 1937, data da morte de Noel Rosa, o maior compositor deste e de outros períodos da música no Brasil.
Quem prestou atenção neste verdadeiro jogo dos setes (1917-1927-1937), deve ter reparado que Teixeirinha contava apenas 10 anos de vida quando Noel Rosa faleceu precocemente, antes de chegar aos 30 anos. Aparentemente, numa época em que as comunicações ainda eram precárias, o pequeno Victor não teria motivos para sequer conhecer a obra do carioca. No entanto, estamos falando de Noel Rosa, um autor que reinou absoluto na Vila Isabel (maior nicho de compositores do Brasil), que era o mais disputado pelos sambistas do Rio e que teve mais de 200 composições gravadas em poucos anos, apesar das dificuldades físicas. Estamos girando ao redor do homem que genialmente compôs “Com que roupa” e “Fita amarela”, apenas dois dos clássicos “noelianos”. Mesmo pobre e pequenino, Teixeirinha deve mesmo ter crescido ao som de algumas destas melodias que – independente da época – chegavam aos mais longínquos recantos do país através do rádio.
Vitor Mateus Teixeira, protagonista deste blog, deve ter vivido inúmeras situações de carnaval. Terá encontrado algum amor na folia? Freqüentava bailes e festas ao som das marchinhas? Não sabemos. Mas, como na carreira de Teixeirinha sempre há algum indício sobre qualquer assunto, é possível remontarmos alguns trechos da relação do cantor com a festa mais popular do Brasil.
Antes, um rápido exercício cronológico: oficialmente, o primeiro samba foi gravado em 1917, por Bahiano. Era “Pelo Telefone”, composição de Donga e Mário de Almeida, hoje citado em qualquer antologia de carnaval. Acrescente-se uma década e vamos para 1927, ano da primeira gravação elétrica no Brasil (com Francisco Alves cantando “Albertina”, pela Odeon) e do nascimento de Vitor Mateus Teixeira, nosso querido Teixeirinha. Mais dez anos e estamos em 1937, data da morte de Noel Rosa, o maior compositor deste e de outros períodos da música no Brasil.
Quem prestou atenção neste verdadeiro jogo dos setes (1917-1927-1937), deve ter reparado que Teixeirinha contava apenas 10 anos de vida quando Noel Rosa faleceu precocemente, antes de chegar aos 30 anos. Aparentemente, numa época em que as comunicações ainda eram precárias, o pequeno Victor não teria motivos para sequer conhecer a obra do carioca. No entanto, estamos falando de Noel Rosa, um autor que reinou absoluto na Vila Isabel (maior nicho de compositores do Brasil), que era o mais disputado pelos sambistas do Rio e que teve mais de 200 composições gravadas em poucos anos, apesar das dificuldades físicas. Estamos girando ao redor do homem que genialmente compôs “Com que roupa” e “Fita amarela”, apenas dois dos clássicos “noelianos”. Mesmo pobre e pequenino, Teixeirinha deve mesmo ter crescido ao som de algumas destas melodias que – independente da época – chegavam aos mais longínquos recantos do país através do rádio.
Noel Rosa
Mas, vejam bem: Noel era “apenas” o compositor. Seu talento viajava pelo Brasil através de suas canções, mas estas não vinham marcadas por sua voz. Os maiores cantores da “Era do Ouro” gravavam seus sambas, mas nenhum ficou mais famoso que Francisco Alves, o “Rei da Voz”. Nascido em 1898, no Rio, Chico Viola (como também ficaria conhecido) começou sua carreira em 1918, quando passou a cantar em companhias de teatro. Com voz límpida e estilo peculiar, em poucos anos tornou-se o maior fenômeno masculino da música. Até metade do século XX, Francisco reinou absoluto como o maior “cartaz” brasileiro. E mais: bateu todos os recordes em termos de gravação e vendagem de discos. Até hoje, é difícil encontrar cantores com tantas gravações – 983 músicas em 526 discos!
Francisco Alves
O maior sucesso de Noel Rosa gravado por Francisco Alves foi o estridente samba “Fita amarela”, ouvido por Teixeirinha nas décadas de 40 e 50. No mais alto estilo dos carnavais de antigamente, a música dizia:
Quando eu morrer
Não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela
Mas os sucessos de Noel na voz de Francisco Alves foram tragicamente interrompidos em setembro de 1952, quando o Buick do cantor chocou-se com um caminhão enquanto circulava pela Via Dutra, em São Paulo. Morria o “Rei da Voz”. Para muitos, acabava o carnaval.
Mesmo admirando outros cantores do samba (em especial Nelson Gonçalves), Teixeirinha parecia nutrir uma admiração especial pelos dois grandes nomes morridos precocemente. Para expressar a saudade que sentia dos carnavais de Noel e Chico Viola, o regionalista compôs e gravou uma marcha (uma das poucas de sua carreira) intitulada “A saudade que ficou”. Ali, Teixeirinha nos leva a uma viagem pelos carnavais do passado e a uma reflexão sobre o quanto a folia de hoje talvez não tenha o mesmo romantismo:
Mesmo admirando outros cantores do samba (em especial Nelson Gonçalves), Teixeirinha parecia nutrir uma admiração especial pelos dois grandes nomes morridos precocemente. Para expressar a saudade que sentia dos carnavais de Noel e Chico Viola, o regionalista compôs e gravou uma marcha (uma das poucas de sua carreira) intitulada “A saudade que ficou”. Ali, Teixeirinha nos leva a uma viagem pelos carnavais do passado e a uma reflexão sobre o quanto a folia de hoje talvez não tenha o mesmo romantismo:
Cadê as marchas bonitas?
Dos tempos de antigamente
Dos carnavais que passaram, que pena
Hoje é tão diferente
Na quarta-feira de cinza
O carnaval acabava
Mas as marchinhas bonitas, meu bem
O ano inteiro a gente cantava
Os carnavais de hoje em dia
‘Finda’ também quarta-feira
Só as marchinhas não ‘fica’ pra gente
Morre ao baixar a poeira
O Noel Rosa morreu
Francisco Alves também
A velha guarda inteirinha partiu
Subiu os céus e não vem
Ó velha guarda querida
Dos carnavais que passou
Pra cantar e compor como eles, meu bem
Nem um herdeiro ficou
Os carnavais de hoje em dia
‘Finda’ também quarta-feira
Só as marchinhas não ‘fica’ pra gente
Morre ao baixar a poeira
O Noel Rosa morreu
Francisco Alves também
A velha guarda inteirinha partiu
Subiu os céus e não vem
Ó velha guarda querida
Dos carnavais que passou
Pra cantar e compor como eles, meu bem
Nem um herdeiro ficou
Em breve, mais um carnaval vem chegando. Desfiles, bailes, sambas-enredo... Brilhos, luzes, alegria... Tudo é bonito, mas, por favor, não esqueçam também daqueles que fizeram a história desta festa no passado. Sigam a música de Teixeirinha e conheçam, com seus próprios ouvidos, nossos astros da “Velha Guarda”. Vocês verão porque a saudade realmente ficou.
1 comentários:
Bela matéria!
Abraços.
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