DISCOMENTANDO: "Teixeirinha interpreta..."
>> 25 de jul. de 2008
Geralmente eu abro o “Discomentando” dizendo que o LP analisado é especial. Hoje, no entanto, eu diria que o disco de que vou falar é no mínimo excepcional. Vamos conhecer “Teixeirinha interpreta músicas de amigos”, long-play lançado em 1963 pela Chantecler.
Aquele foi o 6º LP de Teixeirinha num período de três anos. Ele já lançara discos de 78rpm onde cantava músicas de outros compositores, mas nunca gravara um long-play contendo canções de outros autores. Não se sabe de quem foi a idéia, mas em 63 ela se realizou: Teixeirinha homenageou letristas gaúchos, cantando xotes, tangos, rasqueados e outros ritmos reunidos no “Teixeirinha intepreta...”.
No lado A, foram gravadas as canções “Tomara”, “Cobra sucuri”, “Milonga do Calavera”, “Tímido”, “Laço de amor” e “Oh mamãezinha”. Em todas elas, a instrumentação básica ficou por conta de violões, gaita, percussão e, vez por outra, violinos e banjo. Destas seis composições – todas de grande qualidade estética – algumas merecem destaque. “Cobra sucuri”, por exemplo, foi composta por Gildo de Freitas. Mais do que isso: foi a canção que deu origem à chamada trova à distância, a guerra travada entre Gildo e Teixeirinha. Reza a lenda, que Gildo de Freitas fez a canção e deu a Teixeirinha para que este gravasse. Na mesma época que o disco foi lançado, Gildo lançava seu primeiro LP, onde já respondia a Teixeirinha. Estava iniciada a guerra!
“Milonga do Calavera”, composta pelo ilustre Luiz Menezes, é outra jóia do “Teixeirinha interpreta...”. Além de ser um “milongão” autêntico, a canção explora toda a qualidade vocal de Teixeirinha, que, na época, ainda sustentava com força o chamado “timbre de sino”. Ainda no lado A, outras duas composições chamam atenção: “Laço de amor” e “Oh mamãezinha” (a primeira de autoria da dupla Mojica/Brás de Oliveira e a segunda composta por Benedito Seviero e Luiz de Castro). Ambas parecem uma resposta às composições “Tiro de laço” e “Coração de luto” – sucessos de Teixeirinha. Na primeira, a história começa com o gaúcho cuja china foi malvada e que, por isso, voltou a usar o laço para conquistar outras prendas. A segunda, explora a temática da saudade materna. Como último destaque desta primeira face, ressalto a canção “Tímido”, de autoria de Teixeirinha e do(a) desconhecido(a) Ivani. Esta deve ser uma das poucas músicas compostas pelo “rei do disco” em parceria.
Virando o disco, temos “Porque será que não vem”, “Paulistinha”, “Pai João”, “Quando sopra o minuano”, “Artista da velha guarda” e “Sentimento profundo”. A primeira é da lavra de Demóstenes Gonzáles, compositor que se consagrou como parceiro de Lupicínio Rodrigues. Todas as outras composições são bonitas e exploram temas que vão da desilusão amorosa de um velho (“Pai João”) até uma o abandono da mulher amada (“Sentimento profundo” – aliás, um tango de primeira qualidade!), passando por temas regionais (como uma homenagem ao vento-símbolo do Rio Grande do Sul) e conselhos. A meu ver, é neste lado que se encontra a melhor canção deste LP: “Paulistinha”. É um xote, de instrumental muito bem executado (e simples: gaita, violão, banjo e percussão) e com interpretação monumental de Teixeirinha. Destacam-se os intervalos entre os versos, quando o “Gaúcho Coração do Rio Grande” se empolga com frases como “Chora gaita malvada!” ou “Ê, paulistinha bonita!”. Enfim, uma das pérolas da carreira de Teixeirinha.
“Teixeirinha interpreta músicas de amigos” traz uma outra novidade, além das canções de autorias variadas: neste LP, o artista não aparece na capa. Ao invés de sua imagem, uma iconografia de Zamboni (que seria?), ilustrando uma cena “típica” sulina – três gaúchos numa roda de chimarrão. Uma capa simples, encobrindo um disco esteticamente superior a algumas produções anteriores.
Infelizmente, “Teixeirinha interpreta...” ainda não foi remasterizado. Aliás, é difícil até mesmo encontrar LPs à venda e, mais ainda, fãs que possuam o disco. Das doze faixas contidas na obra, apenas duas (“Quando sopra o minuano” e “Cobra sucuri”) foram lançadas no formato digital e assim mesmo em CDs antigos e difíceis de encontrar. Por questão de direitos autorais, é possível que este disco não seja reeditado – infelizmente! Quem puder conhecê-lo, no entanto, não deve perder a oportunidade. É um dos melhores LPs de Teixeirinha na “geração 60”.
A análise do disco só foi possível graças à colaboração de Arnaldo Guerreiro (que me deu a oportunidade de conhecer os fonogramas originais). A imagem da capa faz parte do Acervo Teixeirinha, da Fundação Vitor Mateus Teixeira. Quem souber mais informações sobre o “Teixeirinha interpreta músicas de amigos”, escreva para chicocougo@gmail.com
Todos nós agradecemos!
Aquele foi o 6º LP de Teixeirinha num período de três anos. Ele já lançara discos de 78rpm onde cantava músicas de outros compositores, mas nunca gravara um long-play contendo canções de outros autores. Não se sabe de quem foi a idéia, mas em 63 ela se realizou: Teixeirinha homenageou letristas gaúchos, cantando xotes, tangos, rasqueados e outros ritmos reunidos no “Teixeirinha intepreta...”.
No lado A, foram gravadas as canções “Tomara”, “Cobra sucuri”, “Milonga do Calavera”, “Tímido”, “Laço de amor” e “Oh mamãezinha”. Em todas elas, a instrumentação básica ficou por conta de violões, gaita, percussão e, vez por outra, violinos e banjo. Destas seis composições – todas de grande qualidade estética – algumas merecem destaque. “Cobra sucuri”, por exemplo, foi composta por Gildo de Freitas. Mais do que isso: foi a canção que deu origem à chamada trova à distância, a guerra travada entre Gildo e Teixeirinha. Reza a lenda, que Gildo de Freitas fez a canção e deu a Teixeirinha para que este gravasse. Na mesma época que o disco foi lançado, Gildo lançava seu primeiro LP, onde já respondia a Teixeirinha. Estava iniciada a guerra!
“Milonga do Calavera”, composta pelo ilustre Luiz Menezes, é outra jóia do “Teixeirinha interpreta...”. Além de ser um “milongão” autêntico, a canção explora toda a qualidade vocal de Teixeirinha, que, na época, ainda sustentava com força o chamado “timbre de sino”. Ainda no lado A, outras duas composições chamam atenção: “Laço de amor” e “Oh mamãezinha” (a primeira de autoria da dupla Mojica/Brás de Oliveira e a segunda composta por Benedito Seviero e Luiz de Castro). Ambas parecem uma resposta às composições “Tiro de laço” e “Coração de luto” – sucessos de Teixeirinha. Na primeira, a história começa com o gaúcho cuja china foi malvada e que, por isso, voltou a usar o laço para conquistar outras prendas. A segunda, explora a temática da saudade materna. Como último destaque desta primeira face, ressalto a canção “Tímido”, de autoria de Teixeirinha e do(a) desconhecido(a) Ivani. Esta deve ser uma das poucas músicas compostas pelo “rei do disco” em parceria.
Virando o disco, temos “Porque será que não vem”, “Paulistinha”, “Pai João”, “Quando sopra o minuano”, “Artista da velha guarda” e “Sentimento profundo”. A primeira é da lavra de Demóstenes Gonzáles, compositor que se consagrou como parceiro de Lupicínio Rodrigues. Todas as outras composições são bonitas e exploram temas que vão da desilusão amorosa de um velho (“Pai João”) até uma o abandono da mulher amada (“Sentimento profundo” – aliás, um tango de primeira qualidade!), passando por temas regionais (como uma homenagem ao vento-símbolo do Rio Grande do Sul) e conselhos. A meu ver, é neste lado que se encontra a melhor canção deste LP: “Paulistinha”. É um xote, de instrumental muito bem executado (e simples: gaita, violão, banjo e percussão) e com interpretação monumental de Teixeirinha. Destacam-se os intervalos entre os versos, quando o “Gaúcho Coração do Rio Grande” se empolga com frases como “Chora gaita malvada!” ou “Ê, paulistinha bonita!”. Enfim, uma das pérolas da carreira de Teixeirinha.
“Teixeirinha interpreta músicas de amigos” traz uma outra novidade, além das canções de autorias variadas: neste LP, o artista não aparece na capa. Ao invés de sua imagem, uma iconografia de Zamboni (que seria?), ilustrando uma cena “típica” sulina – três gaúchos numa roda de chimarrão. Uma capa simples, encobrindo um disco esteticamente superior a algumas produções anteriores.
Infelizmente, “Teixeirinha interpreta...” ainda não foi remasterizado. Aliás, é difícil até mesmo encontrar LPs à venda e, mais ainda, fãs que possuam o disco. Das doze faixas contidas na obra, apenas duas (“Quando sopra o minuano” e “Cobra sucuri”) foram lançadas no formato digital e assim mesmo em CDs antigos e difíceis de encontrar. Por questão de direitos autorais, é possível que este disco não seja reeditado – infelizmente! Quem puder conhecê-lo, no entanto, não deve perder a oportunidade. É um dos melhores LPs de Teixeirinha na “geração 60”.
A análise do disco só foi possível graças à colaboração de Arnaldo Guerreiro (que me deu a oportunidade de conhecer os fonogramas originais). A imagem da capa faz parte do Acervo Teixeirinha, da Fundação Vitor Mateus Teixeira. Quem souber mais informações sobre o “Teixeirinha interpreta músicas de amigos”, escreva para chicocougo@gmail.com
Todos nós agradecemos!
2 comentários:
Valeu Chico, obrigado pela analise deste disco, que salvo a cobra Sucuri , não consegui até hoje ouvir nenhuma música dele. Mas a sua descrição do Lp me deixa muito feliz.
Abraços!
por gentileza..; se alguém souber a letra completa desta música... eu estou de posse de uma carta sua manchada de lágrimas do rosto caido desses olhos lindos que dissera meus no entanto é por outro que tu tens sofrido... por favor postarem pra mim. desde já agradeço... abraços... meu email é arisesoh@hotmail.com meu nome é fernando.
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