PEÇA A LETRA

>> 29 de jun. de 2008

Atendendo à solicitação do André Pesa, vai a aí a letra de "Desafio", cantando por Teixeirinha e Mary Terezinha no LP "Bate, bate coração" da Chantecler (1965).

*

[Teixeirinha]
Meus ‘amigo’, estou chegando
Venho de cima da serra
Procurando um trovador
Aqui na face da Terra
No meu rodeio de trova
Torito baixo não berra

*

[Mary Terezinha]
Eu também estou chegando
Nesta hora encantadora
Venho vindo da fronteira
Na trova sou professora
Aceito o teu desafio
E vou te surrar de vassoura

*

[Teixeirinha]
Pra me surrar de vassoura
Se eu perder, quero uma vaia
Eu procuro um cantador
Que dê três ‘quadra’ na raia
Por castigo me aparece
Pra trovar um rabo de saia

*

[Mary Terezinha]
Pra trovar um rabo de saia
Sai daqui, petiço manco
Puxa a violinha e vem
Que tu vai no primeiro arranco
Trovador da tua marca
Costumo a dar de tamanco

*

[Teixeirinha]
Costuma a dar de tamanco
Sai daqui, Chica Pelanca
Te mando um mango nas ‘perna’
Tu sai que nem mula manca
Ô chinoquinha atrevida
Te quebro as ‘costa’ com a tranca

*

[Mary Terezinha]
Me quebra as ‘costa’ com a tranca
Sai daqui olho de boi
Não é que eu faça fogo
Credo em cruz, Deus me perdoe
Cantor de pouca tarimba
Dou um grito e já se foi

*

[Teixeirinha]
Dá um grito e já se foi
Não roubo nada do mundo
Sou lá do Planalto Médio
Gaúcho de Passo Fundo
Se eu perder pra esta porqueira
Até quero ficar corcundo

*

[Mary Terezinha]
Até quer ficar corcundo
Te viro num Lúcifer
Eu venho lá da fronteira
Sou gaúcha de Bagé
Esbarro na tua mesa
E derramo o teu café

*

[Teixeirinha]
Me derrama o meu café
Eu já faço um tempo feio
Pois eu vou lá em Bagé
Comer sal no teu rodeio
Te dar um toso no cabelo
E te cortar a gaita no meio

*

[Mary Terezinha]
Me corta a gaita no meio
Do rato eu faço um morcego
E quebro o teu violão
Acabo com teu achego
Vou lá no teu Passo Fundo
Pra te surrar de pelego

*

[Teixeirinha]
Vai me surrar de pelego
Duvido e faço chacota
Boto fogo no pelego
Pois eu não sou idiota
Te agarro pelo pescoço
E ponho no cano da bota

*

[Mary Terezinha]
Me põe no cano da bota
Não vou, tu não lava os ‘pé’
Te atiro a gaita por cima
E tu cai do teu pangaré
E depois ‘fizemo’ as ‘paz’
De Passo Fundo com Bagé

*

[Teixeirinha]
Passo Fundo com Bagé
Mais progresso e aliança
Mas tu, chinoca atrevida
Não me sai mais da lembrança
De te pegar outro dia
Ainda me resta esperança

*

[Mary Terezinha]
Sou ‘fronteirista’ de raça

[Teixeirinha]
Sou serrano de ‘retovo’

[Teixeirinha e Mary Terezinha]
‘Fizemo’ as ‘paz’, ‘vamo’ embora
Desculpe, querido povo
Qualquer dia nós voltamos
Aqui, pra brigar de novo

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ATENDENDO A PEDIDOS


Vai aí uma imagem divulgada no site ClicRBS, contendo a capa da Zero Hora de 5 de dezembro de 1985, dia em que Teixeirinha foi velado após ter falecido na noite anterior.

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 34


Chegando um Mundo Teixeirinha gigante (graças a Internet, que finalmente chegou ao computador deste blogueiro que vos fala!) e cheio de novidades. Aproveitem!
Discomentando de dezembro

Atendendo aos pedidos do Tales, o LP do Discomentando de dezembro será “Quem é você agora...”. Com isso, fechamos o ano, com mais de dez discos analisados. Em breve abrirei vagas para os LPs do ano que vem!
Teixeirinha no Globo Esporte?
O Bruno me pede a reportagem de Teixeirinha para o Globo Esporte em 1984. Confesso que jamais vi ou ouvi algo referente a essa matéria e meu desconhecimento é total sobre o assunto. Se alguém souber alguma informação sobre, prenda o grito!
Mas, falando nisso...
Nesta semana, me deparei com um interessante vídeo no You Tube sobre o cinema no Rio Grande do Sul. A matéria, dividida em 4 vídeos, é dos anos 1980 e foi ao ar pelo programa RBS Notícias, da RBSTV. No primeiro vídeo (sobre os primórdios do cinema no Sul), existe uma entrevista interessantíssima com Teixeirinha. Vale a pena assistir, mas atenção: Teixeirinha só aparece na metade final da matéria. O endereço do vídeo é: http://br.youtube.com/watch?v=wZOEZFyJiUw
Os ritmos
O Augusto pede que eu fale um pouco dos diversos ritmos existentes na discografia de Teixeirinha. Vou fazer um texto especial sobre o assunto e posto o mais breve possível.
No mundo da música
O Rafael quer uma matéria sobre a relação entre Teixeirinha e outros cantores de sucesso nacional, como as duplas Tonico & Tinoco, Zico & Zeca e os cantores Luis Gonzaga e Herivelto Martins. Se possível, este será o texto da próxima semana!
Gaudério On-line
O Wallace deu a dica de um blog muito interessante no qual podem ser encontrados vários LPs de Teixeirinha remasterizados e para download. Sabemos que os fãs querem adquirir estes discos, mas também se sabe que praticamente inexistem CDs de Teixeirinha à venda no momento. É por isso que deixo aqui o endereço deste blog, o qual traz 25 discos do “Gaúcho Coração do Rio Grande”, incluindo o inédito “A filha de Iemanjá – Trilha Sonora do Filme”. Lembrando sempre: baixar músicas para uso doméstico e NÃO-COMERCIAL não consiste em crime. O que é proibida é a comercialização destes fonogramas. O endereço é http://gauderionline.blogspot.com/search/label/Teixeirinha
Discos no exterior
O Roberto deu uma ótima dica de dois discos de Teixeirinha que estão sendo vendidos em sites de raridades no exterior. Tratam-se de coletâneas lançadas há algum tempo e nas quais o cantor não aparece nas capas. Os sites são, no mínimo interessantes: http://cgi.ebay.com/TEIXEIRINHA-CORACAO-DE-LUTO-EP-45_W0QQitemZ330166194004QQcmdZViewItem e http://cgi.ebay.com/TEIXEIRINHA-LP-NEAR-MINT_W0QQitemZ330192814526QQcmdZViewItem#ebayphotohosting
Agradecimentos
O meu abraço a Nilton, Tales, Bruno, Augusto, Rafael, Elci, Wallace, Roberto, André e Fátima. O meu muito obrigado a todos e até semana que vem!

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O OUTRO TEIXEIRINHA

Em 4 de março de 1922, logo depois da famosa Semana de Arte Moderna, nasceu em São Paulo Elísio dos Santos Teixeira, conhecido na “Terra da Garoa” pelo apelido de Teixeirinha. Desde jovem, Teixeirinha gostava do futebol e em 1939 – aos 17 anos – ele ingressou nas categorias de base do São Paulo Futebol Clube. Começava ali uma das mais brilhantes carreiras do futebol paulista.

Menos de um ano depois de sua entrada no São Paulo, Teixeirinha já era um atuante ponta-esquerda. Velocíssimo, ele ficou marcado por sua principal jogada: corria junto à linha lateral e só virava a direita a poucos metros da linha de fundo. Dizem alguns que Teixeira não era um astro, mas que se destacava justamente pela regularidade, ou seja, não era o melhor, mas dificilmente tinha atuações ruins.

Para que se tenha uma idéia da importância de Teixeirinha para a história do São Paulo, basta dizer que ele dividiu espaço com Leônidas, Sastre e Remo, os grandes craques daquele período. Além disso, Teixeirinha é até hoje o terceiro maior artilheiro do São Paulo, com 183 gols. Aliás, falando em números, Elísio ostenta um recorde interessante: é o jogador que permaneceu mais tempo no tricolor paulista. Foram 16 anos e 4 meses, 18 temporadas seguidas, com 516 jogos, 309 vitórias, 102 empates e 105 derrotas! Pelo time do Morumbi, Teixeirinha conquistou 6 campeonatos paulistas (1943/45/46/48/49/53) e chegou a ser convocado para a Seleção. Não fosse a Segunda Guerra Mundial – que impediu a realização da Copa do Mundo – e o jogador teria defendido a pátria de chuteiras naquele evento.

Depois de tantos números positivos em relação ao São Paulo, não é de se duvidar do amor envolvendo Teixeirinha e o clube. O site Tricolor Mania destaca esta paixão da seguinte forma: “Poucos jogadores foram tão apaixonados pelo São Paulo quanto Teixeirinha. Foi o que teve carreira mais longa dentro do clube, quinze anos. Ao se retirar do Tricolor, tentou ainda jogar na Portuguesa Santista, porém um estranho fenômeno psicológico o impediu. Sentia-se mal vestindo outra camisa e abandonou de vez o futebol, foi ser revendedor comercial, negociando com madeiras”.

A aposentadoria de Teixeirinha pelo São Paulo aconteceu em 03/03/1956, quando ele contava 34 anos. Depois da experiência frustrada na Portuguesa Santista, ele abandonou o futebol, mas permaneceria na memória dos torcedores paulistas como um dos grandes da história do clube. Nos anos 1960, quando este Teixeirinha se tornou uma lenda, um outro Teixeirinha – igualmente campeão em sua profissão, e ainda mais conhecido – surgia para o mundo. Mas aí estamos tratando de um velho conhecido: o “Gaúcho Coração do Rio Grande”.

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 33

>> 19 de jun. de 2008

Venho chegando com mais um Mundo Teixeirinha. Na semana passada, o laboratório de informática da UFRGS (de onde atualizo o blog) ficou sem luz e o "Mundo" não saiu. Agora vamos recuperar a conversa perdida, então!
CDs da Mary

O Lair me pergunta onde pode conseguir os CDs de Mary Terezinha. Confesso que perdi o endereço do site onde eles podiam ser adquiridos. Porém, não creio que seja difícil achá-los em livrarias evangélicas. E por um bom preço!

Teixeirinha morreu

Assim foi o título da matéria de capa da Zero Hora de 5 de dezembro de 1985. O Tales me pede mais informações sobre esta matéria (que não tenho, aliás). Vou ver o que posso fazer, mas já adianto que a ZH reservou neste dia um caderno especial com muitas informações sobre a vida, a obra e a morte do "Rei do Disco". Um pouco destas informações pode ser encontrado na matéria "Teixeirinha pediu gaita e violão", publicada na Zero Hora deste ano e postada aqui no blog há alguns meses (ver em Arquivo).

Mais um desafio

A Jéssica Augusto está de volta com seus desafios. Desta vez ela quer saber qual é a música em que constam os seguintes versos: "Tu não vai caçar sozinho / Eu vou levar a Julieta...". Essa é fácil! A música é Caçando Marrecão, lançada no LP "Lindo Rancho (Copacabana) em 1975. Nela, Teixeirinha conta sobre uma caçada em que participaram ele, Mary Terezinha e a dupla Zezinho e Julieta. Se a matança de fato ocorreu, aí são outros quinhentos...

Discomentando: próximas análises

Atendendo a pedidos de Fernanda Athayde e de uma postagem anônima, vou preencher os próximos meses com os LPs "Amor aos passarinhos", "Rio Grande de Outrora" e "Disco de Ouro". Porém, conforme o prometido (e pedido), antes deles falarei sobre outros dois discos: "Teixeirinha interpreta" e "Canta meu povo". O calendário dos "Discomentando" ficou assim:

Julho - Teixeirinha interpreta

Agosto - Canta meu povo

Setembro - Amor aos passarinhos

Outubro - Rio Grande de Outrora

Novembro - Disco de Ouro

O último mês do ano ainda está sem dono. Alguma sugestão?

Agradecimentos

Muito obrigado a todos os que participaram do blog com suas colaborações, voltem sempr e apareçam cada vez mais com suas novidades. Vocês são a única causa do sucesso desta página. Aos que deixaram recados, agradeço nominalmente: Viviane, Cristina, Marvan, Lair, Nilton, Tales, Jéssica, Fernanda. O meu abraço a todos vocês e até semana que vem com surpresas!


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TEIXEIRINHA PELO MUNDO

Teixeirinha no Canadá

Que Teixeirinha alcançou um sucesso incontestável no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil, é um fato comprovado. Seus programas de rádio eram transmitidos ao vivo para diversas rádios gaúchas e por tapes para emissoras de outros estados brasileiros. Os filmes, através de distribuidoras variadas, chegavam às salas de cinema de Norte a Sul. Já os discos podiam ser encontrados nas melhores lojas do ramo, como se dizia na época.

O brasileiro, portanto, não tinha dificuldades para ouvir e ver Teixeirinha (e olha que nem toquei nas tantas vezes em que o cantor participou de programas de TV e nem nas diversas publicações onde ele aparecia). Mas, não é de hoje que muitos brasileiros saem da pátria verde-amarela para tentar a vida em terras estrangeiras. Já nos anos 60 e 70 eram milhares os emigrantes brasileiros pelo mundo. Como destinos principais, a Europa e os Estados Unidos se destacavam na preferência dos que buscavam melhores condições de vida em outros países.

Afastados de sua terra natal, estes tantos brasileiros espalhados por aí tinham motivos de sobra para sentir saudades. E enganam-se os que imaginam que estas saudades fossem apenas da família e dos amigos. Até porque, é exatamente nos momentos de afastamento que nos damos conta da importância dos pequenos detalhes. E a música é um destes detalhes que fazem a diferença.

Entre as milhares de cartas recebidas por Teixeirinha em Porto Alegre, algumas muitas vinham de brasileiros radicados no estrangeiro. Dos Estados Unidos, muitos brasileiros pediam para que o artista mandasse recados a seus familiares, além de solicitarem discos, fotos e notícias. Da Europa e África, chegavam não apenas cartas de emigrantes brasileiros, mas também correspondências de portugueses, angolanos, timorenses, sul-africanos e outros vários países de língua portuguesa, onde – espantosamente! – os discos de Teixeirinha eram divulgados pelas rádios locais e vendidos em lojas especializadas.

Teixeirinha, que de bobo não tinha nada, sabia de seu sucesso no exterior através dos relatórios de vendagens emitidos pelas gravadoras e também das próprias cartas dos fãs. Pelos idos da primeira metade dos anos 1970, quando Teixeirinha rodava os primeiros filmes de sua produtora, a possibilidade de medir este sucesso pessoalmente apareceu: empresários queriam levá-lo para uma turnê em Portugal e África do Sul, entre outros países. O contrato chegou a ser acertado, mas as apresentações não aconteceram, pois a crise política portuguesa e as próprias dificuldades de Teixeirinha (que estava as voltas com a divulgação de “Ela tornou-se freira” e “Teixeirinha a Sete Provas”) levaram cantor e empresários a desfazerem os acordos pré-estabelecidos. E desta forma, aliás, nem Teixeirinha conheceria a Europa e África e nem os europeus e africanos conheceriam pessoalmente o “Rei do Disco” brasileiro.

Apesar da excursão pelo Velho Mundo não ter acontecido, é difícil dizer que Teixeirinha não teve experiências pelo estrangeiro antes da década de 1970. De larga fama pelas cidades da fronteira gaúcha, o artista já visitara nossos principais vizinhos no início da carreira e, volta e meia, estava no Uruguai e Argentina apresentando-se em rádios e shows. Embora fossem países fronteiriços, eram viagens estrangeiras.

Mas ainda faltava visitar aqueles fãs mais afastados. E a chance apareceu já entre os anos de 1973 e 1976. Neste período, Teixeirinha conheceu a América do Norte, começando pelo Canadá, onde animou um baile de carnaval. Isso mesmo! Contratados como a grande atração brasileira dos últimos tempos, Teixeirinha e Mary Terezinha foram pagos para atuar como os animadores de um show voltado para a colônia brasileira no país. Anos depois, em virtude do sucesso, Teixeirinha voltaria ao Canadá mais uma vez.

Mas foi nestes meados dos anos 1970, que Vitor Mateus Teixeira e Mary Terezinha fizeram sua viagem mais conhecida no estrangeiro. Sucesso entre os brasileiros nos Estados Unidos, ele foi contratado para uma grande turnê naquele país. A caravana começou na cidade de Providence com duas apresentações no dia 24 de junho de 1975. Os shows foram realizados no Rock Point Park (localizado na Off Route 117, Warwick Neck, Rhode Island) às 15 e 19 horas e – conta-se, que o público teria girado na média de 5 mil pessoas. Depois de Provindence, “o maior cantor do folclore brasileiro” (assim Teixeirinha era anunciado) foi para Nova Jersey – lá ele ficou por duas semanas –, seguindo para Boston e Nova York (onde conheceu até o Empire State, famoso e gigantesco edifício cravado no centro financeiro do mundo).

No retorno dos Estados Unidos, Teixeirinha compôs uma música em homenagem àquela experiência pelo exterior. Em Cantando nos States, ele contava de forma bem-humorada algumas de suas peripécias pela terra do Tio Sam. Nos versos finais, ele diria: “Conheci Boston e vim pra Nova York / No Empire State pra ver eu entrei / Subi nos cento e trinta e oito andares / Cidade linda eu admirei”. E, para arrematar (como o próprio Teixeirinha gostava de dizer), o cantor revelava o resultado daquela viagem: “Depois chegamos no aeroporto / Junto da Mary o avião tomei / Feliz chegando no nosso Brasil / Eu trouxe dólar e a fama deixei”.

Que pena que não existiram mais viagens ao exterior e que não tivemos também uma Cantando em Portugal, Cantando na África, Cantando em Angola e por aí vai.


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DISCOMENTANDO: Carícias de amor (1970)

>> 12 de jun. de 2008

Quando completou 10 anos de carreira, Teixeirinha renovou o visual e lançou o disco “Volume de Prata”, LP de produção sofisticada e destinado a comemorar sua primeira década de sucessos. No ano seguinte, 1970, ele teve a árdua tarefa de produzir um long-play tão bom quanto aquele. Então, no primeiro semestre do ano em que o Brasil seria tricampeão mundial de futebol, surgiu “Carícias de amor”, quinta produção de Teixeirinha pela Copacabana.

Apesar do nome, “Carícias de amor” não é um disco 100% romântico. Muito pelo contrário. Em seu repertório, destacam-se peças variadas, com pouca repetição de ritmos e temas. Porém, o instrumental que serviu de base para o LP é o mesmo em praticamente todas as 11 faixas. Além disso, possivelmente por questões de cronometragem, este disco possui uma música a menos (somente uma canção apresenta menos de três minutos de duração).

Basicamente, o LP de código CLP-11603, traz diversas músicas de fácil assimilação. O disco começa com “Não é papo furado”, um xote onde se destacam os principais instrumentos presentes na gravação: violão, gaita e percussão (de triângulo, cascos de cavalo, “agê”, etc.). A composição é um misto de saudação aos fãs e provocação aos críticos, no mais alto estilo de Teixeirinha.

As duas faixas que se seguem no lado A de “Carícias de amor” são românticas e apresentam um estilo muito próprio, caracterizado pelo sofrimento de quem canta. No tango “Estradas que se vão”, Teixeirinha deixa de lado o tradicional ritmo “marcado” e parte para uma proposta mais moderna, inspirada nos tangos mais lentos e com ampla utilização de violinos. Na letra, ele conta sobre o dia em que encontrou sua amada pedindo-lhe perdão. A magia desta peça é a possibilidade que cria no ouvinte que pode “visualizar” as cenas descritas pelo cantor (“Tomei-lhe as mãos / e os seus joelhos descolaram-se do chão...”).

A terceira canção do álbum é “Só quero vingança”, uma guarânia que se utiliza de violino, gaita e violão. Esta é, sem dúvidas, uma das mais belas músicas gravadas por Teixeirinha – e também uma das menos lembradas. Ao ouvido minimamente treinado, fica claro que a composição é inspirada em “Vingança” de Lupicínio Rodrigues. A história fala sobre uma mulher que, desesperada, retorna a sua terra natal em busca do perdão do amado. Ela bebe e se desespera, mas ele não a deseja mais e, além disso, ri de tal situação num gesto de vingança.

“Tristeza”, a quarta canção do LP, é um samba cantado exclusivamente por Mary Terezinha. Gaita, violão, cavaquinho e pandeiro compõem um arranjo belíssimo com direito a breque e tudo mais o que caracteriza um grande samba. Já “Minha querida” é uma valsinha romântica e com bonito arranjo. Para encerrar a primeira face de “Carícias de amor”, um desafio de título “Briga bonita” faz a festa dos ouvintes. Desta vez, a história começa com uma guerra de rimas envolvendo as cidades de Passo Fundo e Bagé. No decorrer da canção, a dupla vai brigar em São Paulo e até o então presidente Médici e o apresentador Flávio Cavalcanti são citados durante a gravação.

Finalmente, abrindo o lado B, a faixa-título: “Carícias de amor”. Trata-se de um arrasta-pé com instrumental bem caracterizado pela ação de violino, cuja letra é de uma simplicidade imensa. No refrão (“Pega, pega, pega, pega / cachorrinho mordedor / vai morder devagarinho / o pezinho do meu amor”), fica evidente um direcionamento ao público infantil, elemento presente em Teixeirinha desde seus primeiros sucessos – “Não e não” e “Dou e dou” como exemplos maiores.

“Rancheira bonita”, “Azulão” e “Saudade do xote” compõem o “miolo” desta segunda parte de “Carícias de amor”. A primeira e a última são homenagens aos dois ritmos sempre presentes na carreira de Teixeirinha. “Azulão”, por sua vez, remonta uma história muito semelhante a de “Canarinho cantador” – antigo sucesso do “Rei do Disco”. Com exceção desta canção, as outras duas são as grandes contribuições deste disco aos ritmos regionalmente gaúchos.

Por fim, mais um desafio: “Bom de bola”. Agora, ao invés de defenderem Grêmio e Internacional, Teixeirinha e Mary Terezinha se engalfinham na briga por Corinthians e Palmeiras, no maior duelo do futebol paulista. O sucesso fica por conta das piadas envolvendo a torcida do “Timão” e a “italianada” palmeirense.

Um detalhe que não pode passar desapercebido é a capa de “Carícias de amor”. Nela, Teixeirinha aparece trajado como os cantores de tango (terno escuro e chapéu ladeado, à Gardel), num estúdio de gravação. Por detrás do cantor (que está abraçado a um violão), aparecem três pedestais para microfones e sete músicos reunidos em pequenos grupos. Com exceção de um dos instrumentistas (o que toca contrabaixo), todos os outros estão sentados tocando algum instrumento. São violões, cavaquinho e percussão. Exatamente atrás de Teixeirinha, encoberta pelo braço esquerdo do cantor, podem ser vistos os pés de uma mulher (usa sandálias brancas e de salto alto). Sobre as pernas da moça, um acordeom, o que nos faz pensar que só pode ser Mary Terezinha quem está ali. Na contracapa, só aparecem o nome das canções do disco e miniaturas de outras seis capas de LPs gravados por Vitor Mateus Teixeira na Copacabana.

Particularmente, creio que “Carícias de amor” não é o melhor dos discos gravados por Teixeirinha nesta fase de sua carreira (que, aliás, julgo ser a de maior qualidade). Contudo, sem dúvidas é um grande disco que – se não deixou uma música marcante como “Dorme Angelita” ou “O colono” – ao menos deu pérolas como “Não é papo furado” e “Só quero vingança” (em minha opinião, a melhor composição do álbum). De zero a dez, classificaria este LP com a nota sete, oito talvez. Até porque, os anos 1970 dariam títulos muito mais bem produzidos na carreira do “Rei do Disco”.

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RÁDIO TEIXEIRINHA On-Line

>> 5 de jun. de 2008

RÁDIO TEIXEIRINHA


Aviso a todos que já está no ar a Rádio Teixeirinha On-Line, mantida pela Fundação Vitor Mateus Teixeira. Lá, o ouvinte e fã do "Rei do Disco" pode ouvir a todo o seu repertório sem interrupções e sem comerciais. É uma boa forma para quem quer escutar algumas canções difíceis de encontrar ou ainda para quem quer conhecer mais sobre "O Gaúcho Coração do Rio Grande".





O endereço da rádio é http://www.teixeirinha.com.br/radio-on/no-ar/layout.asp





Em caso de dúvidas, acesse http://www.teixeirinha.com.br/ e clique no ícone "No Ar", no canto direito da página.

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MUNDO TEIXEIRINHA - Edição 32


Alô amigos! Nesta semana tivemos várias mensagens e centenas de visitas, comprovando que o blog ainda está com grande fôlego e cada vez mais frequentado. Como há muito o que responder, vou logo iniciando os trabalhos:


CDs


Continua a peregrinação dos fãs em busca de CDs de Teixeirinha e Mary Terezinha. Na semana passada, a Cristina perguntou aqui no blog porque os discos gravados por Mary não foram lançados pelo selo Galpão Crioulo Discos. É uma boa pergunta, mas não sei se as respostas são tão satisfatórias assim. Em primeiro lugar, não parece existir muita vontade da gravadora em lançar tais discos. Depois, não se sabe ao certo, mas é possível que a própria Mary não queira o relançamento (tendo em vista o fato de ter se convertido a religião evangélica e só cantar músicas gospel). Mas enfim, é uma pena que estes LPs não estejam sendo vendidos por aí!


Falando em Mary...


Fiquei muito feliz com os comentários positivos que foram deixados aqui no blog depois da postagem em que apresentei a discografia da "Menina da Gaita". Estas mensagens, mais do que elogios, só comprovam o fato de que Mary continua sendo a "Princesinha do Acordeom"! Sobre informações acerca da mãe de Terezinha, ainda não consegui nenhuma informação.


Os carangos de Teixeirinha


Certamente influenciado pela matéria "Apaixonado por carro..." (ver em Arquivo), o Tales Leote me pergunta o que foi feito com os automóveis de Teixeirinha depois de sua morte, em 1985. Realmente, creio que eles tenham sido vendidos (alguns talvez pelo próprio Teixeirinha), pois não há vestígio de nenhum deles na família.


Esclarecendo...


O Celso me deixou o seguinte recado: "voce disse que o gaucho da fronteira, o paulinho mixarina, a berenice azambuja e os serranos nas conseguiram repercussão nacional. eles conseguiram repercussão e fama internacional". Realmente, não lembro de escrito dito isso (apenas afirmei que nenhum deles superou Teixeirinha). De qualquer maneira, se há a possibilidade desta interpretação no texto "Fenômeno Teixeirinha: É possível?", quero reiterar que os cantores citados fizeram sim sucesso.


A Gaita Nua


A Elci Dal Olmo me pergunta como encontrar o livro "A Gaita Nua", autobiografia de Mary Terezinha. Não tenho de pronto o endereço do site para compra do livro, mas nos arquivos do blog é possível encontrar uma explicaçãosobre como adquiri-lo. De qualquer forma, na semana que vem vou procurar direitinho o caminho e divulgar novamente.


Angelina


Recebi um recado muito especial da fã Angelina, fãzona de Teixeirinha que mora no Paraná. Ela me agradeceu muito pelo blog e mandou abraços a todos. Aproveito a ocasião para exibir a vocês dois vídeos que circulam pelo site YouTube há tempos. São dois trechos de um programa especial feito pela TVC (Paraná) em que Angelina é homenageada.





Agradecimentos


Agradecendo a todos os que visitaram o blog ou deixaram recadinhos. Um abraço especial para: Roberto, Tales, Cristina, Celso, Elci, Angelina, Claudiomar (obrigado pelo e-mail!) e, especialmente, para o sempre amigo Arnaldo Guerreiro, com o qual tenho conversado menos do que devia mas que sempre está ligadinho aqui no blog direto de Portugal. Obrigado a todos!


Fiquem agora com a matéria "A marca T". E na semana que vem chega o "Discomentando" de junho com o LP "Carícias de Amor". Fui!

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A MARCA T

Não é segredo de ninguém: Teixeirinha foi mais do que um cantor de sucesso. Era também um homem de negócios quase sempre rentáveis e milionários. Possuía apartamentos, carros, casas, fazendas, contas bancárias e, depois de 1971, a maior produtora de cinema da região sul do Brasil.

Depois que estourou como sucesso nacional, em 1960, o nome Teixeirinha tornou-se uma marca. E numa época em que, diga-se de passagem, tal atitude não era tão comum. Seus negócios começaram com a venda de shows e, logo depois, se estenderam à produção radiofônica. Já nestes primeiros anos, Teixeirinha gravava programas de rádio que eram vendidos para todo o país. Líderes de audiência, estas atrações recebiam milhares de cartas mensalmente. Na correspondência, notícias, pedidos (os mais variados) e elogios.

Na maioria das cartas recebidas pelo escritório que Teixeirinha abrira em Porto Alegre (tendo como endereço inicial a Galeria Di Primo Beck, na tradicional Rua da Praia), os remetentes cobravam atenção do artista. Ciente de que seu público era o grande combustível de seus empreendimentos, o cantor logo percebeu as necessidades de comunicar-se com ele não apenas através do rádio e das canções que gravava, mas também através da correspondência.


Uma das primeiras marcas utilizadas pelo escritório de Teixeirinha


Não há como precisar quando surgiram as primeiras cartas padronizadas (correspondências com o mesmo conteúdo e enviadas para os fãs junto a pequenos cartões postais com imagens de Teixeirinha e Mary). O que se pode dizer é que no final dos anos 1960, Teixeirinha já começara a explorar seu nome enquanto marca nas cartas que remetia aos fãs. Num primeiro momento, as correspondências traziam em seu cabeçalho a mensagem “TEIXEIRINHA E MARY TEREZINHA – Artistas exclusivos da Rádio e Televisão Gaúcha de Porto Alegre” (posteriormente, o nome “Gaúcha” seria alterado para “Farroupilha”).

A Organização Teixeirinha, embrião da Teixeirinha Produções Artísticas Ltda.


Mais tarde, entretanto, o escritório do cantor torna-se “Organização Teixeirinha” e os documentos emitidos por ele trazem este nome acompanhado de “Victor Mateus Teixeira”. Foi nesta época – entre os anos de 1970 e 1972 – que surgiu a Teixeirinha Produções Artísticas LTDA., empresa responsável não apenas pela produção dos filmes do artista, mas de todo o seu contato junto ao público (nas mais diversas formas).
Durante os pouco mais de dez anos de existência, a Teixeirinha Produções contou com dois logotipos. O primeiro – bastante simples, onde se vê apenas o nome “TEIXEIRINHA PRODUÇÕES” – aparece nos cartazes dos filmes “Ela tornou-se freira” (1972) e “Teixeirinha a 7 Provas” (1973). Já o segundo aparece pelos idos de 1975, e é composto de um “T” estilizado lembrando duas bandeiras contrapostas.
Logomarcas da Teixeirinha Produções Artísticas e assinatura do cantor

Não se sabe quem teria elaborado as marcas. Também não há certeza de que elas tenham sido utilizadas para outros fins além dos já mencionados (timbre das cartas e cartazes de filmes). De qualquer forma, os logotipos – apesar da simplicidade – constituíram-se na verdadeira “marca T”, superáveis apenas quando comparados com a marca maior de Teixeirinha: sua assinatura.

Atual logotipo da Fundação Teixeirinha
Em 1999 a marca Teixeirinha Produções Artísticas deu lugar a Fundação Vitor Mateus Teixeira. Com esta, uma nova marca – agora mesclando o violão com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul – surgia, dando seqüência ao legado das marcas “T”.

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