A PORTO ALEGRE DE TEIXEIRINHA

>> 27 de jul. de 2007


Na última segunda-feira, dia 23 de julho, estive em Porto Alegre, a capital gaúcha que reserva tantas belezas e que encanta àqueles que pouco lhe conhecem, como é o meu caso. Durante a viagem de mais de quatro horas (a contar de Rio Grande) e andando pelas ruas daquela cidade, foram inúmeras as vezes em que lembrei de nosso grande Teixeirinha e do quanto aquela cidade se parece com ele.
No percurso até Porto Alegre, vez por outra avistava algum ranchinho humilde na beira da estrada e lembrava de alguma canção. Quando chegamos na ponte que cruza o rio Guaíba, não pude deixar de recordar uma das mais cômicas cenas da carreira cinematográfica de Teixeirinha: aquela mesma do engrassadíssimo “Teixeirinha a Sete Provas”, em que ele pula da ponte em busca da chave para abrir o baú que conteria um tesouro. Passado o Guaíba, avistei a cidade, com seus edifícios enormes e trânsito movimentado. Aí vieram na mente aqueles tantos versos em que Teixeirinha compara a “querência e a cidade”, falando dos prós e contras de cada uma.
Já pisando em solo porto-alegrense, vi tantas pessoas, tanto movimento, tantos rostos e expressões diferentes... E para muitas delas, um verso do poeta Teixeirinha me vinha a mente. As belas mulheres, os motoristas, os vigilantes... Tantos tipos naquela cidade que parece sem fim. E quanto avistei, de perto, aqueles prédios gigantescos só tive na mente aquela bonita canção chamada “Pobre e rico de amor”:

Nasceu num arranha-céu
Majestosa capital
No ginásio estudou
Cursou tirou o normal

Andando por aqui e por ali, pensava no tempo em que o menino Teixeirinha vagou por aquelas ruas sem muitas perspectivas. Depois, imaginei como aquele mesmo menino se transformou numa das maiores personalidades residindo naquela mesma cidade.
Na metade do passeio, encontrei três pessoas especiais que me trataram muito bem. A primeira é a amiga de sempre Nicole Reis, sempre com seus atos de auxílio. As outras duas são Carol e Betha Teixeira, respectivamente neta e filha de Teixeirinha. E foi no encontro com estas últimas que voltei a pensar em Teixeirinha. Na sala que um dia lhe serviu de escritório e que, hoje, é o endereço da Fundação que leva seu nome, revirei aqueles arquivos em busca de novas informações para a pesquisa. Em meio a tantos dados interessantes (que virão a me auxiliar definitivamente em meus projetos acadêmicos) encontrei algumas pérolas. Numa das páginas de uma revista “Contigo” do início dos anos 1980, o próprio Teixeirinha rabiscou sobre sua foto: “Pôs a pior fotografia para me prejudicar.” Mais um traço do nosso artista...
Embebido naquele clima onde se respira Teixeirinha, deixei a Fundação após longa conversa com Betha. Novamente a caminhar pelas ruas de Porto Alegre, vi expressões características de qualquer lugar do mundo: pessoas deixando o trabalho e a caminho de suas casas. Ali lembrei daquela “A vida do operário”, que descreve tão bem o cotidiano de muitos brasileiros:

Perto da noite ele solta
Do seu trabalho, cansado
Está na hora do pique
Lá vai num bonde lotado
No fim da linha ele desce
Compra no supermercado

Depois de caminhar um pouco mais, consegui abandonar momentaneamente meus devaneios. Na rodoviária, com a passagem de volta na mão, acabei me entretendo com a transmissão na TV das semifinais do basquete nos Jogos Pan-americanos. Foi o único momento em que aquela cidade não me trouxe à mente algo relacionado ao saudoso Teixeirinha. Porém, instantes depois, no caixa, ele reapareceu. Desta vez, foi na forma mais direta: a minha frente um senhor de idade, bastante feliz, trazia debaixo do braço direito um objeto semelhante a um quadro. Quando me aproximei, vi que era um disco de vinil. Ao chegar ao lado do velhinho, veio a surpresa: era o LP “20 anos de glória”, gravado por Teixeirinha em 1979.
No momento da partida, fiz minha própria despedida de Porto Alegre lembrando de mais uma canção. Desta vez, aquela intitulada “A partida”:

Quem parte, leva saudade
Quem fica, saudades tem
Quem parte, parte chorando
Quem fica, chora também

Com o ônibus em movimento e a caminho da minha amada Rio Grande, compreendi que aquele não tinha sido um dia comum. E entendi também o quanto àquela capital fez bem a Teixeirinha e o quanto ela – por sua beleza e tamanho – mereceu os lindos versos do cantor em “Porto Alegre”. Enfim, compreendi que os dois eram parceiros também e que, não à toa, ele faria uma homenagem como esta:

Porto Alegre, Porto Alegre,
Minha terra, meu amor.
Porto Alegre, Porto Alegre,
Meu tesouro encantador!

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EIS AÍ O TEIXEIRINHA – PARTE 2

>> 20 de jul. de 2007


Na semana passada, em comemoração aos 40 anos da matéria “Eis aí o Teixeirinha”, publicada na edição de julho da revista O Cruzeiro, publicamos – na íntegra – a primeira parte da reportagem (quem não leu pode ler na segunda postagem anterior a esta). Hoje, conforme o prometido, estamos trazendo a segunda parte da entrevista. A fotografia que ilustra o texto é uma das duas imagens divulgadas pela revista. Sendo assim, vamos viajar no tempo outra vez e voltar para o ano de 1967:

Mãe, filho e histórias

Vivida na vida real, cantada em disco, “Coração de Luto” agora vai ser cinema. O filme (oitenta milhões) já está sendo dublado e é o próprio Teixeirinha que faz o papel principal. No filme, ele canta a canção-título ao lado do túmulo da mãe, que tem uma história: enterrada muito humildemente, Teixeirinha só fez plantar uma rosa amarela sobre a sepultura da mãe e saiu pelo mundo. Vinte anos depois, já feito na vida, voltou ele ao cemitério para mandar construir um belo túmulo para Dona Ledorina, e lá estava a mesma rosa, a mesma cor amarela.
- Providência divina, diz o Teixeirinha, para que eu pudesse assim encontrar a sepultura de minha mãezinha.
- Os espíritas dizem que a alma de minha mãe ilumina minha vida. Outro dia recebi uma carta de uma velha senhora, contando que sofria de uma doença incurável. Contava ainda que havia feito uma promessa para a alma de minha mãezinha e que havia ficado boa. Também minha mãe, enquanto viva, nunca fez mal a ninguém. Isto sim, sofreu e sofreu muito.

O homem que sabe viver

Teixeirinha hoje, não está rico. Está riquíssimo. Em Porto Alegre, mora numa casa bacanérrima, toda rodeada de jardins. Tem ainda na capital gaúcha dois apartamentos de luxo, duas salas na Rua da Praia (onde funciona seu escritório), uma chácara perto da cidade, 8 terrenos e 2 carros: um Aero-Willys e uma Rural.
Seu programa na Rádio Gaúcha – “Teixeirinha canta para o Brasil” – é líder de audiência no horário das 10 às 11 horas dos domingos. Em Portugal e Espanha, suas músicas são tocadas nas boates como representantes típicas da música popular brasileira. Ainda em Portugal, recebeu ano passado o “Elefante de Ouro”, máxima distinção portuguesa para os campeões do disco. Agora, recebeu convite para vinte apresentações nos Estados Unidos e Canadá, começando por Nova Iorque.
Ridicularizado por uns, adorado por uma maioria, a verdade é que Teixeirinha continua o maior, o dono absoluto da vendagem de discos no Brasil. Para o homem dos pampas, para o homem do planalto, assim como para o homem das caatingas, Teixeirinha é aquele amigo que sabe contar histórias vividas, histórias vividas, de se entender. Como eles, simples até não poder mais, de uma pureza primitiva. Eles gostam, e continuam pedindo para escutar o locutor dizer: - Agora vamos ouvir, que alguém oferece a alguém como prova de muito amor e consideração... “Coração de Luto”, com Teixeirinha! Um toque de viola e...

O maior golpe do mundo
Que eu tive na minha vida
Foi quando com nove anos
Perdi minha mãe querida
Morreu queimada no fogo
Morte triste, dolorida
Que fez a minha mãezinha
Dar o adeus da despedida
Vinha vindo da escola
Quando de longe avistei
O rancho que nós ‘morava’
Cheio de gente encontrei
Antes que alguém me dissesse
Eu logo imaginei
Que o causo era de morte
Da mãezinha que eu amei
Seguiu num carro de boi
Aquele preto caixão
Ao lado eu ia chorando
A triste separação
Ao chegar no campo santo
Foi maior a exclamação
Taparam com terra fria
Minha mãe do coração
Dali eu saí chorando
Por mão de estranho levado
Mas não levou nem dois meses
No mundo fui atirado
Com a morte da minha mãe
Fiquei desorientado
Com nove anos apenas
Por este mundo jogado
Passei fome, passei frio
Por este mundo perdido
Quando mamãe era viva
Me disse: ‘Filho querido
Pra não roubar, não matar
Não ferir sem ser ferido’
Descansa em paz minha mãe
Eu cumprirei seu pedido
O que me resta na mente
Minha mãezinha é teu vulto
Recebas uma oração
Deste filho que é teu fruto
Que dentro do peito traz
O seu sentimento oculto
Desde nove anos tenho
O meu coração de luto

TEXTO E ADAPTAÇÃO: Chico Cougo
AGRADECIMENTO: Nicole Reis (por disponibilizar a reportagem)

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EIS AÍ O TEIXEIRINHA

>> 13 de jul. de 2007


Há 40 anos, no dia 1º de julho de 1967, chegava às bancas de todo o Brasil mais uma edição da revista “O Cruzeiro”, publicação de maior sucesso na América Latina daquela época. Esta edição se tornaria, para os amantes da vida e obra de Teixeirinha, um documento. Nela, foi publicada uma das mais interessantes reportagens já realizadas sobre o cantor. Nesta semana, comemorando com certo atraso os 40 anos da matéria, apresento – na íntegra – o texto publicado.
Pela extensão do texto, dividi a matéria em duas partes. A primeira chega ao nosso blog hoje. A segunda parte será publicada na semana que vem. As imagens que vão ilustrar as postagens são fotos da própria reportagem. Dadas as devidas explicações, vamos viajar no tempo e voltar ao ano de 1967 com a matéria:

UM HOMEM... UMA VIOLA... EIS AÍ O TEIXEIRINHA
(Texto de Marco Antônio Montandon – Fotos de Manoel Costa – Da sucursal de O CRUZEIRO em São Paulo)

Ele é baixinho, gordinho e está longe de ser um “pão”. Quando pega da viola, suas músicas falam de milongas, rasqueados, rancheiras e desafios. Não manda ninguém para o inferno, mas é bem possível que seus discos sejam tocados até lá. Porque Teixeirinha é cantor da intimidade dos Estados Unidos, Espanha, Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Portugal e Colônias. Senhoras e senhores, fiquem sabendo: o gaúcho Teixeirinha é o cantor que mais vende discos no Brasil e fora dele – já deixou longe a casa dos quatro milhões. Só uma sua música – “Coração de Luto” – tem carreira igual aos sucessos de Frank Sinatra, com dois milhões de cópias já vendidas por aí. O que qualquer outro cantor brasileiro nunca conseguiu e talvez nunca consiga.

Já fazia uma hora que o moço de olhinhos miúdos e caprichado bigode cismava coisas sentado na sala de espera do hotel de Passo Fundo. De vez em quando os olhinhos fechavam-se mais, quando se abriam deixavam escapar algumas lágrimas. O moço chorava. Teixeirinha conta que recordou, chorou e escreveu durante uma hora e meia, para criar o maior sucesso musical de vendas do Brasil, “Coração de Luto”.
Naquela hora e meia, Teixeirinha diz que recordou sua vida. As lembranças guardadas do “Seo” Teixeira, da Dona Ledorina, do ranchinho lá em Rolante, no Rio Grande do Sul, dos irmãos que quase não chegou a conhecer. Do Oswaldo, da Geny e da Anilda, todos dados pequenininhos ainda a famílias da cidade, que a fome era maior que o amor.
Lembrou da vida dura e de sofrimentos de rolante, mais dura e de sofrimentos depois da morte de “Seo” Teixeira e do adeus dos irmãos. Quando então mãe e filho foram parar numa fazenda de Santo Antônio, onde conseguiram empregar-se. A mãe Ledorina capinando roça, apesar de sofrer de epilepsia. E tentando arranjar escola para aquele filho já de nove anos, que ainda não sabia ler e escrever. Nem escrever o próprio nome, Victor Mateus Teixeira.
Em 1937, conseguiu Dona Ledorina matricular o seu Teixeirinha na escola da roça. E aquele deveria ser o primeiro dia de aula. Teixeirinha saiu cedo, pediu benção à mãe e foi para a escola. Dona Ledorina ficou em casa, ia fazer o de-todo-o-dia: varrer o quintal, juntar o lixo num montinho e depois tacar fogo. Ela varreu, juntou o lixo e botou fogo. Aí veio o ataque epilético. Dona Ledorina caiu bem dentro da fogueira, quando foi retirada, ainda com vida, não parecia mais gente.
Ao voltar da aula, o menino Teixeirinnha estranhou o movimento em torno do ranchinho. E nem quiseram deixá-lo entrar para ver a mãe. Foi ela quem mandou chamá-lo. E enquanto tomava na sua a mão do filho, lhe disse: - “Meu filho, tua mãe vai morrer. Tu vai ficar por aí rolando, passando fome, e vai apanhar dos estranhos quando tu for rebelde. Faço um pedido: quando tu tiver fome, não roubes para comer. Não juntes uma laranja do chão sem pedir para o dono. Não traia o pensamento de ninguém que tiver confiança em ti. Reze para Deus que ele te ajudará.
- Todo ano, no Dia das Mães, eu cantava alguma coisa lembrando minha mãezinha. Cantava por cantar, sem preocupação de guardar a letra. Até que um dia resolvi compor bem direitinho o “Coração de Luto”. Eu estava num hotel de Passo Fundo e levei hora e meia, lembrando, chorando e escrevendo. Não acreditava no seu sucesso, só queria demonstrar o meu sentimento e a dor de ter perdido minha mãezinha.
Foi assim.

Quando um engano pode mudar uma vida

Teixeirinha nem sonhava em se tornar o maior vendedor de discos do Brasil, trabalhava como operador de máquinas no DER, abrindo estradas pelo Rio Grande. Já tinha seis anos de firma, viola e violão eram divertimento dos domingos. Nunca havia faltado ao serviço, de modo que até estranhou quando recebeu a notícia de que havia sido despedido. Aconteceu que a mocinha do escritório confundiu o seu nome com o de Victor Silveira, um operário meio folgado. Quando deram com o engano, mandaram chamá-lo de volta, aí ele não quis, a dupla Teixeirinha e Antoninho da Rosa já era sucesso em Erechim, Passo Fundo, Lajeado.
A dupla não ficou muito tempo junta. Antoninho da Rosa, sanfoneiro, ficou louco assim de repente. Quando os enfermeiros do hospício foram buscá-lo, ele exigiu um carro da Radiopatrulha porque, sendo de rádio, não viajaria em qualquer carro comum. Tinha de ser um da Radiopatrulha. Sozinho de novo, Teixeirinha resolveu percorrer o Rio Grande. Recebia muitas cartas, todas pedindo para que gravasse suas músicas.
- Era 1959, eu nunca tinha gravado e também não tinha coragem. E depois, nenhuma gravadora queria saber do meu gênero de música. Até que o Palmeira da Chantecler arrumou para eu gravar um 78. Só foi no terceiro disco que gravei o “Coração de Luto”. Hoje tenho gravadas quase duzentas composições, 25 compactos e 17 LPs. E agora vou voltar a gravar o “Coração de Luto”. Desta vez com orquestra. E também em castelhano. Estão me pedindo...

O coração que dominou as paradas

Não, o Brasil não havia visto nada parecido ainda. É verdade que os críticos e entendedores da música popular se encontravam meio abalados, com o extraordinário sucesso de outras duas canções, até então detentoras do recorde de vendagem: “Manolita”, com Osny Silva, e “Índia”, com a dupla Cascatinha e Inhana. Mas o que estava acontecendo com o “Churrasquinho de Mãe” era a mais completa e total alienação. Tava todo mundo doido. E quando mais falavam, mais o povo comprava.
Na Av. São João, em São Paulo, faziam-se filas em frente às lojas de discos. Só na capital paulista eram vendidos dez mil, diariamente. A Chantecler chegou a parar toda a produção, durante meses só prensou discos do “Coração de Luto”. E os 78 r.p.m., que então custavam 90 cruzeiros eram vendidos a até 200 no câmbio negro.
No Rio de Janeiro, quando o representante da Chantecler foi oferecer o sucesso a um proprietário de uma loja de Copacabana, recebeu a resposta de que aquela loja não trabalhava com porcaria. Dias depois, o proprietário telefonava aflito ao representante e pedia: - Me mande logo esta porcaria do Teixeirinha que o povo está invadindo minha loja.

NÃO PERCA A CONTINUAÇÃO DESTA REPORTAGEM NA PRÓXIMA SEMANA!

TEXTO: Chico Cougo Jr.
AGRADECIMENTO: Nicole Reis (que disponibilizou a reportagem)

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SUCESSO ABSOLUTO

>> 7 de jul. de 2007

Gostaria de agradecer imensamente aos internautas que renderam a este blog a cifra de mais de 800 visitas em apenas 3 meses de existência. Cada vez mais me sinto extremamente emocionado e grato pelas palavras de carinho que alguns deixam gravadas por aqui. São estas mesmas palavras que me dão ânimo redobrado para seguir em frente nas pesquisas e na própria manutenção da memória de Teixeirinha. Muito obrigado a todos!

E, em breve, novidades no Revivendo Teixeirinha. Aguardem!

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TEIXEIRINHA NA MAIS JOVEM NAÇÃO DO MUNDO

>> 6 de jul. de 2007


Nosso blog sempre tem tratado de temas que fazem parte da história de Teixeirinha. Hoje, contudo, vamos falar de algo que diz respeito ao presente, ou melhor, ao futuro.
Como muitos sabem, a música Teixeirinha rompeu as fronteiras do Brasil e se espalhou pelos mais longínquos confins do planeta. Seu sucesso na América do Sul, Europa é África é incontestável. Neste último continente, o cantor tornou-se um verdadeiro ídolo popular em diversos países. Uma dessas nações é o Timor Leste, a mais jovem nação do mundo.
Assim como o Brasil, o Timor Leste foi colônia portuguesa durante séculos. Por conta disso, sua população absorveu a língua portuguesa em seus hábitos culturais. Devido à familiaridade com o idioma, nos anos 1970, diversos artistas brasileiros alcançaram sucesso no Timor. Os bailes do país eram animados ao som da Jovem Guarda. Os apaixonados namoravam ouvindo Nelson Gonçalves. Já a grande massa, alegrava-se com as histórias do gaúcho Teixeirinha.
A popularidade de Teixeirinha alcançou níveis interessantes no Timor Leste. Lá ele transformou-se num dos artistas mais populares. Mas, em 1975, algo interrompeu o sucesso de Teixeirinha e de todos os outros cantores do Brasil naquele país.
Em 1975, a Indonésia invadiu o Timor Leste, submetendo o território a um regime de exceção. A língua portuguesa foi proibida em todo o país e o clima de guerra tomou conta dos timorenses. Durante 24 anos, o Timor foi obrigado a sujeitar-se às regras indonésias. A guerra devastou o país, deixando uma população sofrida e amargurada com os anos de opressão.
No fim da década de 1990, o Timor acelerou sua resistência ao regime imposto pela Indonésia. Um pouco antes, alguns artistas brasileiros conseguiram romper o bloqueio cultural do país e fizeram sucesso. Contudo, o Timor clamava por independência e ela veio em 20 de maio de 2002.
Apesar da independência política, o Timor Leste – agora a mais jovem nação do planeta – enfrenta os obstáculos impostos pelas quase três décadas de guerra. Sua população empobrecida busca a alegria novamente. O mundo, através da Organização das Nações Unidas, tenta restabelecer a paz e reconstruir o país. Para isso, vários países têm se mobilizado. O Brasil é um deles.
Neste ano, um bonito projeto elaborado pela Universidade de São Paulo (USP) entra em ação. A idéia é resgatar a língua portuguesa – escolhida pelos timorenses como sua língua oficial – na cultura do Timor. Para isso, estudantes brasileiros irão passar seis meses no Timor Leste lecionando o português. No entanto, giz e quadro negro serão deixados de lado nesta missão. Em seu lugar, entrarão as músicas dos maiores astros naquele país: a dupla Leandro e Leonardo e o cantor Teixeirinha.
A idéia é fazer com que os timorenses voltem a falar o português fluentemente. Além de Teixeirinha e Leandro e Leonardo, serão utilizadas as músicas de Chico Buarque, Caetano Veloso e outros. A intenção é mostrar também um pouco da diversidade brasileira através da principal representante cultural de nosso país no Timor: a música. Assim, a missão não abandona também o compromisso de difundir nossa cultura pelo mundo.
Para nós, o mais interessante de tudo isso é a presença de Teixeirinha num projeto bonito e de fins tão belos. O significado do aparecimento das músicas de Teixeirinha numa causa tão interessante mostra outro aspecto deste incrível cantor: o de que, cada vez mais, ele será também o gaúcho no coração da mais jovem nação do planeta!

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