GAÚCHO DE PASSO FUNDO
>> 10 de ago. de 2007
Nesta semana a cidade de Passo Fundo, no Planalto Médio gaúcho, comemorou 150 anos de história. Do município saíram alguns nomes nacionalmente conhecidos como o violonista Yamandú Costa e o jogador da Seleção Masculina de Vôlei, Gustavo Andrés. Mas, curiosamente, o cidadão mais ilustre daquela terra não nasceu por lá: é claro que estamos falando do “Rei do Disco” Teixeirinha.
Depois de percorrer inúmeras cidades do interior gaúcho, Teixeirinha chegou a Passo Fundo em 1958. Ainda não era famoso, o que o obrigou a montar uma banca de tiro ao alvo no centro da cidade. Esta banca ficava na Avenida Brasil (a principal da cidade) na esquina com a Rua 7 de setembro, onde hoje localiza-se o shopping Bella Citta. Durante o dia, o cantor atendia os clientes na barraca e, à noite, cantava nas rádios locais.
Em 1959, contando com a colaboração de amigos passo-fundenses e com sua própria coragem, Teixeirinha gravou seu primeiro compacto pela gravadora paulista Chantecler. De volta a Passo Fundo, conseguiu vender os discos e retornou a São Paulo onde gravou mais três compactos. Como sabemos, no quarto 78 RPM (aquele que tinha no lado B a toada-milonga “Coração de luto”) ele se tornou um sucesso em todo o Brasil e acabou tendo que trocar Passo Fundo por Porto Alegre, de onde passou a coordenar sua carreira artística.
Mesmo longe dos amigos passo-fundenses, Teixeirinha jamais esqueceu o carinho daquela cidade que ele mesmo adotou como sua terra natal (ao menos artisticamente). Isso se refletiria em diversos pontos de sua vasta obra. Basta lembrar que em 1959, no mesmo disco que o consagraria com “Coração de luto”, ele gravou o xote “Gaúcho de Passo Fundo”, sua primeira manifestação de amor àquela terra. A música foi catapultada com o sucesso de seu primeiro LP e o município do Planalto Médio ficou conhecido em todo o Brasil como a “terra do Teixeirinha”. Na letra do animadíssimo xote – que hoje é uma espécie de hino informal dos passo-fundenses –, Teixeirinha exalta aquela “terra de homem valente e moça bonita”:
Não sou nervoso e nem carrego medo
Eu me criei sem conhecer remédio
Eu meto os ‘peito’ em qualquer fandango
Mas quando eu me zango até derrubo prédio
Eu sou gaúcho e se me agride eu tundo
Sou de Passo Fundo do planalto médio
Mas as homenagens a Passo Fundo não ficariam por aí. Consagrado nacionalmente, Teixeirinha lançou em 1962 um LP intitulado “Saudades de Passo Fundo”, cuja faixa homônima tornou-se o carro chefe do disco. No refrão, Teixeirinha reforça seu carinho ao município afirmando mesmo ter nascido por lá:
Meus patrícios brasileiros
Não nasci no fim do mundo
Minha terra é no Rio Grande
Cidade de Passo Fundo
Aliás, não foi só desta vez que Teixeirinha afirmou ter nascido no Planalto. Em “Passo Fundo do coração” (O internacional, 1973) ele registra mais uma vez o apreço pela cidade que lhe acolheu artisticamente:
Eu venho vindo lá de Passo Fundo
Não é no fim do mundo, fica logo ali
É uma linda cidade no alto da serra
Minha querida terra, onde eu nasci
A terra do trigo seria citada, ainda, em pelo menos mais nove canções, quatro delas desafios nos quais Teixeirinha opõe Passo Fundo à Bagé, terra de Mary Terezinha. Nestas tantas canções em homenagem aos passo-fundenses, merecem destaque “Vinte de setembro” (Canta meu povo, 1977) e “Chegando de longe” (Chegando de longe, 1983).
Em “Vinte de setembro”, Teixeirinha reporta sua participação nas festividades comemorativas ao Dia do Gaúcho em Passo Fundo. Com a simplicidade e talento que sempre lhe foram peculiares, o compositor descreve em detalhes o desfile a cavalo pelas ruas da cidade e até o churrasco saboreado no CTG Osório Porto depois da cavalgada. Nos versos que iniciam a composição já podemos ver o clima festivo deste dia que virou música:
Vinte de setembro, acordei no Planalto
Pra desfilar no asfalto lá em Passo Fundo
Montei num lindo pingo do pêlo bordado
Cavalo afamado, o melhor do mundo
Já na canção “Chegando de longe”, que marca uma fase final da carreira de Teixeirinha, podemos ver que – mesmo 20 anos após ter ido embora da cidade – ele ainda tem grande emoção ao falar de Passo Fundo:
Estou chegando de longe
Da terra de Passo Fundo
Se não prestar para alguém
Pra mim é a melhor do mundo
Além das composições, Teixeirinha ainda rodou um de seus filmes na cidade e, para completar, deu à fita o título “O gaúcho de Passo Fundo”. O filme contou com um bom número de figurantes do próprio município e, por isso, superlotou os cinemas da região. Foi uma das maiores provas de que Teixeirinha não apenas tinha intensa admiração por aquela terra como também não a esqueceu em nenhum momento, cantando músicas que a saudavam, gravando filmes por lá e realizando shows sempre que possível.
Passo Fundo e seus cidadãos sempre procuraram retribuir esta dedicação de Teixeirinha. Em vida, ele foi agraciado em 15 de junho de 1962 com o título de “Cidadão Passo-Fundese”. Depois de morto, recebeu outras inúmeras homenagens. Dentre as mais significativas, constam a nomeação do Ginásio Municipal de Esportes (batizado de Vitor Mateus Teixeira – Teixeirinha) e a estátua erigida em sua homenagem na Avenida Brasil, entre as ruas XV de Novembro e 7 de setembro, local onde funcionava o já citado tiro ao alvo do cantor antes da fama. Homenagens mais do que justas a quem levou o nome de Passo Fundo a tão longe.
TEXTO: Chico Cougo
FOTO: Monumento a Teixeirinha (Passo Fundo)
Depois de percorrer inúmeras cidades do interior gaúcho, Teixeirinha chegou a Passo Fundo em 1958. Ainda não era famoso, o que o obrigou a montar uma banca de tiro ao alvo no centro da cidade. Esta banca ficava na Avenida Brasil (a principal da cidade) na esquina com a Rua 7 de setembro, onde hoje localiza-se o shopping Bella Citta. Durante o dia, o cantor atendia os clientes na barraca e, à noite, cantava nas rádios locais.
Em 1959, contando com a colaboração de amigos passo-fundenses e com sua própria coragem, Teixeirinha gravou seu primeiro compacto pela gravadora paulista Chantecler. De volta a Passo Fundo, conseguiu vender os discos e retornou a São Paulo onde gravou mais três compactos. Como sabemos, no quarto 78 RPM (aquele que tinha no lado B a toada-milonga “Coração de luto”) ele se tornou um sucesso em todo o Brasil e acabou tendo que trocar Passo Fundo por Porto Alegre, de onde passou a coordenar sua carreira artística.
Mesmo longe dos amigos passo-fundenses, Teixeirinha jamais esqueceu o carinho daquela cidade que ele mesmo adotou como sua terra natal (ao menos artisticamente). Isso se refletiria em diversos pontos de sua vasta obra. Basta lembrar que em 1959, no mesmo disco que o consagraria com “Coração de luto”, ele gravou o xote “Gaúcho de Passo Fundo”, sua primeira manifestação de amor àquela terra. A música foi catapultada com o sucesso de seu primeiro LP e o município do Planalto Médio ficou conhecido em todo o Brasil como a “terra do Teixeirinha”. Na letra do animadíssimo xote – que hoje é uma espécie de hino informal dos passo-fundenses –, Teixeirinha exalta aquela “terra de homem valente e moça bonita”:
Não sou nervoso e nem carrego medo
Eu me criei sem conhecer remédio
Eu meto os ‘peito’ em qualquer fandango
Mas quando eu me zango até derrubo prédio
Eu sou gaúcho e se me agride eu tundo
Sou de Passo Fundo do planalto médio
Mas as homenagens a Passo Fundo não ficariam por aí. Consagrado nacionalmente, Teixeirinha lançou em 1962 um LP intitulado “Saudades de Passo Fundo”, cuja faixa homônima tornou-se o carro chefe do disco. No refrão, Teixeirinha reforça seu carinho ao município afirmando mesmo ter nascido por lá:
Meus patrícios brasileiros
Não nasci no fim do mundo
Minha terra é no Rio Grande
Cidade de Passo Fundo
Aliás, não foi só desta vez que Teixeirinha afirmou ter nascido no Planalto. Em “Passo Fundo do coração” (O internacional, 1973) ele registra mais uma vez o apreço pela cidade que lhe acolheu artisticamente:
Eu venho vindo lá de Passo Fundo
Não é no fim do mundo, fica logo ali
É uma linda cidade no alto da serra
Minha querida terra, onde eu nasci
A terra do trigo seria citada, ainda, em pelo menos mais nove canções, quatro delas desafios nos quais Teixeirinha opõe Passo Fundo à Bagé, terra de Mary Terezinha. Nestas tantas canções em homenagem aos passo-fundenses, merecem destaque “Vinte de setembro” (Canta meu povo, 1977) e “Chegando de longe” (Chegando de longe, 1983).
Em “Vinte de setembro”, Teixeirinha reporta sua participação nas festividades comemorativas ao Dia do Gaúcho em Passo Fundo. Com a simplicidade e talento que sempre lhe foram peculiares, o compositor descreve em detalhes o desfile a cavalo pelas ruas da cidade e até o churrasco saboreado no CTG Osório Porto depois da cavalgada. Nos versos que iniciam a composição já podemos ver o clima festivo deste dia que virou música:
Vinte de setembro, acordei no Planalto
Pra desfilar no asfalto lá em Passo Fundo
Montei num lindo pingo do pêlo bordado
Cavalo afamado, o melhor do mundo
Já na canção “Chegando de longe”, que marca uma fase final da carreira de Teixeirinha, podemos ver que – mesmo 20 anos após ter ido embora da cidade – ele ainda tem grande emoção ao falar de Passo Fundo:
Estou chegando de longe
Da terra de Passo Fundo
Se não prestar para alguém
Pra mim é a melhor do mundo
Além das composições, Teixeirinha ainda rodou um de seus filmes na cidade e, para completar, deu à fita o título “O gaúcho de Passo Fundo”. O filme contou com um bom número de figurantes do próprio município e, por isso, superlotou os cinemas da região. Foi uma das maiores provas de que Teixeirinha não apenas tinha intensa admiração por aquela terra como também não a esqueceu em nenhum momento, cantando músicas que a saudavam, gravando filmes por lá e realizando shows sempre que possível.
Passo Fundo e seus cidadãos sempre procuraram retribuir esta dedicação de Teixeirinha. Em vida, ele foi agraciado em 15 de junho de 1962 com o título de “Cidadão Passo-Fundese”. Depois de morto, recebeu outras inúmeras homenagens. Dentre as mais significativas, constam a nomeação do Ginásio Municipal de Esportes (batizado de Vitor Mateus Teixeira – Teixeirinha) e a estátua erigida em sua homenagem na Avenida Brasil, entre as ruas XV de Novembro e 7 de setembro, local onde funcionava o já citado tiro ao alvo do cantor antes da fama. Homenagens mais do que justas a quem levou o nome de Passo Fundo a tão longe.
TEXTO: Chico Cougo
FOTO: Monumento a Teixeirinha (Passo Fundo)
1 comentários:
Gostaria de ter a letra de saudades de passo fundo, com cifras ou até mp3.
Meus patricios brasileiros nao nasci no fim do mundo, minha terra é no rio grande, cidade de passo fundo.
Meu pai tinha esse lp, mas o vinil sumiu ..mas guardo desde guri essa melodia no peito.
Pesquisei por toda a internet e o mais longe que consegui, foi chegar até aqui.
Gostaria q pudesse me ajudar.
Obrigado
azanuzzo@yahoo.com.br
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