CORAÇÃO DE LUTO: 40 ANOS DEPOIS (PARTE 2)

>> 7 de set. de 2007

Teixeirinha nas filmagens de "Coração de Luto"

Acompanhe a seguir a segunda matéria em comemoração ao aniversário dos 40 anos do lançamento do filme “Coração de Luto”, primeiro sucesso cinematográfico de Teixeirinha. Hoje, saberemos como foram os meses de produção e ainda: como o filme tornou-se um sucesso antes mesmo de ser lançado.

Luz, câmera, ação!

Em 1966, depois de algumas conversas, a Leopoldis Som e Teixeirinha acertaram o contrato para filmar a história de “Coração de Luto”. O produtor Derly Martinez (que seria o responsável pela idéia do filme) queria uma produção capaz de fazer frente às películas estrangeiras e, desde o início, teve como principal meta produzir um filme de qualidade.
Martinez buscou profissionais experientes em São Paulo. As direções geral e de fotografia foram ocupadas pelo espanhol Eduardo Llorente e pelo uruguaio Américo Pini, respectivamente. A letra de “Coração de Luto” foi tomada como a base do roteiro. O interessante é que, dentro deste mesmo roteiro, deveria transparecer uma linguagem de fácil assimilação e, preferencialmente, marcada por alguns termos típicos gaúchos.
Como já foi dito em outra ocasião, produzir um filme custava caro. Por isso mesmo, Teixeirinha e a Leopoldis buscaram parcerias capazes de investir na idéia. O resultado foi a participação do Banco Frederico Mentz como um dos financiadores do filme, fato inédito no Rio Grande do Sul até então.
No início de 1966 a equipe técnica e artística da Leopoldis Som já estava pronta para dar início às filmagens de “Coração de Luto”. No cast do filme foram escalados diversos artistas, a maioria deles ligados ao teatro gaúcho. A atriz Amélia Bittencourt foi contratada para viver Ledorina Matheus Teixeira – a mãe de Teixeirinha. Já o ator mirim Miro Soares fez a primeira parte do filme, vivendo o menino Vitor. Aliás, este papel deveria ser do próprio Vitor Teixeira Filho (na época com 10 anos). Porém, Teixeirinha Filho intimidou-se ante as câmeras, sendo então substituído por Miro.

Miro Soares e Amélia Bittencourt vivem Vitor e Ledorina

“Coração de Luto” começou a ser rodado em março de 1966 num sítio em Belém Velho, interior de Porto Alegre. As filmagens duraram seis meses, mas teriam sido encerradas antes, não fosse um acidente envolvendo um dos atores. Segundo dados da época, o primeiro filme de Teixeirinha custou 120 mil cruzeiros, uma verdadeira fortuna! Para que se tenha uma idéia, dos 15 mil metros de filme utilizado, foram aproveitados apenas 3 mil...
A imprensa gaúcha deu ampla cobertura às filmagens, criando um clima de expectativa generalizada no público e na crítica. Em setembro de 1966, a Leopoldis anunciou o encerramento oficial das filmagens. Então, Eduardo Llorente partiu para São Paulo, onde efetuou a edição, sonorização e dublagem do filme. Mesmo inacabado, “Coração de Luto” já despertava o interesse dos produtores, sendo comum a disputa entre eles para comprá-lo.

Teixeirinha e Mary Terezinha rodando "Coração de Luto" em Belém Velho

Com tudo isso, o leitor talvez se pergunte: como Teixeirinha estaria se sentindo as vésperas de se tornar um astro no cinema? O que ele pensava sobre tudo isso? Sabemos que o Rei do Disco via a idéia de gravar “Coração de Luto” como mais uma forma de mostrar ao povo sua história, a verdadeira saga do menino Vitor que se tornaria o famoso Teixeirinha. Porém, Teixeirinha sabia que entrevistas ou meras declarações não bastariam para que ele contasse o que sentia. Por isso mesmo, em 1966, ele fez o que melhor sabia: lançou a milonga “O filme Coração de Luto”, contando tudo sobre mais esta aventura de sua vida. Mais do que um documento, esta canção permite notar que, mesmo antes de ser lançado, “Coração de Luto” já era um sucesso. Com vocês, “O filme Coração de Luto”:

O maior golpe do mundo
Que eu tive meninozinho
Já falei foi minha mãe
Minha vida, meu carinho

Que o fogo um dia queimou
Me deixando tão sozinho
Resolvi fazer um filme
Fui visitar o ranchinho

Quando cheguei no local
Meus olhos ‘triste chorou’
Não tinha mais o ranchinho
Onde mamãe se velou

Só existe as ‘laranjeira’
Que a fome às ‘vez’ me matou
E a cerca das taquareiras
Onde mamãe se queimou

Mostrei aos homens do filme
E ao padre que foi comigo
Aqui minha mãe morreu
Foi seu derradeiro abrigo

As folhas das taquareiras
Deixou um filho mendigo
Levando mamãe pro céu
Deus que esteja contigo

Aqui perto, traz as câmeras
E filme a história assim
Quero que este filme passe
Por este mundo sem fim

Mostrar ao querido povo
Contar tim-tim por tim-tim
E lavar a língua daqueles
Que criticaram de mim

Brasileiro e estrangeiros
‘Aplaudiu’ minha história
E este filme, mamãe
Eu fiz em tua memória

Diga a Deus que não castigue
Estes críticos sem glória
Que seu filho aqui na Terra
Foi que ficou com a vitória

Filme Coração de Luto
Será toda a minha vida
Tenho um filho com dez anos
Que é neto da falecida

Ele fará o papel
Da minha infância sofrida
E eu faço a continuação
Benção, mãezinha querida

E não esqueça: na semana que vem a última matéria da série CORAÇÃO DE LUTO: 40 ANOS DEPOIS!
TEXTO: Chico Cougo

1 comentários:

Nicole 9 de setembro de 2007 às 17:43  

Ai, Chico, daqui a pouco eu vou mandar tu escrever a tese por mim. Cada vez melhor o blog, parabéns!
Boa semana pra ti, beijo!

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