SE OUTRO CABELUDO APARECER...

>> 29 de jun. de 2007


Em 1959, Teixeirinha gravou e lançou seu primeiro disco de 78 RPM. No mesmo ano, um outro cantor desconhecido tentava o sucesso com as músicas “João e Maria” e “Fora do Tom”. Este desconhecido era o capixaba Roberto Carlos, na época com apenas 18 anos de idade.
É no mínimo curioso o fato de que os dois cantores tenham gravado pela primeira vez no mesmo ano. Mas as coincidências não param por aí. As primeiras gravações de Roberto Carlos não alcançaram sucesso imediato, assim como acontecera com Teixeirinha. Ambos também demoraram 2 anos até que gravassem o primeiro álbum. A maior diferença é que, em 1961, enquanto Teixeirinha vendia “O gaúcho coração do Rio Grande” (seu primeiro LP) como água, Roberto Carlos amargava o pouco sucesso de seu LP “Louco por você”.
Como todos sabem o sucesso logo bateu à porta de Roberto Carlos. Com a explosão da Jovem Guarda (1965), o cantor se popularizou, impôs o estilo “roqueiro” e se tornou – ao lado do próprio Teixeirinha – o maior fenômeno de vendas em todo o país. Suas músicas nestes anos 1960 tratavam de carrões, namoro e muito, mas muito iê-iê-iê.
De estilos bastante diferentes – um roqueiro e um gaúcho – Roberto Carlos e Teixeirinha acabaram construindo carreiras sólidas e que resistiram ao tempo. Com grande potencial artístico, exploraram ao máximo seu talento. Através da música (cantando ou compondo), lotaram auditórios em todo o país e se tornaram reis: o gaúcho o “Rei do Disco”; o capixaba, simplesmente “O Rei”.
Em 1967, quando chegou às telas de todo o país o estrondoso sucesso “Coração de Luto” – filme produzido pela Leopoldis Som e encenado por Teixeirinha – Roberto Carlos também estreava no cinema. O filme era “Roberto Carlos em ritmo de aventura”, dirigido por Roberto Farias. “O Rei” ainda atuaria em mais dois longas-metragens. Já Teixeirinha, apareceria em 12 filmes.
Neste mesmo ano de 1967, porém, Teixeirinha e Roberto Carlos se “encontraram” em uma música pela primeira vez. Não, eles não gravaram juntos. Tampouco um gravou composições do outro. O “encontro” foi promovido pelo próprio Teixeirinha e de forma quase subliminar na rancheira “Lindo brotinho”, gravada pela Copacabana e lançada no LP “Dorme Angelita”.
“Lindo brotinho” é uma nítida alfinetada muito bem humorada de Teixeirinha aos cantores da Jovem Guarda, em especial Roberto Carlos. Na letra, Teixeirinha diz que tem uma linda moreninha (o brotinho, gíria dos jovens da época) e que passa maus bocados escondendo a bela dos “cabeludos”. Na terceira estrofe da rancheira, Teixeirinha fala num tal cabeludo a duzentos por hora num calhambeque! E mais: diz que quando ele pára o carro, tira os cabelos dos olhos e fala “É uma brasa, mora!”. Era o “Rei” dando em cima da morena de Teixeirinha...
A música fala de outras figuras que “arrastam a asa” para o brotinho. Mas é impossível não reparar na menção explícita que Teixeirinha faz ao tal cabeludo do calhambeque:

*

Eu tenho uma moreninha
Um lindo brotinho, conto pra vocês
Por causa dos cabeludos
Já escondi ela até no xadrez

Um deles, muito intrometido
Quis conquistar ela, proposta ele fez
Eu apelei pra ogum
Saravá pra ti, tu-tu-fum três ‘vez’

*

[Falado]
“Sai, meu irmão... Vai em frente! Sai da linha!”

Esses ‘dia’ ela saiu na rua
Passou um cabeludo a duzentos por hora
Travou o seu calhambeque
Saiu do asfalto, derrapou lá fora

Tirou o cabelo dos ‘olho’
Disse pro meu broto: ‘É uma brasa mora!’
Meu santo baixou ali
Saravá pra ti, tu-tu-fum, vai embora

*

[Falado]
“Essa não é tua terreira, meu irmão! Vai baixar noutro lugar!”

Eu tenho ciúmes dela
Porque a moreninha é gostosa demais
Um velho de setenta anos
Viu o meu brotinho, quis bancar o rapaz

A dez por hora na sua lambreta
É uma brasa fria que não queima mais
Chamei ogum ligeirinho
Saravá, velhinho bobo não dá mais

*

[Falado]
“Que isso vovô? Seu tempo já passou! Sai da encruzilhada!”

A moreninha ginga a cinturinha
Quando ela passa todos ‘fica’ olhando
Até o guarda lá da sinaleira
Erra o seu controle, fica só manjando

Ela me vê e corre pro meu lado
Todo enciumado, fico criticando
Carrego ela pra casa
Eu também sou brasa que ainda está queimando

[Falado]
“Nem me botando água eu não me apago!”

E foi justamente assim que aconteceu aquele que, talvez, tenha sido o único encontro entre os dois reis.

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CHANTECLER: O PRIMEIRO A SER OUVIDO!

>> 22 de jun. de 2007


Em 26 anos de carreira artística, Teixeirinha passou por três gravadoras diferentes. Em duas delas – Copacabana e Continental – o Rei do Disco gravou alguns de seus grandes clássicos. Foi, porém, na Chantecler que ele se tornou um dos artistas mais populares do Brasil.
A Chantecler nasceu em 1957 como mais um investimento do grupo paulista Cássio Muniz S/A. A firma Cássio Muniz – na época com quase um século de experiência no ramo comercial – situava-se no centro da capital paulista, mais exatamente na Praça da República, 309. Entre suas atividades, ela representava e distribuía os discos RCA Victor. Contudo, quando a RCA passou a funcionar por conta própria, a empresa paulista optou por produzir seus próprios discos. Nascia então a Discos Chantecler.
O primeiro endereço da gravadora Chantecler foi na Av. Rio Branco, onde funcionavam estúdios de gravação, estoque e toda a parte administrativa, da divulgação às vendas. Todo o processo de produção dos discos era realizado pela gravadora, com exceção da prensagem, que era feita pela RCA Victor e Gravações Elétricas S/A – Continental. Naquela época os discos eram prensados nos formatos 78RPM, 45 RPM e 33RPM (Long Play).
Naquela época inicial, a Chantecler contava com três selos para os discos Long Play. Um selo era destinado à música clássica. O outro, com a sigla CMG (Cássio Muniz Gravações), era destinado às músicas populares. Já o terceiro selo era o PTJ, voltado para o chamado “gênero sertanejo”. Sob a sigla PTJ (que significava Palmeira, Teddy e Jairo – Diogo Muleiro, Teddy Vieira e Jairo de Almeida – diretores da gravadora) formou-se o selo Sertanejo, pelo qual Teixeirinha realizou sua primeira gravação em 1958. Segundo consta, a Chantecler já era uma empresa bem estabelecida nesta época. Contudo, com o sucesso de “Coração de Luto” em 1960, a gravadora precisou de mais espaço e investimentos.
Quando Teixeirinha estourou para todo Brasil como fenômeno musical, a Chantecler mudou-se para a Rua Aurora, 1011. Com a mudança, renovou-se também a diretoria, que passou à responsabilidade de Biaggio Baccarin – hoje um dos maiores conhecedores da obra de Teixeirinha. Com foco no gênero regional, a gravadora teve em seu elenco nomes como Waldick Soriano, Joelma, Tonico e Tinoco, Demônios da Garoa e outros. Também não revelou apenas Teixeirinha. Começaram nos microfones da Chantecler os cantores Reginaldo Rossi, Francisco Petrônio, Juca Chaves e até Sérgio Reis.
Na Chantecler, Teixerinha esteve durante dois momentos distintos. No primeiro período, entre 1957 e 1967, gravou inúmeros discos de 78RPM e pelo menos 16 LPs. Algumas gravações antológicas são deste período: “Coração de Luto”, “Tordilho Negro”, “Obrigado Doutor”, por exemplo. Depois de passar por outras gravadoras, Teixeirinha retornou à Chantecler em 1979, gravando mais 15 LPs. Nesta segunda permanência, contudo, a gravadora já não pertencia mais à empresa Cássio Muniz. Isto porque, em meados dos anos 1970, a Chantecler foi absorvida pela Continental, outra gravadora com força no gênero regional.
Na segunda fase de Teixeirinha na Chantecler, foram gravadas algumas de suas músicas mais sentimentais, incluindo aquelas que antecederam sua morte. Entre as gravações imortalizadas estão “A morte não marca hora” e “Amor aos passarinhos”. A Chantecler foi responsável pelo último disco em vida de Teixeirinha, em 1985. Com a morte do cantor, as gravadoras logo se apressaram em reeditar sua obra. Neste ponto, a Chantecler foi privilegiada, pois contava com as principais gravações do Rei do Disco.
Em 1994 a Discos Continental-Chantecler foi adquirida pela Warner Music do Brasil. No mesmo ano, chegaram às lojas os primeiros CDs de Teixeirinha, coletâneas que logo se tornaram campeãs de vendagem. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), o CD “Os grandes sucessos de Teixeirinha” recebeu o prêmio Disco de Platina pela importante marca de 250 mil exemplares vendidos. Outras coletâneas vieram posteriormente, completando a obra do “Gaúcho Coração do Rio Grande” em mídia digital.
A Chantecler foi importante na carreira de Teixeirinha especialmente por dois motivos: primeiro, porque lhe proporcionou a primeira oportunidade para que gravasse um disco. Segundo, porque foi a gravadora que – segundo o próprio Teixeirinha – melhor o compreendia. Foi na Chantecler que Teixeirinha e Mary Terezinha se tornaram dois ícones da música regional brasileira. Por isso mesmo, a gravadora sempre teve por eles um grande carinho e amizade, comprovados pelas inúmeras homenagens prestadas a Teixeirinha em vida e depois de sua morte.

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OURO DO MESMO QUILATE

>> 16 de jun. de 2007


Em 1964, Teixeirinha lançou o LP “Canarinho Cantador” pela gravadora Chantecler. O disco trazia, entre outros sucessos, uma música pra lá de especial: “Ouro do mesmo quilate”.
A milonga escrita e cantada por Teixeirinha mostra o quanto ele gostava do Uruguai, país onde sua música sempre foi bem aceita. Na letra, o “Rei do Disco” compara os uruguaios com os brasileiros, mostrando que os dois são povos ‘buenos’, sem luxo e, no fim, ouro do mesmo quilate.
Duas características de “Ouro do mesmo quilate” chamam a atenção: a primeira é o ritmo da milonga, tipicamente uruguaio e extremamente explorado por Teixeirinha em quase todos os seus discos. Particularmente nesta gravação, percebe-se o uso de poucos instrumentos. São notados com facilidade o violão, o acordeom e o pandeiro, elementos típicos deste ritmo.
A outra característica marcante em “Ouro do mesmo quilate” é a letra que explora o nome de quatorze departamentos do Uruguai, em especial daqueles que fazem fronteira com o Brasil. Teixeirinha conseguiu nesta canção rimar com os nomes dos departamentos uruguaios tal como fez com as cidades do Rio Grande do Sul em diversas outras canções. O resultado só podia ser a linda “Ouro do mesmo quilate”:

*

Milonga tu vai agora
Atravessar a fronteira
Vai lá na terra estrangeira
Ver o povo do Uruguai
Diga que eles não ‘sai’
Do peito deste gaúcho
Povo bueno e sem luxo
Pra vocês meus versos ‘vai’

Milonga, em Montevidéu
Diga para aquele povo
Pretendo voltar de novo
Para abraçar novamente
Quanta saudade se sente
Ao regressar o Brasil
Aquele povo gentil
Amigo de nossa gente

*

Em cada departamento
Tem uma linda cidade
Nos dá hospitalidade
O povo do interior
Artigas, jardim de flor
Por lá muitas ‘vez’ cantei
Fui adorado e adorei
Povo de tanto valor

Rio Branco, Melo e Chuy
Acegua e Rivera
Com o Brasil faz fronteira
Costumes de nosso pago
Toma o mesmo mate amargo
Igual Rio Grande do Sul
Tem o mesmo céu azul
No carinho o mesmo afago

*

Na Barra do Quarai
Trinta e Três e Maldonado
Taquarimbó afamado
Minas, Paysandu e Salto
Aonde o progresso é alto
Uruguai te quero bem
Quantas cidades tu tem
Sou convidado e não falto

És aí um Uruguai
País irmão do Brasil
Do mesmo céu de anil
Dois corações sem combate
Que no mesmo peito ‘bate’
Unidos pelo amor
Perfume da mesma flor
Ouro do mesmo quilate

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TEIXEIRINHA EM QUADRINHOS

>> 8 de jun. de 2007


Que Teixeirinha havia atuado em rádio, disco, cinema e televisão todo mundo já sabia. Agora, você sabia que ele também foi personagem de história em quadrinhos? Isso mesmo! Foi em 1974, na revista “Coração de Luto em quadrinhos”.
Não se sabe de quem foi a idéia da publicação. O que sabemos é que, depois do sucesso da música e do filme “Coração de Luto”, a carreira de Teixeirinha ficou tão ligada ao fenômeno que não faltaram maneiras de explorá-lo. A revista em quadrinhos, com primeira edição de 1974, teve tiragem inicial de 10.000 exemplares. Ela foi impressa pela Editora Metrópole de Porto Alegre, mas deveria ser pedida num endereço bastante conhecido: a Galeria Di Primio Beck, onde se localizava o escritório de Teixeirinha. Num momento posterior, a revista ganhou uma segunda edição, com a mesma tiragem. Os 20.000 exemplares foram esgotados tão logo chegaram às bancas.
“Coração de Luto em quadrinhos” tinha como história central a saga de Teixeirinha quando menino. A revista baseia-se por completo no roteiro da primeira parte do filme “Coração de Luto”, descrevendo os passos do pequeno Vitor Matheus Teixeira do nascimento até a orfandade, com nove anos. A criação, adaptação e os desenhos ficaram sob responsabilidade de Fernando Jorge Uberti. Já a supervisão do projeto foi encargo da Person Publicidade LTDA. A apresentação inicial do livrinho foi assinada pelo conhecido Darcy Fagundes, que em determinado momento afirma: “Esse Teixeirinha é gente, barbaridade. Sempre foi, desde que nasceu.”
A história de “Coração de Luto” traz 39 páginas com as principais fases da vida do menino Vitor. Os desenhos retratam a vida no interior, as dificuldades enfrentadas por Ledurina e Saturnino (pais de Teixerinha) e as tragédias que abalariam a vida do futuro cantor. No último instante, uma passagem interessante: “O que viria depois era ainda uma interrogação para aquele menino órfão, com o coração de luto, que chegava sozinho para enfrentar o desconhecido. Mas duas coisas ele trazia consigo: a certeza de que o futuro não poderia ser pior do que o passado; e o violão, a única companhia que lhe restou.”
Mas “Coração de Luto em quadrinhos” não trazia apenas a trágica infância do Rei do Disco. Na metade final da revista, é mostrada um pouco da intimidade do cantor em “Assim vive Teixeirinha”. São dezenas de fotos do artista em sua casa na Glória em Porto Alegre. No pátio, na varanda, na piscina em formato de cuia, assistindo televisão, no aconchego de seu lar. São diversas poses de Teixeirinha, ora abraçado a violões, ora dirigindo alguns de seus automóveis. Divididas por determinados temas, algumas fotos mostram Teixeirinha em meio a bezerros, cavalos, porcos e outros animais naquele que, supõe-se, seria o futuro Rancho do Capivari. Uma das fotos que mais impressiona é a do interior de seu escritório, onde se avistam milhares (quem sabe milhões) de cartas de seus fãs.
Uma terceira parte da revista (que tem, no total, 65 páginas), traz algumas das letras mais famosas do cantor. Dentre elas, destacam-se a toada-milonga “Coração de Luto” e “Relho Trançado”. Na contracapa, uma bonita foto de Teixeirinha e Mary Terezinha (ele abraçado ao violão e ela à acordeona). O retrato segue acompanhado pela dedicatória “A você, com nosso carinho” e o autógrafo dos cantores. Um trabalho muito bem feito, onde se destacam a preocupação com a qualidade do material e satisfação do leitor.
“Coração de Luto em quadrinhos” foi comercializada no Brasil por Cr$ 10,00 e em Portugal por Esc. 50$00. Isso mesmo! A revista foi parar até na terra de Cabral, comprovando o sucesso do cantor por além-mar. Apesar do bom número de exemplares vendidos, podemos imaginar que muitos deles não tenham sobrevivido até o presente. Se chegaram até nossos dias, decerto estão muito bem guardados junto com as relíquias pessoais de alguém. Particularmente, conheço apenas quatro pessoas que possuem “Coração de Luto em quadrinhos”: Betha Teixeira, Arnaldo Guerreiro (de Portugal), Claudiomar de Oliveira e um primo deste. Aliás, não posso deixar de agradecer ao professor Claudiomar que, gentilmente, disponibilizou-me uma cópia da revista. É muito provável que existam outros exemplares de “Coração de Luto em quadrinhos” por aí. Contudo, não é tarefa fácil encontrá-los. Assim, fica registrada aqui um pouco da história de mais esta curiosidade sobre o grande Teixeirinha.

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AGRADECIMENTOS

>> 3 de jun. de 2007

O trabalho, mesmo quando árduo, é prazeroso por suas recompensas. Sendo assim, quero agradecer a todos os que tem acessado este blog desde sua recente estréia. É com grande orgulho que presencio o crescimento no número de acessos à página. Já são quase 500 acessos em um período de quase três meses. É um número bastante satisfatório, principalmente quando tratamos de um blog sem qualquer pretensão.
Também quero - e preciso - agradecer imensamente a algumas pessoas que particularmente tem dado muito apoio ao blog, às minhas pesquisas e, acima de tudo, tem sido extremamente cordiais e parceiras nesta minha trajetória. Agradeço: a grande parceira Nicole Reis; aos super fãs Arnaldo Guerreiro, Claudiomar de Oliveira, Cristiano Aresi, Luiz Nobre, Sandro 'Keche' e muitos outros que, de uma forma ou outra, prestigiam e auxiliam meu trabalho; não posso deixar de agradecer a Betha Teixeira e a Mônica, que deram espaço no microfone da Rádio Rural AM para que eu pudesse divulgar minhas pesquisas e esta página. Enfim, muito obrigado a todos, colaboradores e visitantes do "Revivendo Teixeirinha". Espero que a memória de nosso grande cantor possa, cada vez mais, ser mantida por esta e outras iniciativas!

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TEIXEIIRINHA, MEMÓRIA NACIONAL!

>> 1 de jun. de 2007


Minha sincera intenção nesta semana era de contar a todos o que acompanhei nos dias em que estive presente no Projeto Teixeirinha Memória Nacional, em Pelotas. Contudo, tenho de confessar que falar unicamente do projeto, sem descrever as emoções sentidas naqueles três dias, seria simplesmente impossível.
Foram momentos mágicos: pessoas de todas as idades e lugares, histórias de vida, a emoção estampada nas faces dos mais velhos e a surpresa da juventude, presente em peso ao evento. Nos três dias (25, 26 e 27 de maio) em que estive presente, presenciei cenas marcantes: um ginásio lotado durante a exibição de “Pobre João”, um show animadíssimo ao som de grandes sucessos de Teixeirinha (com direito à trova “Desafio pra valer”, que levou o público a relembrar os bons tempos de desafios), uma exposição onde cada um encontrava sua própria vida dentro da história de Teixeirinha... Tudo isso foi o Memória Nacional.
A receptividade da família Teixeira encantava a todos. Filhos e netos do cantor abraçando e conversando com os fãs foi uma cena corriqueira. Eles certamente herdaram do membro mais ilustre da família o carinho e o respeito aos admiradores. Receberam a todos de braços abertos, fossem os fãs humildes admiradores ou aficionados pela vida e obra de Teixeirinha.
Montado no Ginásio de Esportes do SEST/SENAT, em Pelotas, o evento trazia uma exposição de painéis contando a vida e obra de Teixeirinha. À noite, foram exibidos alguns dos principais filmes do cantor (“O gaúcho de Passo Fundo”, “Ela tornou-se Freira”, “Pobre João” e “Teixeirinha a 7 provas”). Na noite de sábado (26/05), ocorreu o esperado show com Teixeirinha Filho, Teixeirinha Neto e Os Fagundes. No último dia do evento, foi a vez do Estúdio Betha ao vivo de Pelotas.
Com tantas atrações, difícil seria escolher a melhor. Nas sessões de cinema, pude registrar a emoção do público e, por muitos momentos, me vi naqueles anos 1970, assistindo a uma premiére dos filmes ali exibidos. Risos, suspiros, admiração, gente cantando baixinho as canções daquele homenzinho apaixonado pela rica Veridiana em “Pobre João” ou abandonado por sua Mary Terezinha em “Ela tornou-se Freira”. Cenas inesquecíveis.
No show, momentos de pura emoção. Já falei no desafio cantado por Teixeirinha Filho e uma das cantoras do show. Mas não devo omitir as demais canções: “Tordilho Negro” entoada por centenas de vozes, “Coração de Luto” relembrada por todos e muito mais. Foram momentos alegres, onde Teixeirinha reviveu na figura de músicos, cantores e da própria platéia (diria ele mesmo: “meus fãs e minhas queridas fãs”).
O domingo, último dia do evento, reservaria uma emoção especial. Depois de ouvirmos tantas histórias emocionantes, surgiu uma que encantou a todos. Ela foi contada no Estúdio Betha e levou Betha Teixeira às lágrimas. Tratava-se de uma senhora no Amazonas que, mesmo sem discos ou fitas, cantara “Coração de Luto” por completo para um visitante gaúcho. O visitante – quem contou-nos a história – ficou imensamente emocionado e prometeu presentear aquela senhora com uma fita contendo músicas de Teixeirinha. Anos depois, com muitas dificuldades, a promessa foi cumprida. Era a voz de Teixeirinha chegando mais uma vez aos mais longínquos confins do Brasil.
O Estúdio Betha daquele domingo certamente não será esquecido por quem o viveu. Eu mesmo não esquecerei, até porque foi nele que realizei timidamente minha primeira participação num programa de rádio. Da mesma forma que eu, outros amigos participaram, destacando-se o professor Claudiomar de Oliveira (certamente o maior colecionador dentre todos os que compareceram ao evento) e o jovem Cristiano Aresi. Não poderia ainda deixar de destacar o senhor Olavo, exímio dançador de valsas que esteve presente em quatro das seis cidades por onde o Memória Nacional percorreu.
Emoção não faltou. Foi o momento de maior reverência à figura de Teixeirinha que eu já pude assistir. As histórias, atentamente acompanhadas pela amiga Nicole Reis (cuja pesquisa promete estar recheada de novidades a partir de agora), vinham naturalmente. Cada um tinha a sua, muitas vezes ilustrada por fotografias, músicas e até a gravação de um show realizado por Teixeirinha em Pelotas no ano de 1982. Quem ainda não admirava Teixeirinha passou a vê-lo com outros olhos. Quem já o admirava, comprovou o quanto ele segue imortal. Eu mesmo não teria tempo e nem espaço para descrever quantas emoções vivenciei naquelas 72 horas em que estive completamente inserido na atmosfera dos fãs do “Gaúcho Coração do Rio Grande”!

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