TEIXEIRINHA PELO MUNDO

>> 19 de jun. de 2008

Teixeirinha no Canadá

Que Teixeirinha alcançou um sucesso incontestável no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil, é um fato comprovado. Seus programas de rádio eram transmitidos ao vivo para diversas rádios gaúchas e por tapes para emissoras de outros estados brasileiros. Os filmes, através de distribuidoras variadas, chegavam às salas de cinema de Norte a Sul. Já os discos podiam ser encontrados nas melhores lojas do ramo, como se dizia na época.

O brasileiro, portanto, não tinha dificuldades para ouvir e ver Teixeirinha (e olha que nem toquei nas tantas vezes em que o cantor participou de programas de TV e nem nas diversas publicações onde ele aparecia). Mas, não é de hoje que muitos brasileiros saem da pátria verde-amarela para tentar a vida em terras estrangeiras. Já nos anos 60 e 70 eram milhares os emigrantes brasileiros pelo mundo. Como destinos principais, a Europa e os Estados Unidos se destacavam na preferência dos que buscavam melhores condições de vida em outros países.

Afastados de sua terra natal, estes tantos brasileiros espalhados por aí tinham motivos de sobra para sentir saudades. E enganam-se os que imaginam que estas saudades fossem apenas da família e dos amigos. Até porque, é exatamente nos momentos de afastamento que nos damos conta da importância dos pequenos detalhes. E a música é um destes detalhes que fazem a diferença.

Entre as milhares de cartas recebidas por Teixeirinha em Porto Alegre, algumas muitas vinham de brasileiros radicados no estrangeiro. Dos Estados Unidos, muitos brasileiros pediam para que o artista mandasse recados a seus familiares, além de solicitarem discos, fotos e notícias. Da Europa e África, chegavam não apenas cartas de emigrantes brasileiros, mas também correspondências de portugueses, angolanos, timorenses, sul-africanos e outros vários países de língua portuguesa, onde – espantosamente! – os discos de Teixeirinha eram divulgados pelas rádios locais e vendidos em lojas especializadas.

Teixeirinha, que de bobo não tinha nada, sabia de seu sucesso no exterior através dos relatórios de vendagens emitidos pelas gravadoras e também das próprias cartas dos fãs. Pelos idos da primeira metade dos anos 1970, quando Teixeirinha rodava os primeiros filmes de sua produtora, a possibilidade de medir este sucesso pessoalmente apareceu: empresários queriam levá-lo para uma turnê em Portugal e África do Sul, entre outros países. O contrato chegou a ser acertado, mas as apresentações não aconteceram, pois a crise política portuguesa e as próprias dificuldades de Teixeirinha (que estava as voltas com a divulgação de “Ela tornou-se freira” e “Teixeirinha a Sete Provas”) levaram cantor e empresários a desfazerem os acordos pré-estabelecidos. E desta forma, aliás, nem Teixeirinha conheceria a Europa e África e nem os europeus e africanos conheceriam pessoalmente o “Rei do Disco” brasileiro.

Apesar da excursão pelo Velho Mundo não ter acontecido, é difícil dizer que Teixeirinha não teve experiências pelo estrangeiro antes da década de 1970. De larga fama pelas cidades da fronteira gaúcha, o artista já visitara nossos principais vizinhos no início da carreira e, volta e meia, estava no Uruguai e Argentina apresentando-se em rádios e shows. Embora fossem países fronteiriços, eram viagens estrangeiras.

Mas ainda faltava visitar aqueles fãs mais afastados. E a chance apareceu já entre os anos de 1973 e 1976. Neste período, Teixeirinha conheceu a América do Norte, começando pelo Canadá, onde animou um baile de carnaval. Isso mesmo! Contratados como a grande atração brasileira dos últimos tempos, Teixeirinha e Mary Terezinha foram pagos para atuar como os animadores de um show voltado para a colônia brasileira no país. Anos depois, em virtude do sucesso, Teixeirinha voltaria ao Canadá mais uma vez.

Mas foi nestes meados dos anos 1970, que Vitor Mateus Teixeira e Mary Terezinha fizeram sua viagem mais conhecida no estrangeiro. Sucesso entre os brasileiros nos Estados Unidos, ele foi contratado para uma grande turnê naquele país. A caravana começou na cidade de Providence com duas apresentações no dia 24 de junho de 1975. Os shows foram realizados no Rock Point Park (localizado na Off Route 117, Warwick Neck, Rhode Island) às 15 e 19 horas e – conta-se, que o público teria girado na média de 5 mil pessoas. Depois de Provindence, “o maior cantor do folclore brasileiro” (assim Teixeirinha era anunciado) foi para Nova Jersey – lá ele ficou por duas semanas –, seguindo para Boston e Nova York (onde conheceu até o Empire State, famoso e gigantesco edifício cravado no centro financeiro do mundo).

No retorno dos Estados Unidos, Teixeirinha compôs uma música em homenagem àquela experiência pelo exterior. Em Cantando nos States, ele contava de forma bem-humorada algumas de suas peripécias pela terra do Tio Sam. Nos versos finais, ele diria: “Conheci Boston e vim pra Nova York / No Empire State pra ver eu entrei / Subi nos cento e trinta e oito andares / Cidade linda eu admirei”. E, para arrematar (como o próprio Teixeirinha gostava de dizer), o cantor revelava o resultado daquela viagem: “Depois chegamos no aeroporto / Junto da Mary o avião tomei / Feliz chegando no nosso Brasil / Eu trouxe dólar e a fama deixei”.

Que pena que não existiram mais viagens ao exterior e que não tivemos também uma Cantando em Portugal, Cantando na África, Cantando em Angola e por aí vai.


1 comentários:

Anônimo 21 de junho de 2008 às 08:03  

Olá Chico,
Eu sou a Fátima, filha do Teixeirinha, já conversamos uma vez pelo telefone e sei que conversas com minha filha, Karin pelo Orkut.Aqui é para comentar sobre o que escreveste, não? Está perfeito. Eu digitalizei uma foto dessa estada dele no USA onde aparece o público no shown em NY. Não sei se tens? Se, não , como posso te enviar?
Parabéns pelos textos, pelo bom gosto do blog (vou colaborar)!Pela iniciativa que abre um horizonte de infinitas dimensões, até para surpeeender a cada dia. Teixeirinha não morrerá jamais!Ele que nunca encontrou barreiras para onde queria ir, está *plugado* nas ondas e teias que formam o universo ainda intrigante da rede e que como ele, desconhece o que, barreiras quer dizer qdo se quer chegar: vai, ou cai fora do sistema. Certo?!
Super abraço. Grande Chico!
Fátima.

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