A GRANDE NOITE DA VIOLA
>> 16 de fev. de 2008
O texto de hoje bem que poderia fazer parte do “Discomentando”, a nossa discografia comentada de Teixeirinha. O LP de que vou falar, no entanto, erroneamente não tem sido agregado à relação de discos do “Gaúcho coração do Rio Grande”. Talvez a partir de hoje esta história mude...
Desde 1973 os cigarros Arizona promoviam o Festival Arizona da Música Sertaneja, uma grande seqüência de shows realizados em série por todo o Brasil. A cada ano, o evento ampliava seu número de apresentações, dando espaço exclusivo para “a força artística e a criatividade de um gênero muito importante na história musical brasileira – a música sertaneja”. Por ser um festival, a turnê elegia os campeões de cada ano, que gravavam um disco patrocinado pelo Arizona e lançado pela Chantecler.
Em 1981, querendo coroar o reconhecido sucesso da festa, a marca de cigarros e a gravadora paulista uniram-se novamente. Desta vez, contudo, a intenção era outra: no lugar dos vencedores do festival, o disco daquele ano traria nomes já consagrados na música regional cantando seus grandes sucessos. Para encerrar o Festival Arizona de Música Sertaneja – então realizado em 6 Estados e 38 cidades – promoveu-se uma grande festa que passou a ser chamada de “A Grande Noite da Viola”.
Para a “Noite da Viola” (era assim que parte da imprensa insistia em chamar o evento), foram convidados os maiores artistas caipiras, sertanejos e regionais pertencentes ao elenco da Chantecler. Vale sempre lembrar que a gravadora paulista era reconhecidamente ligada ao gênero sertanejo desde sua fundação, em 1957. Por isso mesmo, os grandes nomes da música de raiz mantinham contratos com ela. Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco e Teixeirinha são alguns bons exemplos.
Bem, se Teixeirinha (e Mary Terezinha) mantinha contrato com a Chantecler, nada mais óbvio do que escala-lo para a festa, certo? Certíssimo! E foi exatamente isso o que aconteceu.
Em pleno inverno de 1981 as rádios cariocas começavam a divulgar a grande festa que se aproximava. Além das conhecidas duplas do sudeste e centro-oeste brasileiro, os radialistas ressaltavam que Teixeirinha, Mary e o mais novo fenômeno gaúcho – Berenice Azambuja, que estourara pouco antes com “É disto que o velho gosta” - também haviam sido convidados para o evento.
Os cariocas estavam eufóricos. Há seis anos (desde 1975), Teixeirinha não visitava a “Cidade Maravilhosa”, e seus fãs – que ouviam os sucessos do ídolo no rádio – queriam matar as saudades. Atendendo ao convite da Chantecler, em junho de 81, a dupla mais querida do Rio Grande do Sul chegou ao Rio de Janeiro. Concedendo entrevistas, divulgando o LP “Menina Margarethe” e revendo velhos amigos, os dois permaneceram por algumas semanas na capital carioca. E foi entre estes dias, mais precisamente na noite de 20 de junho de 1981, que ocorreu um dos momentos mais incríveis da carreira de Teixeirinha.
O ginásio do Maracanãzinho, palco de grandes espetáculos, dos festivais de música popular e de eventos esportivos internacionais, estava lotado. 10 mil pessoas, entre nordestinos, mineiros, paulistas e, claro, cariocas, faziam a festa à espera de seus ídolos. Depois de alguns instantes de expectativa, um apresentador (cuja identidade ainda não consegui decifrar) anunciava: “Muito boa noite, minha gente... esse espetáculo lindo: A Grande Noite da Viola!”. As milhares de pessoas vibravam num som ensurdecedor. De repente, enquanto eram executados alguns acordes de uma autêntica “moda”, o locutor pede a palavra novamente para anunciar: “Vem aí... Teixeirinha e Mary Terezinha!”. O gigante Maracanãzinho é pequeno para tanta alegria: gritos, aplausos e agitação tomam conta da platéia quando Mary espicha a sanfona, iniciando os primeiros acordes.
A saudade e a espera dos cariocas foi mais do que recompensada. Possivelmente eles sequer imaginassem o que iria acontecer naquele palco. Pensavam, decerto, que o gaúcho cantaria duas ou três músicas conhecidas – como, aliás, estava previsto. Mas, diante dos 10 mil espectadores, Teixeirinha “abriu os trabalhos” com uma de suas marcas: um improviso! Quando a platéia silenciou (ante um acorde desconhecido), ele lascou:
Desde 1973 os cigarros Arizona promoviam o Festival Arizona da Música Sertaneja, uma grande seqüência de shows realizados em série por todo o Brasil. A cada ano, o evento ampliava seu número de apresentações, dando espaço exclusivo para “a força artística e a criatividade de um gênero muito importante na história musical brasileira – a música sertaneja”. Por ser um festival, a turnê elegia os campeões de cada ano, que gravavam um disco patrocinado pelo Arizona e lançado pela Chantecler.
Em 1981, querendo coroar o reconhecido sucesso da festa, a marca de cigarros e a gravadora paulista uniram-se novamente. Desta vez, contudo, a intenção era outra: no lugar dos vencedores do festival, o disco daquele ano traria nomes já consagrados na música regional cantando seus grandes sucessos. Para encerrar o Festival Arizona de Música Sertaneja – então realizado em 6 Estados e 38 cidades – promoveu-se uma grande festa que passou a ser chamada de “A Grande Noite da Viola”.
Para a “Noite da Viola” (era assim que parte da imprensa insistia em chamar o evento), foram convidados os maiores artistas caipiras, sertanejos e regionais pertencentes ao elenco da Chantecler. Vale sempre lembrar que a gravadora paulista era reconhecidamente ligada ao gênero sertanejo desde sua fundação, em 1957. Por isso mesmo, os grandes nomes da música de raiz mantinham contratos com ela. Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco e Teixeirinha são alguns bons exemplos.
Bem, se Teixeirinha (e Mary Terezinha) mantinha contrato com a Chantecler, nada mais óbvio do que escala-lo para a festa, certo? Certíssimo! E foi exatamente isso o que aconteceu.
Em pleno inverno de 1981 as rádios cariocas começavam a divulgar a grande festa que se aproximava. Além das conhecidas duplas do sudeste e centro-oeste brasileiro, os radialistas ressaltavam que Teixeirinha, Mary e o mais novo fenômeno gaúcho – Berenice Azambuja, que estourara pouco antes com “É disto que o velho gosta” - também haviam sido convidados para o evento.
Os cariocas estavam eufóricos. Há seis anos (desde 1975), Teixeirinha não visitava a “Cidade Maravilhosa”, e seus fãs – que ouviam os sucessos do ídolo no rádio – queriam matar as saudades. Atendendo ao convite da Chantecler, em junho de 81, a dupla mais querida do Rio Grande do Sul chegou ao Rio de Janeiro. Concedendo entrevistas, divulgando o LP “Menina Margarethe” e revendo velhos amigos, os dois permaneceram por algumas semanas na capital carioca. E foi entre estes dias, mais precisamente na noite de 20 de junho de 1981, que ocorreu um dos momentos mais incríveis da carreira de Teixeirinha.
O ginásio do Maracanãzinho, palco de grandes espetáculos, dos festivais de música popular e de eventos esportivos internacionais, estava lotado. 10 mil pessoas, entre nordestinos, mineiros, paulistas e, claro, cariocas, faziam a festa à espera de seus ídolos. Depois de alguns instantes de expectativa, um apresentador (cuja identidade ainda não consegui decifrar) anunciava: “Muito boa noite, minha gente... esse espetáculo lindo: A Grande Noite da Viola!”. As milhares de pessoas vibravam num som ensurdecedor. De repente, enquanto eram executados alguns acordes de uma autêntica “moda”, o locutor pede a palavra novamente para anunciar: “Vem aí... Teixeirinha e Mary Terezinha!”. O gigante Maracanãzinho é pequeno para tanta alegria: gritos, aplausos e agitação tomam conta da platéia quando Mary espicha a sanfona, iniciando os primeiros acordes.
A saudade e a espera dos cariocas foi mais do que recompensada. Possivelmente eles sequer imaginassem o que iria acontecer naquele palco. Pensavam, decerto, que o gaúcho cantaria duas ou três músicas conhecidas – como, aliás, estava previsto. Mas, diante dos 10 mil espectadores, Teixeirinha “abriu os trabalhos” com uma de suas marcas: um improviso! Quando a platéia silenciou (ante um acorde desconhecido), ele lascou:
É verdade, meus irmãos
Vai começar a minha prosa
Os homens são os cravos
E as ‘mulher’ são as rosas
Que perfuma com amor
A cidade maravilhosa
Sim, o ginásio ficou em êxtase. A cada novo verso – elogiando a hospitalidade do povo carioca – uma festa nas arquibancadas. Nos seis versos de improviso, o acordeom de Mary, a voz de Teixeirinha e a exaltação do público formavam uma única sintonia. Quando o “Rei do Disco” resolveu lembrar dos outros “irmãos” presentes na platéia, uma nova euforia tomou conta do povo:
Lá do Cristo Redentor
Eu sei que eles vieste
E agora quero cantar
Pro meu irmão cabra da peste
Que é o povo do Norte
Do grande Norte e Nordeste
No último verso, a consagração. Como se estivesse querendo ainda mais do público, o próprio Teixeirinha encerrou o improviso pedindo palmas, desta vez em homenagem à Mary Terezinha:
Meu grande Rio de Janeiro
Terra de rei e da rainha
As rádios anunciaram
E eu lhe prometi que vinha
Tô aqui por que eu cheguei
Terra de rei e rainha
E agora eu quero ver palmas
Para a Mary Terezinha!
A apoteose estava feita. Depois do repente, o público acordou de vez para acompanhar Teixeirinha e Mary Terezinha em três canções: “Coração de Luto”, “Menina Margarethe” (que, segundo alguns jornais, agradou muito ao público) e um desafio (possivelmente o “Bota Desafio Nisso”, gravado nesta época). Aliás, durante este último, por um breve momento faltou energia elétrica no Maracanãzinho. Enquanto os geradores voltavam a funcionar, mesmo sem o som dos microfones e amplificadores, Mary deu seqüência ao desafio, fato que lhe rendeu uma imensa salva de palmas.
As doze faixas do LP
“A Grande Noite da Viola” rendeu, em 1981, dois LP’s. O primeiro, contendo 12 faixas, é a própria gravação do show (num cantinho do disco pode-se ler: “GRAVADO AO VIVO NO MARACANÃZINHO”). Este disco começa e termina com Teixeirinha (para que se tenha uma noção do sucesso do cantor). A primeira música é “Exaltação Carioca”, o improviso de que falei antes. Já a última música do Lado B é “Coração de Luto”, numa rara gravação ao vivo.
O outro LP (que também tem o nome de “A Grande Noite da Viola”) foi lançado simultaneamente ao primeiro. Nele, há uma gravação convencional de “Coração de Luto”, localizada na faixa 3 do Lado B. Até onde consta, nenhum dos dois discos foi remasterizado até hoje. Sendo assim, o improviso de Teixeirinha no Rio e a única gravação ao vivo de “Coração de Luto” seguem praticamente inéditos. Vale a dica: quem encontrar o disco “A Grande Noite da Viola” (ao vivo) que compre. É uma raridade!
Com a colaboração de Claudiomar de Oliveira.
1 comentários:
EU TENHO ESTE LP!
E MUITO BOM!
BEIJOS CHICO!
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