ESTILO TEIXEIRINHA

>> 26 de out. de 2007

Em algum momento da vida, todo mundo já se deparou observando velhas fotografias. Geralmente, nos achamos melhores no presente do que no passado. Quase sempre nossa reação é de espanto com as roupas, penteados e por aí vai. O importante é que todos mudam, e muito!
Como não seria diferente, o astro Teixeirinha também passou por enormes transformações ao longo de seus 59 anos de vida. Arrisco a dizer mais: ele foi um verdadeiro camaleão! Mudou de estilo várias vezes e foi um gaúcho pra lá de vaidoso. A maioria destas mudanças pode ser percebida nas capas de seus LPs, nas milhares de fotografias que lhe foram tiradas e, principalmente, nos 12 filmes em que ele foi o ator principal.
Como ele era até os dezoito anos pouco se sabe. Infelizmente, não restaram fotos deste período e a imagem de Miro Soares, que viveu o menino Vitor em Coração de Luto (1966), não parece ser a mais certa para que possamos imaginar Teixeirinha; principalmente por que Miro ostenta cabelos muito lisos na época das filmagens, ao passo que Teixeira parece sempre ter tido uma vasta cabeleira cacheada.
Teixeirinha antes da fama: sorriso maroto...

Depois dos dezoito anos já sabemos como era Teixeirinha. Fotografias mostram um jovem magro de cabelos rebeldes e dentes mal-cuidados. Nesta época, quando ainda construía estradas como empregado do DAER, Teixeirinha vestia-se humildemente como os trabalhadores de seu tempo. As mudanças só viriam nos anos 1950. Já famoso pelo interior do Rio Grande do Sul, Teixeirinha passara a ostentar um fino bigode (no mais alto estilo Clark Gable). Era um homem maduro, quase sempre pilchado, apresentando-se em programas de rádio. Em 1957, quando se casou com Zoraida Lima Teixeira, vestiu – talvez pela primeira vez – um smoking.
Casamento de Teixeirinha e Zoraida Lima Teixeira, 1957

Dois anos depois do matrimônio, apareceu pela primeira vez no mercado fonográfico brasileiro. No início da década de 1960, seus cabelos cacheados castanho-claro eram meticulosamente glostorados e penteados para trás. O bigodinho também era mantido bem aparado, sendo uma marca daquele período. Nos primeiros LPs, quando não estava trajado à gaúcho, Teixeirinha aparecia em ternos quase sempre discretos. As gravatas eram daquelas fininhas. No mais, anéis não muito pequenos, belos relógios e uma indiscreta (nos termos de hoje) sobre-saliência nas unhas dos dedos mínimos nas duas mãos completavam o estilo do Teixeirinha daqueles tempos.
LP "O rei do disco" (1965)

Mas, mesmo vaidoso, faltava a ele o conhecimento sobre o que era ou não “moda”. O ato de tingir os cabelos e o bigode não compensava a falta de talento na hora de escolher as roupas e, também, de vesti-las. Com pilchas ficava melhor caracterizado. Porém, as apresentações na TV ocorridas no centro do país muitas vezes exigiam roupas mais formais. Entre os anos de 1967 e 1970, finalmente começaram as primeiras grandes mudanças na aparência do cantor. Em 1969, pela primeira vez desde que se lançara no disco, Teixeirinha aparecia sem o famoso bigode. Tudo indica que o “bigodinho preto” tenha sido raspado na intenção de rejuvenescer o artista, então com mais de quarenta anos.
Teixeirinha e Mary Terezinha: novo visual para os anos 70

As mudanças não pararam por aí. No início daqueles anos 70 Teixeirinha substituiria os convencionais ternos por calças boca-de-sino e camisas com estampas espalhafatosas. Nos discos deste período (a maioria lançados pela gravadora Copacabana), Teixeirinha varia entre blusas, camisetas e até uma elegante jaqueta de couro. Foi por esta época que o cabelo começou a crescer sendo acompanhado por costeletas cada vez maiores, típicas daquela época.
Por trás de tantas mudanças estava o novo conselheiro profissional de Teixeirinha, Clóvis Mezzomo. Pessoas ligadas ao “Rei do Disco” afirmam que a aproximação de Mezzomo foi importante, pois o cantor passou a valorizar mais sua aparência e até o comportamento junto ao público. Clóvis foi o responsável pela renovação do guarda-roupa do cantor e, como tudo indica, aconselhou Teixeirinha a utilizar as nada discretas plataformas de até dez centímetros nos sapatos. A medida visava compensar a baixa estatura de Teixeira (que era mais baixo do que Mary Terezinha, inclusive!) e foi adotada em todos os seus sapatos e botas, sem exceção.
Mais velho e de cabelos longos nos fim da década de 1970

De cabelos compridos e desalinhados, Teixeirinha submeteu-se a duas cirurgias plásticas nos anos 1970. Numa delas retirou as bolsas dos olhos com o renomado Ivo Pitanguy do Rio de Janeiro. Em outra ocasião, operou o nariz, deixando-o mais fino. No final daquela década, seus trajes eram nada discretos, num misto de ternos chamativos e pilchas acrescidas de bombachas listradas e camisas nem sempre convencionais (principalmente pelas cores). No mesmo período, o velho bigode regressou à face do cantor e desta vez para ficar. Não era mais o “bigodinho preto”, fininho e típico dos anos 1960. Agora era um bigode mais espesso, bem aparado e pintado.
Mas não era apenas o “bigodinho preto” que deixara de existir. O “rosto bem alinhado”, cantado no samba “Mocinho bonito”, também ficara para trás. As marcas dos tempos difíceis na orfandade e do sacrifício das viagens para divulgar suas músicas estavam estampadas em seus tentos. As rugas eram visíveis e o excesso de peso – uma característica da qual Teixeirinha nunca conseguira de desvencilhar – também. Quando ele e Mary Terezinha separaram-se em 1983, o cantor (debilitado por um câncer desde 1979) finalmente emagreceu, admitindo uma dieta que talvez nunca tenha ocorrido de fato. Com menos nove quilos na pesagem, Teixeirinha ficou mais exposto aos caprichos da velhice.
Em 1984, meses antes de falecer

Nos cinco anos anteriores a morte, Teixeirinha se parecia bastante com a atual imagem do conhecido cantor Reginaldo Rossi (considerado o “Rei do Brega”). Utilizava óculos escuros boa parte do tempo e tinha cabelos volumosos e muito crespos. O bigode e as mãos pequeninas davam-lhe um toque particular. Certa vez, ele mesmo declarou à revista “O Cruzeiro” que não se considerava um homem bonito. Não era “um pão”, na gíria da época – mas não teve dificuldades com as mulheres por conta disso. Foi um homem em transformação, adequando-se ao estilo de seu tempo, mas – indiscutivelmente – dono de sua própria moda: o estilo Teixeirinha.

3 comentários:

Anônimo 7 de novembro de 2007 às 02:37  

ADORO O TEIXEIRINHA DE "BIGODE"... FICA MAIS BONITO.

Anônimo 8 de novembro de 2007 às 05:24  

MAIS UMA DÚVIDA CHICO! QUEM SERIA ESTA MULHER DE ROSA ATRÁS DO TEIXEIRINHA?

Anônimo 8 de novembro de 2007 às 05:27  

UMA CAPA TÃO FORMAL EM "O REI DO DISCO" E DENTRE AS MÚSICAS, UM SUCESSO COM "TRAJE DE GAÚCHO"...RSRSRS

About This Blog

Lorem Ipsum

  © Template baseado no Palm Theme disponível em Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP